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Faleceu: Pioneira, Rachel Neves Teixeira do Amaral, 89 anos

Rachel Neves Teixeira do Amaral, 89 anosA professora mineira chegou a Brasília em 1959, antes da inauguração, para acompanhar o marido. Aqui, tornou-se uma das pedagogas pioneiras e viu a família crescer com a cidade. Ela foi enterrada, ontem, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. Educadora, Rachel deu aula na Escola Parque da 308 Sul.

 

Uma das pioneiras de Brasília, a professora Rachel Neves Teixeira do Amaral morreu, aos 89 anos, na manhã de ontem, devido à complicações de uma pneumonia, no Hospital Brasília. Ela estava internada na unidade de saúde desde 23 de dezembro. O enterro ocorreu no final da tarde, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Rachel compôs os primeiros grupos de pedagogas de Brasília.

 

Mineira de Belo Horizonte, ela mudou-se para Brasília pouco antes da inauguração, em 1959, para acompanhar o marido, Wagner Amaral, que havia sido convidado para trabalhar na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O endereço da família era a 710 Sul, onde, naquela época, sequer existia a cidade em volta. Os filhos cresceram brincando em meio aos canteiros de obra. “Diziam que, aqui, era só caminhão indo e vindo”, lembra a neta mais velha de Rachel, a advogada Larissa do Amaral, 41.

 

Nas estradas de terra vermelha, não havia linhas de ônibus. Para chegar a uma das escolas onde trabalhou, na Candangolândia, o marido a levava de jipe, com outras colegas professoras de Rachel. Apaixonada pela educação, ela atuou em algumas das unidades de ensino pioneiras da nova capital. “A Escola Parque (da 308 Sul) era o xodó dela”, frisa o dentista Ricardo Amaral, 67, filho mais velho de Rachel. Como uma das pioneiras, a professora estava presente na inauguração da escola, localizada na quadra modelo de Brasília.

 

Personalidade: Ricardo recorda-se que a mãe se espantava com o tamanho dos novos prédios no Plano Piloto, com mais de seis andares. “São verdadeiros arranha-céus”, dizia. Muito católica, Rachel costumava frequentar a missa todos os sábados acompanhada do primogênito, que a levava para lanchar depois das cerimônias. “Na hora que vinha a conta e ela ia passar o cartão na maquininha, me dizia para não ficar olhando: ‘Não olha minha senha, não!’”, lambra Ricardo.

 

Outra vez a professora obrigou ele e um irmão, que é médico, a fazerem exercícios de caligrafia durante a noite. “Não é possível que só o farmacêutico entenda a letra de vocês”, diverte-se. “Essa era dona Rachel”, define Ricardo.

 

Rachel Amaral deixa seis filhos, 13 netos e três bisnetos. Todos eles costumavam se reunir aos domingos na casa da matriarca, de ascendência italiana, para o almoço. Com a emergência da pandemia do novo coronavírus, ela se viu isolada da família e se entristeceu com a distância. Por isso, há alguns meses, as visitas foram restritas a um filho por semana, na casa em que vivia no Lago Sul, de máscara e mantendo o distanciamento. “Família é a melhor coisa que tem” era uma de suas frases costumeiras, segundo Ricardo.

 

Jéssica Moura – Correio Braziliense

 


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