678 mil moradores
com prioridade. Plano Distrital de Vacinação
prevê que profissionais da saúde, das forças de segurança e de salvamento, além
de professores, idosos e pessoas com comorbidades serão os primeiros a receber
a imunização. Ainda não há data para o início da aplicação.
O Governo do Distrito Federal (GDF) prevê imunizar
678.750 pessoas contra a covid-19 nas quatro fases prioritárias do Plano
Distrital de Vacinação. O planejamento foi apresentado, ontem, durante
cerimônia no Palácio do Buriti, com a presença do Secretário de Saúde Osnei
Okumoto e do alto escalão da pasta. A apresentação do plano cria bases de como
será realizada a campanha de vacinação do DF, que será aberta para moradores de
outras regiões, como as cidades do Entorno. A data da chegada de uma vacina
eficaz contra o vírus, no entanto, é incerta, pois depende, principalmente, da
aprovação do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A ação dá prioridade para imunizar profissionais da
saúde, das forças de segurança e de salvamento, além de professores, idosos e
indivíduos com comorbidades. Pessoas com 60 anos ou mais são
institucionalizadas — em locais como abrigos — estão inclusas na primeira
etapa. Pesquisas indicam que entre 60% e 70% da população precisar ser
imunizada para interromper o ciclo do vírus, dependendo da efetividade da
vacina. A escolha dos grupos prioritários levou em conta os que são mais
suscetíveis às complicações da covid-19, a fim de reduzir a mortalidade. O
planejamento do DF tem interligações com a estratégia deenvolvida pelo Governo
Federal, lançado na última quarta-feira, e atende à lei aprovada pela Câmara
Legislativa e sancionada por Ibaneis Rocha (MDB) na última segunda-feira, que
exigia a divulgação de um plano em 30 dias.
A compra e a distribuição dos imunizantes serão
realizadas pelo Executivo nacional. Na avaliação do secretário de Saúde do DF,
Osnei Okumoto, essa é a alternativa mais adequada no momento. “O Ministério da
Saúde é o órgão responsável pela questão da vacinação no país. Cabe ao DF e aos
demais estados elaborar planos para viabilizar a organização. Quanto às
aquisições das vacinas, o governo federal consegue preços muito melhores,
porque o volume de compra é maior. Assim, é mais viável e garante uma
coordenação de todas as vacinas ao país. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem
essa particularidade de fornecer atendimento igualitário para todo cidadão
brasileiro”, afirmou. O Plano Distrital mostra a possibilidade do uso de 11
vacinas em fases de testes avançados, como a CoronaVac e os imunizantes da Johnson
& Johnson e de Oxford — as duas primeiras fazem ensaios clínicos com
voluntários da capital.
Armazenamento: Uma dificuldade a ser
enfrentada, no DF, é o armazenamento dos produtos com condições específicas de
conservação. A vacina da Pfizer é uma das que estão em processo final para
solicitação de registro, mas exige uma câmera de conservação específica, como
explicou a chefe do Núcleo de Redes de Frio, Tereza Luíza Pereira. “Nosso
grande desafio é a vacina da Pfizer, cujo armazenamento é de -70ºC e só pode
ficar de 2ºC a 8ºC por cinco dias. Estamos conversando com o Ministério da
Saúde sobre como vamos adequar nossa rede de frios para receber esse produto,
uma vez que o próprio Ministério não possui, dentro do seu armazém, um
equipamento capaz de armazenar essa vacina”, pontuou. Devido à logistica mais
complicada, o uso do imunizante da Pfizer pode ser priorizado em capitais,
evitando a necessidade de mais tempo de transporte.
O planejamento apresentado pela Secretaria de Saúde
mostra que há uma rede de frio instalada, no Setor de Indústria e Abastecimento
(SIA), e outras oito, distribuídas em cada área da região de saúde. “Juntas,
possuem 40 câmaras frias de 420 litros para o armazenamento de cerca de 400 mil
doses de imunobiológicos/mês, podendo chegar a 600 mil doses/mês nos meses de
campanha”, detalhou a pasta, que afirmou haver 7,8 milhões de agulhas e
seringas em estoque. O plano conta com 169 salas de vacina, 150 carros e 1,5
mil servidores. Nos bastidores, comenta-se sobre uma necessidade de ampliação
do número de profissionais envolvidos na estratégia, uma vez que será preciso
montar esquemas de segurança, por exemplo, para manter a ordem durante a
aplicação das vacinas nos grupos prioritários e proteger os locais de
armazenamento dos produtos. Podem ser realizadas parcerias com instituições
públicas e privadas para aumentar a capacidade de ação.
Conscientização: Outra preocupação da
Secretaria de Saúde diz respeito à conscientização da população quanto à
importância de vacinar, assunto que volta à pauta nacional diante da divulgação
de informações falsas. Osnei Okumoto chegou a afirmar que trabalhar a questão
das fake news faz parte do processo de vacinação, citando estratégias de
campanhas de conscientização mais incisivas e duras. Fernando Erick,
coordenador de Atenção Primária à Saúde, frisou esse trabalho. “Nossa posição é
técnica, científica. A questão primária à saúde tem como braço forte o
calendário vacinal, não só em relação à covid. Precisamos manter nossa rotina
de vacinação, entendendo de forma mútua que não estamos em um momento fácil
para ninguém”, ressaltou. Para o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino
Valero Martins, a experiência dos profissionais da pasta mostra que, quando se
iniciam as imunizações, há uma procura muito grande. “A vacina garante proteção
individual e visão de consciência coletiva. Então, acreditamos que toda a
população do DF queira se vacinar. É nisso que estamos apostando”, disse.
Disponibilidade: A Universidade de Brasília
(UnB) divulgou levantamento preliminar em que há seis ultracongeladores
disponíveis. O Hospital Universitário de Brasília (HUB) possui um. Os
sete equipamentos somam capacidade de 300 a 600 litros de armazenamento.
Palavra da especialista: Simples e eficaz
- Uma das medidas mais eficazes para prevenção de doenças, tanto no plano
individual quanto no coletivo, é a vacinação. Como exemplos, temos as
bem-sucedidas campanhas contra a varíola, poliomielite, rubéola, sarampo e
influenza. Um simples gesto, rápido, fácil e acessível pode evitar mortes ou
sequelas graves e permanentes. As pessoas elegíveis para a vacinação e que,
ainda assim, optam por não se vacinarem, além de colocarem sua própria saúde em
risco, o fazem com a de seus familiares e com as pessoas com as quais convivem.
Todas as vacinas, até hoje licenciadas, passaram por testes de modo a garantir
sua segurança e eficácia. Por isso, as vacinas são consideradas um modo
simples, eficaz e seguro para prevenção de doenças. (Ana Helena Germoglio,
infectologista do Hospital Águas Claras)
Alan Rios – Correio Braziliense. Ilustração Blog - Google