Pedal da Independência completa 25
anos de aventuras. (25ª edição do Volta da Independência)
Em 7 de setembro de 1995, cinco
amigos apaixonados por pedal resolveram pegar as bicicletas e partir para uma
aventura. Saindo de Sobradinho, a intenção era chegar a Alto Paraíso (GO). Após
200km de estrada e 14 horas de viagem, eles conseguiram. Exaustos, com dores,
mas muito satisfeitos com a conquista. A experiência foi tão marcante que eles
decidiram repetir a dose nos anos seguintes. E, assim, nasceu o Pedal da
Independência. Este ano a iniciativa completa 25 anos e acumula histórias de
amigos e famílias que, a cada ano, superam as próprias barreiras.
“Chegar ao final do trajeto é uma
sensação de conquista sem igual”, define Gustavo Mulim, um dos criadores do
grupo. Hoje, aos 44 anos, ele olha com carinho para o dia em que concretizou o
projeto. “Passamos horas em cima das bicicletas e, na época, não tínhamos
pontos de apoio. Chegamos a reabastecer as garrafas de água nos córregos que
encontramos pelo caminho”, lembra. Ele conta que o grupo demorou a chegar a
Alto Paraíso. “Concluímos o trajeto cerca de 14 horas depois do início. Foi
quando decidimos realizar o mesmo desafio no ano seguinte, porém, com a meta de
chegarmos ao destino em menos tempo”, revela.
Desde então, o Pedal da
Independência não parou mais. Gustavo explica que houve duas motivações para o
grupo escolher o 7 de Setembro como data base do pedal: “Tínhamos a certeza de
que seria feriado nacional e queríamos comemorar o Dia da Independência do
Brasil de uma forma diferente”. Para ele, o que começou como uma brincadeira
entre amigos tornou-se um incentivo à superação. “Para nós, completar os 200km
era um desafio. Hoje, cada pessoa que decide fazer parte do grupo tem uma meta
e um objetivo pessoal para atingir, seja ela iniciante ou mais avançada na
prática do ciclismo”, avalia.
Segundo Gustavo, não há nenhum
tipo de competição entre os membros do projeto. “Sempre foi algo descontraído.
A ideia é nos estimularmos uns aos outros para a prática e treino. Qualquer
tipo de desafio é inteiramente pessoal”, ressalta. Ele afirma que qualquer
ciclista pode participar do grupo, desde que realize o preparo necessário.
“Temos membros de todas as idades. O importante é que cada pessoa esteja
preparada, pois são muitas horas em cima de bicicleta. Há pessoas que treinam
durante o ano todo”, frisa. Apesar da necessidade de preparação, Gustavo
garante que a empreitada vale a pena. “É uma experiência transformadora. A
paisagem que encontramos pelo caminho é como atravessar um portal e entrar em
outra dimensão. Além disso, temos maior contato com a natureza e isso nos
conforta”, diz.
Legado de família: Entre os participantes do grupo está Daniel Mulim,
35, irmão de Gustavo. Desde 2000, ele tenta participar de todas as edições do
Pedal da Independência. “Como não fazemos isso de forma profissional, algumas
vezes não podemos ir”, diz. Porém, os irmão tentam se organizar para, no
mínimo, um dos dois estar presente. “Viramos uma espécie de referência dentro
do grupo. Somos nós que acompanhamos os iniciantes, esclarecemos dúvidas sobre
o trajeto ou damos dicas para tornar a viagem mais confortável”, explica.
Daniel comemora que, nos últimos
quatro anos, o Pedal da Independência ganhou cada vez mais adeptos. “Em algumas
das primeiras edições, chegamos a montar o grupo com cerca de 12 pessoas. Ano
passado, por exemplo, chegamos a 200 ciclistas unidos pelo trajeto”, declara.
Daniel reconhece que a estrada apresenta perigos. “Em diversos pontos não há
uma ciclovia ou um acostamento, por isso, acabamos dividindo a pista com os
carros”, diz.
Este ano, apesar da pandemia da
covid-19, o grupo manterá a tradição. “Nunca temos certeza de quantas pessoas
estarão presentes na atual edição, mas, independentemente disso, nos preparamos
para seguirmos as medidas de segurança e higienização possíveis”, reforça
Daniel. O grupo vai homenagear as vítimas da covid-19 em seus uniformes.
“Teremos uma estrela dourada em nossas blusas para simbolizar as pessoas que,
infelizmente, perderam a vida para o novo coronavírus”, diz.
Experiência inédita: Anderson Assis, 45, participou de cinco edições do
Pedal da Independência e apaixonou-se pela experiência logo no início. “Pratico
mountain bike há 18 anos, mas nunca tive conhecimento desse grupo. A primeira
vez que soube foi por meio de um amigo que participou e acabou me chamando para
a edição seguinte”, relata. Desde então, ele comparece sempre que pode. “Apesar
de ser cada um por si, o pessoal é muito unido e sempre dá apoio para quem
precisa. Acredito que, por isso, o grupo só aumente”, analisa.
Por gostar tanto da iniciativa,
Anderson repassou a paixão para familiares. Este ano, ele vai levar a esposa,
Roberta Assis, 30, nesta aventura. E ela não perdeu tempo. “Por ser a minha vez
encarando um caminho tão longo, realizei uma preparação com treinos mais
intensos voltados para este desafio. Mesmo assim, acredito que será divertido”,
diz.
Por ser uma aventura inédita para
Roberta, o casal vai em seu próprio ritmo. “Geralmente, demoro menos de 24
horas para chegar ao destino final. Desta vez, como irei com a Roberta, vou
acompanhando, na velocidade dela e com pausas durante o caminho”, adianta. “De
qualquer forma será extremamente proveitoso para todos”, garante Anderson.
Veja como participar: Todo ano, perto do feriado de 7 de Setembro, o
grupo se reúne em Sobradinho, às 6h, para iniciar o pedal. Não é necessário
realizar inscrições nem pagar taxas. Cada ciclista ou equipe deve cuidar do
próprio apoio, descanso e alimentação. Durante o trajeto, que este ano começou
no sábado, o grupo passa por duas cidades que dispõem de comércio, caso seja
necessário: São Gabriel e São João D’aliança, em Goiás. Além disso, há dois
pontos de apoio com água, refrigerante e frutas ao longo da estrada. As demais
orientações são: uso de capacete e equipamentos de segurança individuais;
cada um segue no próprio ritmo; não pedalar após às 18h por uma questão de
segurança.
Por Samara Schwingel – Foto: Ed
Alves/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
Tags
ESPORTE LAZER