Com a imunização dos
profissionais da Educação, o Governo do Distrito Federal pretende liberar, de
forma escalonada, as aulas presenciais na capital. A vacinação contra a
covid-19 está ocorrendo por fase, seguindo a disponibilidade de doses pela
Secretaria de Saúde. Ontem, cerca de mil profissionais que atuam em creches da
rede de ensino público e conveniadas receberam a primeira dose da vacina na
unidade básica de saúde (UBS) 1, do Guará. Durante o evento, o secretário de
Educação, Leandro Cruz, ressaltou o desejo de retomada. “A expectativa é
reabrir imediatamente as creches. Vamos esperar só um período de 14 a 15 dias,
como recomendado, após a vacina para ela fazer efeito, e logo depois a gente reabre”,
ressaltou o secretário.
De acordo com ele,
dentro do mês de junho, as creches serão reabertas no Distrito Federal. “Vamos
liberar já com a primeira dose da AstraZeneca, que tem uma eficácia de 78%. Não
dá para esperar três meses, as crianças já ficaram muito tempo sem as aulas
presenciais”, explicou Leandro Cruz. Segundo ele, ainda não há uma data exata,
mas a definição deve ocorrer na próxima semana. A secretaria trabalha com um
cronograma de vacinação e reabertura. “Começaremos com a creche, depois com a
educação infantil, fundamental anos iniciais, logo em seguida os anos finais do
fundamental, ensino médio e ensino superior. Assim que forem sendo imunizados,
vamos reabrindo”, destacou Leandro Cruz.
Neste primeiro
momento, serão vacinados 5 mil profissionais da educação — inicialmente a
Secretaria de Saúde tinha informado um quantitativo de 10 mil educadores nesta
primeira fase. O subsecretário de Vigilância em Saúde, Divino Valero, explicou
que a redução ocorreu pela quantidade de doses disponíveis. “Infelizmente não
vai dar para a gente vacinar todos, mas já é um bom percentual”, afirma.
“Essa vacinação para
os profissionais da Educação é muito importante, principalmente para esse público
das creches que tem um papel fundamental no cuidar e educar das crianças. O
retorno das aulas presenciais dará uma maior segurança para o pai voltar ao
trabalho”, ponderou Divino Valério. Durante o fim de semana, não haverá
vacinação para esse público. A imunização dos educadores retorna na
segunda-feira e segue até sexta. Segundo a Secretaria de Saúde, serão
destinadas 800 doses em cada dia para a aplicação dos docentes. Todas as
aplicações serão feitas na unidade básica de saúde 1 do Guará.
Celebração: Para
a educadora Izaildi Rocha Silva, 46 anos, ontem foi um dia de muita alegria.
“Agora estou na expectativa de voltar às aulas presenciais. Estamos há mais de
um ano com as aulas remotas e as crianças pedem para a gente esse retorno. No
ano passado, não conseguimos nos despedir deles. Espero que essa vacina nos dê
mais segurança para retornarmos aos trabalhos com eles”, ressaltou. Ela
trabalha no Centro Educacional Infantil (Cei) Pró Vida, no Recanto das Emas.
Apesar da distância e de todas as dificuldades que a pandemia impôs, a
instituição, ela conta, também fez um papel de acolhimento às famílias carentes
da região. “Recebemos doações de cestas básicas e distribuímos para quem estava
precisando. Foram 6.500 cestas entregues no ano passado. Este ano, conseguimos
doações de ovos de páscoa para dar às crianças”, relata.
A educadora Clemilda
Mendes da Silva, 43 anos, não escondia a felicidade de receber a vacina. “Para
mim esse é um momento de esperança. De vencer essa batalha contra a covid-19”,
ressaltou. A profissional que também trabalha no Centro Educacional Infantil
(Cei) Pró Vida, conta que a ansiedade de poder retornar para as aulas
presenciais é grande. “Estou contando os dias”, afirmou.
Para receber o
imunizante, os trabalhadores devem apresentar crachá funcional ou contracheque
recente para comprovar o vínculo e documento de identificação com foto e CPF.
Na unidade básica de saúde 1 do Guará, está sendo ofertada a modalidade por
drive-thru e a aplicação da dose na sala de vacinação. Além do atendimento aos
professores, a unidade também está recebendo a população que já estava agendada
para receber a vacina contra a covid-19 e dos idosos acima de 60 anos.
As religiosas da
Congregação Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações São Felippo Smaldone, que
atuam na creche do Paranoá, foram vacinadas ontem. Vitória Pereira Braga, 21
anos, reforçou o sentimento de que as crianças clamam pelo retorno presencial.
“Estamos ansiosas para a volta”, disse.
Força-tarefa: Na
tarde de ontem, a força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT), que fiscaliza as ações de enfrentamento à pandemia da
covid-19, solicitou à Secretaria de Saúde informações sobre a vacinação dos
profissionais da educação. Entre as explicações solicitadas, o MP quer saber
quais foram os critérios usados para selecionar os trabalhadores contemplados
nesta fase. Além disso, o órgão pediu informações sobre os fundamentos para a
escolha dos profissionais de creches públicas e privadas que receberão o
imunizante.
No documento
encaminhado à Saúde, o Ministério Público questionou se os gestores das escolas
públicas serão efetivamente contemplados nesta etapa da vacinação e quais os
critérios para a escolha dos profissionais. A equipe da força-tarefa solicitou
ainda as informações enviadas à Secretaria de Educação para a seleção dos
trabalhadores e, ao fim do período, a lista dos que tiverem sido efetivamente
vacinados.
UnB defende quebra de
patente: O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília
(UnB) aprovou, ontem, nota em defesa da quebra de patentes de vacinas contra a
covid-19, diante do atual cenário epidemiológico e baixa cobertura vacinal no
país. A decisão foi tomada durante reunião para autorizar o orçamento da
instituição para 2021. "A quebra de patentes, mesmo que temporária,
beneficiaria todos os países, aumentando a capacidade mundial de produção e a
consequente diminuição da escassez das vacinas, impactando na política de
preços atualmente praticada pelas poucas companhias farmacêuticas que as
produzem", diz o texto.