*Por Circe Cunha e Mamfil
Por certo, não será ainda durante esse governo, e
muito menos em meio a uma pandemia sem data para terminar, que os problemas da
educação no Brasil começarão a serem tratados com a devida atenção que
necessitam. Até mesmo por sua relativa projeção econômica entre as nações
desenvolvidas, essa é uma questão que, mais do que interessar a governantes e
partidos, interessa aos brasileiros e não pode mais ter sua implementação
adiada sine die. A confecção e implementação de um projeto honesto, consistente
e perene de melhoria da educação pública no país é uma demanda urgentíssima.
Para a comodidade daqueles que consideram essa uma tarefa sem retorno político
eleitoral, a pandemia veio a calhar.
O fechamento de escolas, do básico às
universidades, retirou, momentaneamente, o foco sobre esse problema, o que, por
certo, irá agravar ainda mais aquilo que já era ruim. A melhoria na educação
que, a princípio, seria a principal bandeira administrativa de qualquer governo
minimamente engajado vem aguardando, ano após ano, a hora de ser apresentada e
colocada ao alcance de todos os cidadãos, sobretudo às parcelas mais jovens da
população. Trata-se aqui de um reconhecido gargalo a impedir o pleno
desenvolvimento da nação, com reflexos negativos permeando toda a vida do país,
da máquina pública ao próprio sentido de Estado Democrático de Direito,
conforme se vê em nossa Carta Maior.
Nesse sentido, muitos educadores têm observado que
é nesse momento, em que se verifica um certo retraimento do Ministério da
Educação, por conta da virose, que o governo poderia direcionar suas ações no
sentido de cercar os muitos problemas que afetam a qualidade de nossas escolas
públicas e implementar ações paralelas que, lá na frente, irão possibilitar
maiores ganhos ao ensino em todo o país. Essas ações poderiam ser iniciadas com
a adoção de dois projetos básicos, ambos tendo, como alicerce e tijolo dessa
grande construção educativa, o livro. Tanto o livro didático quanto os livros
de forma geral.
O primeiro tijolo dessa megaobra seria a constituição
de uma espécie de gráfica nacional ou estatal, voltada, exclusivamente, para a
publicação e edição de livros de qualidade cultural indiscutíveis, dos mais
diversos assuntos e que, por questões comerciais e pelo avanço das mídias
sociais, deixaram de ser produzidos. Essa gráfica nacional iria, segundo
educadores e outros que sonham com um país mais civilizado, abastecer, a preços
honestos, o mercado de livros. Por sua vez, essa produção de cultura impressa e
de qualidade iria encontrar seu desaguadouro ou foz nos novos estabelecimentos
criados estrategicamente em todo o país, na forma de um mix de livrarias e
bibliotecas do estado, equipadas com todo o ferramental necessário para dar
suporte ao ensino do básico ao universitário.
Dessa forma, a constituição conjunta de gráficas e
bibliotecas/livrarias estatais, ao ocupar um nicho do mercado que vai
desaparecendo em toda a parte, formaria a mais completa engrenagem a favor da
escola pública e do ensino de qualidade. Muito mais do que revólveres e fuzis
automáticos, colocados ao alcance de um país há muito mergulhado na mais
sangrenta violência, o que a nação mais necessita é se armar de livros em busca
de uma paz luminosa, que só a cultura pode oferecer.
Buraco zero: Pelo número 162 ou pelo
link www.ouvidoria.df.gov.br, o governo
está recebendo, da população, os pedidos para tapar buracos. Centralizar as
informações vai facilitar a operação.