Mais
debate sobre a W3 Sul. Ibaneis Rocha diz que governo vai se reunir com
empresários, mas avisa que fará pesquisa com a população para decidir pelo
fechamento da avenida para o lazer. Fecomércio defende interdição para fins
culturais
Em busca de uma solução para a
questão que envolve o fechamento da W3 Sul aos domingos e feriados, o Governo
do Distrito Federal (GDF) pretende realizar uma pesquisa de opinião com
moradores, comerciantes e pessoas que frequentam o local. A ideia, segundo o
governador Ibaneis Rocha (MDB), é usar o resultado para tomar uma decisão e
atender ao “interesse da comunidade”.
“Os comerciantes (que reclamam),
na verdade, são três comerciantes só, donos de supermercados. O restante não
tem reclamação. Vamos mandar fazer uma pesquisa, ouvir a comunidade. Em
primeiro lugar, o interesse da comunidade, não só dos comerciantes”, afirmou,
ontem, após a inauguração da Praça dos Direitos, no Itapoã.
O decreto que autorizou a
interdição da avenida para a realização de atividades recreativas foi assinado
pelo governador, em 9 de junho. Desde então, tem sido alvo de questionamento
por parte de donos de estabelecimentos, que criticam as mudanças e se mostram
preocupados quanto à queda no varejo nesse período de pandemia. Dados do
Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista) estimam
que houve uma redução de, aproximadamente, 70% nas vendas nos dias em que a
avenida ficou fechada para carros.
Hoje, empresários e representantes
de sindicatos ligados ao comércio se reunirão com o secretário de
Empreendedorismo do Distrito Federal, Mauro Roberto da Mata, para tratar de
questões ligadas à melhoria da via, entre elas, o fechamento das pistas.
Presidente da Federação do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio),
Francisco Maia é a favor da utilização da W3 Sul para atividades recreativas.
Ele pondera, porém, que essa nova modalidade de uso deve vir acompanhada de
revitalizações que estimulem o comércio da região.
“Não vai ter carros, mas vai ter
gente circulando. As pessoas vão sair dos seus apartamentos, vão ali comprar
verduras, vão levar as crianças para brincarem. Queremos que os moradores
coloquem cadeiras do lado de fora, como é o Pelourinho em Salvador. Mas, para
isso, precisa ter um foco maior na área cultural”, destaca Maia.
Nova praça: Na manhã de ontem, Ibaneis participou da
inauguração da Praça dos Direitos no Itapoã. Localizado na Quadra 203, o espaço
vai oferecer ações de saúde, esporte, educação, lazer, profissionalização,
cultura e de promoção dos direitos humanos aos moradores da região.
Entrevista Janine Brito:
conselheira do Sindivarejista - Impactos da pandemia
Qual a sua opinião sobre
o fechamento da W3 aos domingos e feriados para o lazer? Eu tenho a certeza de que os empresários estão
atravessando a fase mais difícil de suas vidas. O comércio foi sacrificado
demais durante a pandemia, desnecessário esse fechamento da W3, tendo ao lado
um dos maiores parques da América Latina, senão o maior, que é o Parque da
Cidade. Um espaço totalmente disponível para o lazer, totalmente adequado, e a
poucos metros da W3, com ciclovia, com área para pedestre andar com todo o
apoio necessário. E, do outro lado, nós temos o Eixão do Lazer. A gente não
consegue entender por que fechar a W3, isso acaba prejudicando todo o comércio
ao longo daquela avenida (nesse momento de pandemia).
Quais foram os
principais impactos e maiores dificuldades enfrentadas pelo
setor durante a pandemia? O maior impacto foi o desemprego. O desemprego afetou demais a
sociedade. As áreas de gastronomia, turismo e eventos terão uma dificuldade
enorme para retornar à sua normalidade. Não será fácil, porém, eles estão
fazendo todo o possível. Eu acredito numa retomada em forma de V. Desceram ao
fundo, mas vão subir também como um foguete.
Quais são os
principais desafios nesse momento de retomada? Um dos maiores problemas que nós vamos enfrentar é
justamente a questão da empregabilidade e do abastecimento. Nós temos que
lembrar que é preciso que o governo se sensibilize com relação aos encargos
trabalhistas. O empregador quer gerar emprego, mas ele não pode fazer isso sem
muita cautela. É muito importante que o Estado se lembre que quem gera emprego
é justamente o setor produtivo.
O Refis (Programa de Regularização Fiscal) poderia ser uma alternativa? O Refis ajuda porque facilita a condição do empresário de retornar ao mercado. Contribui para que ele possa participar das ações, para que possa colocar a vida financeira em dia e possa saudar os débitos junto ao governo e, com isso, respirar um pouquinho. Só há uma forma de retornar ao crescimento, que é apoiando o setor produtivo.
Como está a expectativa do
varejo para o fim do ano? Nós imaginamos que haverá um pequeno aumento, um aumento menor do que
houve no ano passado, em virtude da pandemia, mas, ainda assim, um aumento em
torno de 2% a 3%. No ano passado o aumento foi de 5%.
Por » Washington Luiz – »
Cibele Moreira - Fotos: Renato Alves/Agência Brasília -Marcelo
Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense