Com a pandemia do novo coronavírus, veio o
isolamento social e o medo de contrair a covid-19, o que levou diversas
famílias a evitarem locais públicos para não correr o riscos. Mesmo vivendo
nestes tempos difíceis, é essencial trazer momentos de diversão com segurança.
Diante disso, para comemorar o Dia Mundial do Lazer, celebrado hoje, o Serviço
Social do Comércio do Distrito Federal (Sesc-DF) disponibiliza jogos virtuais,
lives e podcasts sobre o tema até 29 de abril.
Hoje, o evento ocorre na Rodoviária do Plano Piloto
com jogos de práticas individuais, como a amarelinha. Segundo o Sesc-DF, os
espaços para brincar serão laboratórios de observação dos “passantes”, que
terão suas reações e comportamentos analisados por especialistas, para estudos.
Nas atividades propostas, não haverá contato
próximo entre monitores da entidade e o público. A participação é livre e
espontânea. A programação conta com jogos em ambiente virtual, por meio das
plataformas digitais BGA e Discord, no entanto as inscrições foram encerradas
na quarta-feira.
Sofia Vitória, 6 anos, soube se reinventar ao
período de pandemia. Acostumada a brincar com os amigos da rua onde mora, no P
Sul, a menina se adaptou aos novos tempos. Dentro de casa, Sofia faz o que pode
para não ficar entediada: bonecas, jogos no tablet e alguma estripulia no
quintal. “Gosto muito de pega-pega, me escondo no quarto”, garante a pequena.
A mãe, a copeira Kelly Gonçalves, 42, encara a
situação como um desafio. “Às vezes, ela fica muito ansiosa dentro de casa e
até a sinto estressada. Mas precisamos ter todo o cuidado para não pegar o
vírus. Graças a Deus, ninguém da minha família se infectou, mas perdi amigos
para essa doença”, conta.
Clara, 42 anos, e o filho Antônio, 2. Pelo menos uma vez na semana os dois vão a algum parque para brincar
Karine separa os finais de semana para levar Kauã a
parques, por exemplo. “O Jardim Botânico está sempre na nossa rota. Se formos
sair, a escolha são os locais ao ar livre. Durante a semana, (o lazer) é dentro
do condomínio, na área verde, onde ele encontra os amiguinhos no fim de tarde.
Além das brincadeiras, aqui, com os amigos mais próximos, temos uma rotina de
ver filme infantil com ele”, destaca.
Segundo a servidora pública, as atividades que
proporcionam contato com a natureza têm ajudado a reduzir o uso de telas, como
do videogame. “Ele ficou tão feliz em ter subido sozinho em uma árvore”,
comenta. Karine garante que, na hora de brincar fora de casa, ela e o filho
seguem todos os protocolos recomendados pelos órgãos de saúde, como o uso da
máscara, higienização das mãos e o não compartilhamento de objetos.
A professora Clara Etiene Lima, 42, mãe do Antônio,
2, não dispensa uma oportunidade de levar o filho a um parquinho. “Uma vez por
semana, procuramos algum parque para ele brincar. Às vezes, vamos ao Jardim
Botânico. Mas também tenho procurado conhecer outros parques e até playgrounds
públicos”, explica.
Com avanço da covid-19 no DF, Clara confessa que
está assustada com a situação e não tem estimulado o contato do filho com
outras crianças. “A gente tenta fazer atividades em casa, dentre as que o meu
filho mais se diverte são literatura infantil, brincadeira com massinha de
modelar, banho no quintal e assitir filmes e desenhos na televisão”.
“Sinto que ele (Antônio) sente mais falta de outras
crianças. Às vezes, ele vê alguma criança na rua e fala que quer brincar com o
amigo. Mesmo quando ele nunca viu antes. É de dar dó ter de fazer isolamento
social deles”, aponta Clara Etiene.
Kauã, 4, usa máscara o
tempo todo, quando está brincando fora de casa, e a mãe, Karine, 35, sempre
carrega álcool para fazer a higienização
Saúde: O psicoterapeuta e professor do Ceub, Carlos Augusto de Medeiros, explica que o lazer acaba ficando em segundo plano, uma vez que a sociedade tem mais preocupação com o acúmulo de capital. “É uma questão cultural muito importante em que a gente sempre escuta dos nossos pais: primeiro a obrigação e depois a diversão”. Para ele, o lazer deve ter no mesmo nível de importância que os outros afazeres do cotidiano. “As pessoas têm muita dificuldade em se divertir e não colocam a diversão como prioridade, como se não fosse um aspecto fundamental na sua vida”, completa
Segundo o especialista, a falta de lazer pode
desencadear ansiedade e outros transtornos. “As pessoas acham que nunca
cumpriram a sua obrigação o suficiente para começar a olhar para o lado da sua
diversão. Na realidade, eu vejo um grande adoecimento da população. A gente vê,
no Brasil, uma quantidade de pessoas ansiosas e depressivas, isso tem muita a
ver com a pouca importância que é dada ao lazer e a pouca importância que é
dada para a diversão”, destaca Carlos Augusto.
Programação: Confira as lives do Sesc Mais Lazer - Hoje, às 16h, no YouTube do Sesc-DF ....
Amanhã, das 14h às 18h - Tema: Jogos
virtuais via plataformas BGA e Discord. Board Game Arena (BGA), com a
coordenação do Marcellão Jogos e Algo Mais, Assessoria Externa.
21 de abril (quarta-feira), às 10h - Tema: Aniversário
de Brasília — em seus 61 anos de patrimônio, meio ambiente e cultura popular.
Participações especiais: candangos/pioneiros, professores, artistas, urbanistas
e autoridades.
24 de abril (sábado), às 10h - Fruição,
a partir das 10h — jogos, brinquedos e brincadeiras entregues nas plataformas
do Sesc-DF aos clientes cadastrados nas atividades sistemáticas (Escolas Sesc,
Grupo dos Mais Vividos, atividades esportivas e Programa Esportivo Sesc
Cidadania — PESC e público em geral).
27 de abril (terça-feira), às 16h, no YouTube do Sesc-DF Tema: A
importância do lazer ativo em tempos de pandemia, nas rotinas em home office e
as tendências para retomada pós-pandemia, com participação dos professores
doutores da UnB/FEF — Américo Pierangeli e Luiz Guilherme.
29 de abril (quinta-feira), às 16h, no YouTube do Sesc-DF - Tema: Atualização
profissional e a capacitação do profissional de lazer em tempos de pandemia
voltados para a criança, com a participação do professor doutor da UnB/FEF
Pedro Osmar. (