A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) aplicará R$
1, 4 milhão ao longo da orla do Largo Norte para a restauração de 40 hectares –
equivalentes a cerca de 30 campos de futebol. São recursos de parceria firmada
com o Instituto Brasília Ambiental e a Fundação Banco do Brasil por meio
do Programa Recupera Cerrado.
Essa ação é baseada no Diagnóstico Ambiental das Áreas
Degradadas na Orla Norte do Lago Paranoá >>> (https://bit.ly/3dXNg9l ), que apontou 31
polígonos degradados ou alterados passíveis de recuperação, abrangendo áreas de
preservação permanente (APPs), unidades de conservação e áreas públicas, no
total de 202,90 hectares avaliados. O estudo foi realizado pelo Instituto Rede
Terra.
“O trabalho faz parte do Projeto de Recuperação da Orla nas
áreas Sul e Norte e tem o objetivo de garantir que o Lago Paranoá cumpra suas
funções ecossistêmicas” (Sarney Filho,
secretário do Meio Ambiente)
Com base nesse levantamento, estão sendo
elaborados os projetos executivos, que envolvem, nesta primeira etapa, a
recuperação em 7 dos 31 polígonos. Neles, haverá o plantio de espécies nativas
do Cerrado. Segundo o trabalho, em áreas mapeadas no Lago Norte, observa-se
predomínio de capins exóticos, como a braquiária, considerada uma planta
invasora, em diversos pontos do solo exposto e em resquícios de jardins
particulares.
A execução da primeira etapa da recuperação está
a cargo do Instituto Espinhaço – Biodiversidade, Cultura e Desenvolvimento
Socioambiental, de Minas Gerais, selecionado por meio de edital.
O secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho,
ressaltou que o desafio, agora, é conseguir mais recursos para estender a
iniciativa às demais áreas que também necessitam de intervenção. “O trabalho
faz parte do Projeto de Recuperação da Orla nas áreas Sul e Norte e tem o
objetivo de garantir que o lago cumpra suas funções ecossistêmicas, como
estabilidade das margens, corredores ecológicos, biodiversidade, embelezamento
de Brasília, amenização do clima, navegação e lazer”, disse. Projeto identifica 31 polígonos passíveis de
recuperação na orla do Lago Norte Foto: Divulgação-Sema
R$ 2,46 milhões: são
aplicados desde 2019 na orla do Lago Sul
Ao todo, 75 hectares receberão ações de
recuperação por meio de plantio de espécies do Cerrado, tanto em áreas de
unidades de conservação (parques, áreas de relevante interesse ecológico),
quanto em áreas na APP da Orla Sul e na Arie do Riacho Fundo, que auxilia no
abastecimento do Lago Paranoá, e vem sofrendo forte pressão da ocupação urbana.
Inicialmente o projeto previa o plantio de 65 hectares,
mas no final do ano outros 10 hectares foram adicionados ao quantitativo final
da área, totalizando os 75 hectares.
“Mesmo diante das dificuldades que surgiram com a
pandemia, avançamos muito até agora, utilizando os R$ 2,46 milhões que foram
repassados à Sema pelo Fundo Único do Meio Ambiente (Funam). O dinheiro veio de
indenizações decorrentes da desobstrução judicial de áreas que foram ocupadas
ilegalmente naquela área”, informou.
Além da recuperação de áreas que estão sendo
selecionadas no Lago Norte, a subsecretária de Assuntos Estratégicos da Sema,
Márcia Coura, acrescentou que o programa promoverá ações de conscientização
junto à comunidade local. Está prevista uma campanha educativa, adiantou.
Critérios: Na Orla Norte do Paranoá, as
áreas abrangidas pelo diagnóstico estão, em sua maioria, dentro de unidades de
conservação (UCs), como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago Paranoá e a
Área de Proteção Permanente (APP) do Planalto Central.
De acordo com os técnicos, esses locais
apresentam cobertura vegetal degradada ou alterada, com presença de espécies
invasoras que inibem o crescimento de árvores e gramíneas nativas. Esta
situação também contribui para a ocorrência de incêndios no período de estiagem.
Um exemplo citado é o Parque Ecológico Enseada,
nas proximidades do Centro Olímpico da UnB com cerca de 19 hectares de áreas
degradadas. O diagnóstico também apontou problemas em regiões residenciais no
Setor de Habitações Individuais Norte (SHIN) e no Setor de Mansões do Lago
Norte (SMLN).
São destacados, ainda, o Parque Ecológico Varjão,
o Parque Ecológico do Lago Norte, o Parque Ecológico das Garças e áreas que
englobam Unidades de Conservação e as enseadas dos Ribeirões Bananal e Torto,
além de outras com alta prioridade para recuperação.
“Alguns trechos fora das APPs, situados nas unidades de
conservação, foram inseridos como prioritários, considerando o papel na
proteção do Lago Paranoá” (Consideração
feita no estudo do Projeto de Recuperação da Orla nas áreas Sul e Norte do Lago
Paranoá)
Sistema: A metodologia utilizada pelo
Instituto Rede Terra incluiu pesquisa de informações secundárias, coleta de
dados e mapeamento das áreas. Também foi realizada a avaliação das áreas que
necessitam de recuperação, identificação da cobertura vegetal, fitofisionomia
original, histórico de ocupação, uso do solo, estado de degradação/conservação
do solo, grau de erosão, presença ou ausência de espécies exóticas, estado de
desenvolvimento da regeneração natural, tipos de solo, déficit de APPs, entre
outros aspectos.
“Os polígonos identificados no estudo devem ser
protegidos e manejados para melhorar a ciclagem hídrica e o fluxo genético da
biodiversidade local. Todos são APPs, cuja vegetação encontra-se alterada ou
degradada por motivos diversos de histórico de uso e ocupação. Alguns trechos
fora das APPs, situados nas unidades de conservação, foram inseridos como
prioritários, considerando o papel na proteção do Lago Paranoá”, aponta o
documento, elaborado pelos engenheiros florestais Ricardo Flores Haidar e
Miguel Marinho.
A orla do Lago Paranoá tem um contorno total de
102,31 km, sendo 50,31 km no Lago Sul e 52 km no Lago Norte. O programa da Sema
busca promover o equilíbrio ambiental e a preservação de mananciais que
abastecem o DF, contribuindo para a segurança hídrica de Brasília.