“Sempre foi meu ponto de apoio,
desde que eu cheguei (à cidade). Minha formação é toda brasiliense”, declara o
artista sobre a capital, a qual se mudou em 1972 com a família. Começou a
pintar quando era adolescente, em 1979, com orientação do pintor Aluísio
Santana. Três anos depois inaugurou a primeira exposição individual da vida na
sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e, em 1983, entrou na
Universidade de Brasília (UnB) para cursar licenciatura em artes plásticas.
Na década de 1990, Otoniel decidiu
escolher temas específicos para trabalhar ao ar livre. “O meu primeiro foi uma
exposição inspirada no livro Os sertões, de Euclides da Cunha. Tenho uma
admiração muito grande pela paisagem da caatinga e criei ilustrações’’, diz.
Uma exposição foi feita no Palácio do Buriti, em 1997, centenário da Guerra dos
Canudos, narrada no livro.
Outra coleção é a do Rio São
Francisco, de 1999, composta por 70 pinturas feitas ao ar livre por Otoniel em
visitas às áreas naturais do principal rio do Nordeste. Para complementar o
trabalho, um livro descritivo foi lançado sobre a produção e o processo por
trás da criação. Além disso, a coletânea rendeu uma exposição que viajou por
diversas cidades ribeirinhas, ultrapassou fronteiras e encerrou fora do país,
em Miami, nos Estados Unidos.
Nos anos 2000, os rios Parnaíba,
no Piauí, o Araguaia, o Tocantins e a Chapada Diamantina foram destinos de
Otoniel. No total, 15 livros artísticos foram lançados com as coleções. Para o
futuro, o pintor pensa em fazer um que mostre as 60 telas sobre capital do
Brasil, inclusive, com fotos dos bastidores da produção. “Quero mostrar que
Brasília é um ateliê ao ar livre e está pronta para todas as artes”, pontua.
Sentimentos: “Cogitei várias vezes pintar a cidade, mas sempre
deixava para depois. Nas proximidades do aniversário de 60 anos, pensei: está
na hora de pintar Brasília”, explica Otoniel. Ele não mora mais na capital há
seis anos, quando se mudou para a Chapada dos Veadeiros, no Goiás. Mas
ressaltou que esse leve distanciamento foi crucial para a produção, visto que
retornava a locais carregados por sentimentos.
Naturalmente, Brasília gerou
inúmeras possibilidades para Otoniel. “A cidade tem luz, cor e espaço, que
permitem que a gente explore os efeitos da tridimensionalidade”, analisa o
pintor. Com o estilo impressionista o qual se identifica, as cores da vegetação
e o clima, por exemplo, favorecem na acentuação dos elementos da pintura.
A produção dos quadros iniciava em
torno das 8h, para aproveitar a luz, e também por questões estratégicas,
atreladas às técnicas de pintura. O tempo de trabalho era relativo. “Cada
pintura levava uma sessão no campo e duas no ateliê. Seriam, em torno, três
dias de trabalho. Mas, com a pandemia, algumas se estenderam por meses.”
Confira on-line: Devido à crise do novo coronavírus e a impossibilidade de encontros presenciais, Otoniel Fernandes realiza a primeira exposição virtual no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Ela foi aberta em 11 de dezembro de 2020 e deve permanecer disponível durante janeiro. Além das obras, duas sessões são destinadas para os bastidores do ateliê ao ar livre e outra com biografia do pintor. O acesso pode ser feito por meio do link ( https://bit.ly/3hPUeOV ).
Paula Barbirato* ~ *Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira – Correio Braziliense.