Hoje, a preocupação maior é em relação à saúde da corporação. O que pode
ser feito pelo sindicato? Tivemos na quinta assembleia geral
extraordinária do Sindepo, e a pauta principal foi a questão da vacinação
destinada à corporação, inclusive com indicativo de paralisação de atividades
destinadas às fiscalizações de medidas restritivas de enfrentamento à pandemia.
Existe um sentimento natural de descontentamento com o ritmo de aplicação das
imunizações, impulsionado pelo alto índice de contaminação nas unidades,
inclusive com vários óbitos registrados. Eu mesmo fui acometido pelo vírus,
durante o trabalho na delegacia, e posteriormente transmiti para a minha mulher
e meu filho. Porém, a categoria, por unanimidade, decidiu pela continuidade
integral dos serviços oferecidos. Ressalto que os delegados de polícia e toda a
PCDF não paralisaram suas atividades em nenhum momento, ficando muito mais
expostos aos efeitos da pandemia.
Como tem sido a conversa com o GDF sobre isso? O trabalho será no
sentido de tentar sensibilizar o GDF acerca da necessidade de, efetivamente,
priorizar a vacinação dos servidores da segurança pública, em especial da PCDF,
indicando, inclusive, bons exemplos já adotados por outros estados da federação
que estabeleceram critérios onde toda a dedicação e o sacrifício dos policiais
têm sido reconhecidos.
Quais serão as prioridades da gestão do senhor? A prioridade em
nossa gestão é conquistar o respeito da sociedade e o reconhecimento dos
tomadores de decisão acerca da imensa importância da polícia judiciária para a
paz social e o desenvolvimento de nossa nação. Existe muito discurso vazio onde
se fala em inoperância das forças de segurança, porém devemos ressaltar que na
PCDF chegamos a incríveis 90% de resoluções dos crimes de homicídio, índice
somente alcançado em pouquíssimas polícias de primeiro mundo. Nenhum crime de
repercussão fica sem resposta. Existem pesquisas disponíveis que apontam a PCDF
como uma das instituições com maior credibilidade dentro do Distrito Federal.
Isso tudo é fruto de muito trabalho e profissionalismo dos delegados de polícia
que dirigem a instituição.
Em relação à valorização da PCDF e a recomposições salariais, isso
continua na pauta? Haverá cobrança para que, quando possível, o governo ofereça
reajuste? Sabemos das imensas dificuldades impostas pela pandemia, porém
talvez não haja no DF qualquer corporação mais prejudicada pela ausência de
recomposição salarial do que a PCDF. Sempre fomos paradigma para o Brasil na
questão de estrutura e excelência nas investigações, mas o salário do delegado
de polícia da PCDF está hoje mais baixo do que o praticado em cerca de 15
estados da federação, e essa situação não é aceitável. O DF é sede das
Embaixadas, Congresso Nacional, de todos os Tribunais Superiores e do imenso
Poder Executivo federal. Não podemos baixar a guarda contra o avanço do crime
organizado que nunca conseguiu se estabelecer na capital em decorrência dos
trabalhos da PCDF desenvolvidos em investigações complexas. A luta pela
paridade com a Polícia Federal é questão de honra e justiça para toda a
categoria.