O
primeiro mês do ano chega ainda com incertezas em relação à evolução da
pandemia, mas, a presidente do Sindicato de Estabelecimentos Particulares de
Ensino do DF (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, garante que as escolas estão
prontas para esses desafios. “As escolas adotaram aulas remotas para atender a
necessidade, sempre preocupadas com a aprendizagem dos alunos”, disse, em
entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Confira os
principais trechos da entrevista.
Como as escolas
estão se preparando para este ano letivo? Elas já vêm se preparando desde o início da pandemia, quando nós fomos
pegos de surpresa, lá em março, e as escolas foram fechadas. Desde então, elas
adotaram aulas remotas para atender a necessidade, sempre preocupadas com a
aprendizagem dos alunos. Atenderam a todos os protocolos de segurança
determinados pelo decreto do governador Ibaneis Rocha e pela decisão do
Judiciário. Com isso, encontram-se preparadas para esse novo desafio que será
2021, com seus calendários já determinados para trazer aos estudantes a
segurança e a possibilidade de aprender sempre mais.
Como será o
calendário das escolas particulares? As escolas
particulares têm essa prerrogativa e liberdade de determinar os seus
calendários. Geralmente, elas têm um calendário parecido, exceto as escolas
internacionais. No entanto, com a pandemia, as escolas tiveram que se
reorganizar e se adaptar a esse novo normal, então os calendários divergem
bastante.
Que balanço vocês
fazem do ano de 2020 em termos de conteúdo? As escolas se concentraram muito na aprendizagem dos alunos. Foi uma
adaptação para os professores, que eu digo que foram guerreiros nesse processo,
e os demais colaboradores particulares, porque é algo muito novo para todos. Os
estudantes tiveram que se adaptar a essa nova forma de aula. As escolas tiveram
que fazer como uma startup: testes de certo e errado, mas acredito que, em um
balanço geral, foi um ano satisfatório para os alunos. Não foi um ano perdido,
até porque, de acordo com estudos e com pesquisadores, quando você consegue
manter, para crianças, adolescentes e estudantes, uma rotina de estudo, você
não tem uma defasagem na aprendizagem.
Todas as escolas
particulares terão o ensino híbrido? Assim como
para os pais foi dada a prerrogativa de optar pelo ensino remoto ou presencial,
as escolas também têm essa opção, de acordo com o decreto vigente e com a
decisão judicial proferida. A escola tem que verificar, com a sua comunidade, o
que a atende. No momento, a maioria das escolas, as filiadas por quem respondo
e vejo que as demais também, tem oferecido à comunidade, aos pais, o ensino
híbrido: tanto o remoto quanto o presencial. O que se pretende é continuar
dessa forma até para que as famílias sintam-se seguras nesse momento de sai
vacina, não sai vacina, e a gente fica nessa indecisão.
Houve escola que
precisou fechar? Temos, sim, casos de
escolas que fecharam e casos de escolas que tiveram que demitir seus
funcionários porque teve uma evasão de alunos. Eu digo que, entre março e
agosto, teve uma evasão maior, que foi quando as aulas estavam somente remotas,
o que ocasionou o endividamento de algumas instituições e o aumento de
inadimplência. Com isso, as escolas tiveram que se adaptar a esse novo normal.
Às vezes as famílias falam: “Mas tem que dar desconto porque vocês tiverem
redução no custo de água e de luz”. A água e luz dentro de um orçamento de uma
escola representa 3%. O que fica por trás, nos bastidores, é que a escola não é
só professores. Ela tem outros colaboradores que estão ali por trás, seja no
pedagógico, seja no administrativo e nos serviços gerais dessas empresas.
Uma preocupação
constante dessa faixa etária é com o vestibular e o Enem. Como será feita a
preparação para esses alunos? As escolas
particulares já têm trabalhado nesse sentido, tanto para ensino médio, quanto
com os menores, de oferecer dentro das suas plataformas possibilidades deles
continuarem estudando. Uma questão curiosa é que os estudantes de ensino médio
se adaptaram muito bem a essa forma. Na verdade, eles já são muito
tecnológicos, muito ligados a redes sociais e a dispositivos eletrônicos, então
eu diria que, para eles, não foi um momento tão difícil de adaptação. Isso está
sendo feito pelas escolas.
Sobre a evasão
escolar, observaram aumento? Enquanto as
aulas estiveram só remotas, nós vimos um número considerável de 20% de evasão
nas crianças de educação infantil e de fundamental anos iniciais. Com o retorno
das escolas particulares presencialmente, nós notamos um movimento dos pais de
voltarem para a escola, porque a necessidade deles era o ensino presencial.
Entretanto, o que ficou, e eu percebo que a sociedade ainda não tem essa noção,
é que, a partir dos 4 anos, a escola é obrigatória, de acordo com a Constituição,
com o Estatuto da Criança e outros ditames legais, porque a escola tem um papel
essencial na vida dessa criança.
Jéssica Cardoso *
Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer – Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press –
Correio Braziliense.