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Sob o manto de Nossa Senhora

Devota, Ivonete Maria, 63 anos, veio de Blumenau (SC) para conhecer a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. Sob o manto de Nossa Senhora. Fiéis comemoram, hoje, a data da padroeira do Brasil e de Brasília. O Correio conta histórias emocionantes de devotos


Foi em 1717 que três pescadores da região do Vale do Paraíba, em São Paulo, passaram a noite inteira em busca de peixes, mas não obtiveram sucesso. Durante as tentativas, eles tiraram das águas escuras uma imagem de Nossa Senhora, que veio nas redes em dois pedaços: primeiro o corpo e, em seguida, rio abaixo, a cabeça. No local, foi criado um pequeno altar como forma de agradecimento a Nossa Senhora pelo seu primeiro milagre. Nascia ali uma devoção à santa, nomeada Nossa Senhora Aparecida.



Há mais de três séculos, a santa virou padroeira do país. Em Brasília, “Cidinha” — como foi carinhosamente apelidada por fiéis devotos — também tornou-se patrona. A tradicional peregrinação, que anualmente reúne centenas de católicos na Esplanada dos Ministérios todo 12 de outubro, não vai ocorrer este ano, devido à pandemia da covid-19.



A solenidade foi transferida para a Catedral de Brasília, onde haverá três missas ao longo dia. De manhã, às 9h, a missa será presidida por Dom José Aparecido; às 12h, por Dom Joel Portella, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e às 18h, o celebrante é Dom Marcony, bispo Auxiliar de Brasília. A oração do Terço e o Ofício de Nossa Senhora cantado será às 15h. Apesar de a capacidade da Catedral ser de 360 lugares, serão disponibilizados 120, respeitando o distanciamento social. Para participar das celebrações, é preciso fazer o agendamento pelo telefone ou e-mail da igreja (veja Como participar).



O padre João Firmino Galvão Neto, da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, explica a importância da devoção. “Ela é o exemplo de mulher que confiou em Deus, nos seus ensinamentos e promessas, e se abriu a tais realizações em sua vida, aceitando a maternidade numa realidade temporal bem diferente da que vivia e da que ainda vivemos hoje”, ressalta. “Ela é, em vida, uma grande intercessora e presente nas situações importantes da vida de Jesus e da Igreja. É Mãe de Deus e nossa, como versa um cântico religioso”, explica o sacerdote.



A capital federal tem Nossa Senhora Aparecida como patrona. “Na primeira missa oficial, no início da construção da cidade, uma réplica original de sua imagem, que antes percorreu todas as capitais brasileiras existentes à época, é trazida de presente para a nossa cidade. É ela que está no altar central de nossa Catedral para veneração de todos”, ressalta o pároco.



Entrega: Canal de graça na vida da professora Nayele Guimarães Ribeiro Barbosa, 25 anos, e do marido, o técnico de informática Samuel Fabrício Barbosa Tavares, 30, a famosa “Cidinha” fez-se presente na caminhada do casal. “A minha devoção começou pelos meus pais. Em 2011, eu conheci o Samuel, e percebi que ele também era muito devoto. Nós ficamos muito amigos, começamos a namorar em 2013”, conta a professora.



Desde então, novas tradições foram constituídas pelo casal. Anualmente, Samuel e Nayele vão até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida fazer a romaria e agradecem o relacionamento. A entrega fortaleceu a união do casal, oficializada em 2017. “Nosso casamento foi todo dedicado à Nossa Senhora. Ela organizou cada detalhe, e esteve presente espiritualmente conosco em cada organização. Saiu tudo da forma que desejávamos”, lembra.



“Ano passado, no dia 13 de outubro, eu descobri que estava grávida. Era uma graça que já estávamos pedindo à Nossa Senhora, para que quando estivéssemos preparados ela mandasse a nossa filha”, lembra. “Eu tenho certeza que foi através de seu pedido que muitas bênçãos foram e são derramadas sobre nós. A vinda da nossa filha foi um exemplo disso. Ela é uma rosa de Nossa Senhora na nossa vida”, completa Samuel.



A aposentada Ivonete Maria Assini, 63, é devota de Nossa Senhora Aparecida. Moradora de Blumenau (SC) veio à Brasília neste feriado prolongado conhecer a capital, o que incluiu uma parada obrigatória na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, onde deixou sua oração para a padroeira do Brasil. “Por intercessão dela com Deus eu tive muita ajuda. Então, ela é tudo para mim”, relata a catarinense.



Acolhida: Assim como apareceu para os três pescadores que passavam por dificuldades, Nossa Senhora Aparecida também se faz presente na vida de muitos fiéis atualmente. É o caso da família da arquiteta Maria Afonso, 49 anos. A fé da matriarca tornou-se alicerce e exemplo para os filhos. “Eu vejo que, por meio da devoção à Nossa Senhora Aparecida, ela acolhe aqueles que são mais excluídos. Não interessa se a pessoa é rica ou pobre”, acredita.



Mãe de André, 23; Mariana, 13; e Rafael, 10, Maria conta que seu filho mais novo foi diagnosticado com Síndrome de Down e, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, ela conseguiu criar um grupo de oração para pessoas com necessidades especiais.



Para a arquiteta, o encontro para rezar o terço representa o que Nossa Senhora deve ser na vida dos cristãos: sinal de amor. “Quem tem a devoção do santo terço e à Nossa Senhora vive os momentos de tribulação com a certeza de que ela dará forças. Ela organiza toda a carga interior e exterior”, acredita. “Esse terço rezado em comunidade é um encontro de amor, de abraço humano. Eu dou o testemunho de que, pra mim, é muito visível o quanto que a colheita das famílias que caminham lutando junto com Nossa Senhora Aparecida é diferente. Ela facilita nossa caminhada, ajuda-nos a entender a vontade de Deus”, completa Maria.


Como participar: Catedral Metropolitana de Brasília » Agendamento pelo telefone (61) 3224-4073 ou por e-mail: catedraldebrasilia@catedral.org.br. » Lotação: 120 pessoas. 


Por Ana Maria da Silva - Tainá Seixas - Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Correio Braziliense

 

 


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