Formada por representantes da
sociedade civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT), a Rede Urbanidade fiscaliza, hoje, as passagens subterrâneas do Eixão
Sul. O ponto de partida será a travessia da 115 Sul. Serão vistoriadas as
condições de deslocamento de pedestres, ciclistas e portadores de deficiência
que precisam atravessar o Eixão, questões como segurança, iluminação e
assessibilidade.
Na primeira vistoria, realizada na
noite da última quarta-feira, nas passagens do Eixão Norte, foram apontadas
várias irregularidades, tais como infiltrações, deficiência de iluminação,
falta de acessibilidade, existência de pontos cegos e muita sujeira. Também
foram requisitadas informações aos órgãos competentes acerca da natureza e do
número de crimes cometidos nas passagens, bem como sobre os atropelamentos
ocorridos ao longo do Eixo Rodoviário.
Em 2020, a 1ª Promotoria de
Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) instaurou procedimento para
reunir informações sobre o estado de conservação, iluminação, limpeza,
sinalização, segurança e acessibilidade das passagens subterrâneas do Eixão,
com base nas discussões promovidas no âmbito da Rede Urbanidade. Procurada, a
Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob-DF) informou
que a Administração Regional do Plano Piloto tem anotado na lista de obras
prioritárias para 2021 as 16 passagens subterrâneas da região.
“O processo está na fase de elaboração de projeto executivo e orçamento. A manutenção da iluminação tem sido feita pela Companhia Energética de Brasília (CEB); e a limpeza, pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU). Os reparos e limpeza de bocas de lobo são realizados pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap)”, informa, em nota, a assessoria de imprensa da Semob-DF. O MPDFT irá fiscalizar questões como acessibilidade para cadeirantes.
Vilma relata histórias de
conhecidas que costumam passar pelos acessos subterrâneos. “Uma amiga me disse
que correram atrás dela, mas conseguiu fugir. Uma outra foi assaltada por um
cara de bicicleta”, recorda.
Sobre a segurança desses locais, o
coronel Souza Oliveira, do Centro de Comunicação Social (CCS), da Polícia
Militar do Distrito Federal (PMDF), informa que o policiamento é feito,
prioritariamente, com motocicletas. “Pela mobilidade, as motos de pequeno porte
têm facilidade de andar na própria passagem subterrânea. Também existem as
viaturas diárias, que têm uma prioridade em monitorar como está o trânsito das
pessoas nas passagens subterrâneas”, declara.
O coronel da PMDF dá dicas aos
pedestres que utilizam as travessias. “Se possível, que atravessem em grupos.
Observem muito bem antes de entrar no túnel, qualquer coisa não entre ou
aguarde a passagem de uma viatura ou policial para fazer essa travessia. E
evite atravessar o Eixão a pé, porque é muito perigoso e muito largo. São
muitas faixas. O policiamento não consegue ficar o tempo todo em todas as
paradas. Em último caso, ligue para o 190 e peça um apoio. Estamos 24 horas
(disponíveis) para atender”, complementa Oliveira.
Vilma Lopes: "A iluminação é ruim, principalmente para a gente que é mulher, pois temos medo de estupro"
Segundo o promotor da Promotoria
de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), Dênio Augusto de Moura, as
passagens subterrâneas foram objeto de inúmeros estudos, inclusive um concurso
internacional, mas sem a conclusão das soluções. “Em princípio, cabe ao GDF
apresentar as soluções para a situação das passagens subterrâneas, mas qualquer
proposta deverá ser previamente debatida com a população”, declara.
Dênio relata que, no procedimento
interno que a Prourb e o MPDFT instauraram sobre o assunto, foram requisitadas
informações sobre “eventuais projetos de revitalização das passagens
subterrâneas do Eixo Rodoviário de Brasília e das calçadas e ciclovias que lhes
dão acesso.” “A falta de banheiros públicos é outro problema da nossa cidade. A
existência deles, como ocorre em outras cidades do mundo, pode ser um início de
solução”, acrescenta.
O promotor da Prourb acredita que
as passagens têm potencial turístico e cultural, caso sejam revitalizadas. “Se
o transporte público coletivo funcionar efetivamente e as pessoas tiverem
condições de fazer parte de seus trajetos a pé ou de bicicleta, atravessar as
passagens subterrâneas pode se transformar em mais uma experiência incrível, em
uma cidade incrível. Para que isso ocorra, é necessário um novo olhar para a
mobilidade. O carro deve deixar de ser o protagonista”, conclui.
Com medo de utilizar as passagens
subterrâneas, muitos pedestres se arriscam na travessia do Eixão.
Pedro Marra – Fotos: Carlos Vieira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense.







