“Toque
de recolher é um remédio amargo, mas inevitável”
Outra medida defendida pelo distrital é a flexibilização total na
aquisição de vacinas para proteger o maior número possível de pessoas em menos
tempo. Para isso, na opinião do parlamentar, os governos estaduais e até a
iniciativa privada deveriam comprar e fornecer os imunizantes contra covid-19
para grupos específicos. A seguir a entrevista:
Qual é a sua opinião sobre o toque de recolher decretado pelo governador Ibaneis Rocha? Tem eficácia para conter a propagação do novo coronavírus? É um remédio amargo, mas necessário. A melhor medida em termos de eficácia é uma maior responsabilidade social da sociedade em agir conforme os protocolos sanitários já definidos e que todos nós já conhecemos, mas que infelizmente não vinha sendo respeitado pela maioria. Pode até não conter, mas reduz a taxa de transmissão.
E
o lockdown? Comércio, bares e restaurantes, além de outras
atividades fechadas, são uma boa solução para evitar mais
contaminações? Como afirmei, se a maioria respeitasse os
protocolos sanitários estabelecidos não haveria nenhuma necessidade de
lockdown, pois essa medida reflete no emprego, na saúde mental, no sustento das
famílias e na queda da atividade econômica. A melhor solução, em qualquer caso,
é o respeito aos protocolos e começar a vacinar em larga escala a nossa
população. Essas medidas de lockdown e toque de recolher são paliativas, não
têm como se sustentar ao longo do tempo.
Como
o DF chegou a essa situação de pré-colapso, com os hospitais superlotados
de casos de covid-19? Foi um reflexo do período de
carnaval e da quebra dos protocolos sanitários. Essa taxa de contágio que se
verifica agora não está acontecendo apenas no Distrito Federal. É uma situação
nacional.
Foi
um erro desativar o hospital de campanha do Mane Garrincha? Antes
dessa segunda fase, o Distrito Federal estava registrando uma taxa em torno de
67% nas ocupações das UTIs, não justificando pagar para manter por eles sem ter
demanda. A rede fixa vinha atendendo normalmente. Agora o quadro mudou e
decisões devem ser tomadas urgentemente para reativá-lo.
Acha
que os governadores deveriam comprar as vacinas diretamente
sem passar pelo Ministério da Saúde? Acho que,
nesse momento de pandemia, qualquer iniciativa para que as vacinas cheguem ao
DF é positiva. Acho que deveriam flexibilizar inclusive para a iniciativa
privada também adquirir e aplicar em seus empregados.
O
Brasil tem sido visto no exterior como um péssimo gestor da pandemia. Onde está
o erro? Não vejo assim. Estamos em 5º lugar no mundo como o país que mais
comprou e aplicou vacina na população. A nossa taxa de mortalidade é de apenas
3%, ou seja, 97% das pessoas que se contaminaram foram recuperadas. E nossa
taxa de mortalidade por um milhão de pessoas também não é das piores. Uma coisa
é oferecer respostas em um país como Israel, outra, é olhar o Brasil em
dimensão continental e populacional. Mas temos que avançar ainda muito para dar
uma resposta mais ágil.
A
postura do presidente atrapalha? São visões diferentes. O seu foco
não está no papel da ciência. Ele está muito preocupado com o reflexo dessa
pandemia na atividade econômica e suas consequências na vida de todos nós. Uma
economia quebrada não interessa a ninguém. Ele prega o funcionamento da
atividade econômica respeitando-se aqueles que têm alguma comorbidade e
determinada idade.
Como
a Câmara pode ajudar o DF a encontrar uma solução para a crise? Aprovando
as matérias necessárias para reduzir a pandemia e trabalhando na publicidade
institucional de educar as pessoas quanto ao seu papel individual na redução da
transmissão do vírus.