A lista de iniciativas
é grande. O governo do Distrito Federal, para começar, pretende transformar
Brasília em uma Cidade Inteligente — nome do projeto da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Inovação (Secti). O objetivo da proposta é melhorar a qualidade de
vida da população por meio do aperfeiçoamento de tecnologias, além de trabalhar
com soluções técnicas para resolver demandas do DF. O subsecretário da pasta
Luciano Cunha de Sousa exemplifica que, se houver um controle de buracos na
rua, será possível resolvê-lo de forma rápida.
“Caso tenhamos um
monitoramento de buracos na rua, que todo ano ocorre, sempre no mesmo lugar,
posso tomar uma solução de trocar o asfalto da rua inteira, por exemplo, em vez
de tapar só o buraco. Os bueiros, todo ano entopem. Se for recorrente, algo de
errado está acontecendo. Com a integração de informações, consigo identificar o
problema e buscar meios de resolver”, afirma.
Com a pandemia da covid-19, o mundo percebeu a importância dos aparatos
tecnológicos nas atividades cotidianas, tanto no lado pessoal como no
profissional. De acordo com Luciano Cunha, durante o ano de 2020, vários órgãos
de governo utilizaram os mecanismos tecnológicos para ofertar serviços. “Já
temos aplicativos que a população pode acessar os serviços públicos. Vimos isso
ocorrer com grande peso durante a pandemia. Queremos ampliar ainda mais, por
isso criamos o Plano Diretor da Cidade Inteligente que estabelecerá diretrizes
no poder público para gerar melhores resultados para a população”, destacou o
subsecretário.
Essa proposta,
atualmente, se encontra em fase de consulta pública para participação popular.
Quem quiser acompanhar e contribuir com propostas e sugestões pode acessar o
site da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF e procurar por
Cidade Inteligente. Além disso, a pasta promoverá, até o final de junho, webinários
para tratar sobre assuntos pertinentes como educação, planejamento urbano,
desenvolvimento social, segurança alimentar, esporte, cultura, entre outros
temas.
Na avaliação do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF,
Gilvan Máximo, em um período pandêmico, reforça-se a necessidade de buscar
soluções criativas focadas no cidadão. “O Projeto Brasília Inteligente tem
envolvido toda a estrutura do GDF para mapear os projetos existentes e as novas
iniciativas. A proposta está focada em incentivar a busca pela sinergia entre
os projetos, o compartilhamento de dados e de infraestrutura, sempre com foco
em melhorar a qualidade de vida do cidadão. Brasília será uma cidade
inteligente, e estamos trabalhando muito para isso”, afirma Gilvan.
Para além do projeto
de cidade inteligente, a pasta está à frente de outras iniciativas como o Wi-Fi
social, a Reciclotech — voltada para a reciclagem de lixo eletrônico, e a
promoção de cursos gratuitos em parceria com o Sebrae e o Senai.
Apoio: O Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal
(Sebrae-DF) presta apoio aos microempreendedores locais desde 2019, quando o
tema da inovação foi tratado de forma globalizada no evento Sebrae Capital
Digital. “Entramos pela primeira vez nesse universo de inovação com um grande
debate, no Parque Biotic, em dois dias, com palestrantes de ponta. Em 2020,
chegou a pandemia, mudamos e criamos o Inova Digital Sebrae (com 17 mil
inscritos) para fazer um debate mais amplo das oportunidades do marketing digital,
e mais ético sobre a utilização desses novos canais. Não basta só ensinar as
pessoas a utilizar esses canais como alternativa de negócio. Precisamos formar
limites éticos também”, comenta Valdir Oliveira, superintendente do Sebrae-DF.
Ele acrescenta que a
instituição apoia os microempresários pelo projeto Agente Local de Inovação
(Ali), com o intuito de “levar inovação para quem tem uma pequena padaria ou
uma oficina mecânica, por exemplo”. “Essa inovação é outra forma de fazer
negócio, é o que vai melhorar a produtividade. No Brasil, a gente tem um
problema, que é a eficiência das nossas empresas. Falta investimento em
inovação para elas. Quem quiser é só solicitar ao Sebrae-DF o acompanhamento”,
informa. O Ali já possui 548 empresas participantes no primeiro ciclo do
projeto.
Nascido em Planaltina
(GO), Adriel Oliveira, 32, é o fundador da startup Cogumelo Shimejito, que
criou uma rede de fazendas urbanas colaborativas para a comercialização do
alimento a empresas ou pessoas comuns. O protótipo do projeto foi criado pelo
Sebrae Lab, em 2017, e escolhido para um programa em Portugal, no ano seguinte.
“Na nossa tecnologia, você tem dois diferenciais. O custo é mais baixo, visto
que a gente tem uma tecnologia própria e os cogumelos crescem duas vezes mais rápido
do que o normal. Você contrata a Shimeji para entregar as instalações e a
Shimejito para fazer a compra e produção da estruturação”, explica.
“No nosso caso, o diferencial é a parte de poder ser uma empresa de
qualificação de jovens alinhada aos projetos de qualificação ambiental para
essa nova onda de desenvolvimento econômico digital. Entre investidores e
funcionários, somos 16 e 8 farmers (fazendeiros). Nosso produto principal não
são os cogumelos, são os micélios (parte vegetativa do cogumelo). Somos uma
empresa de tecnologia e serviços, não produtores. Nosso produto é a marca”,
acrescenta Adriel.
Outra linha de apoio às empresas é ofertada pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial do Distrito Federal (Senai-DF), com cursos de
capacitação, consultorias, projetos de incentivos, entre outros. De acordo com
o diretor-regional do Senai-DF e superintendente do Sesi-DF, Marco Secco, neste
ano de 2021 há cerca de 1.600 empresas atuando em parceria com o Senai nas mais
variadas frentes. “O Senai nacional é referência em instituto de inovação e
tecnologia.
Aqui no Distrito Federal, temos o foco na construção civil, com vários serviços
de consultoria e de tecnologia da informação”, pontua Marco, que destacou a
indústria 4.0 como uma das ferramentas essenciais em qualquer trabalho
desenvolvido por pequenas e grandes empresas. “
Pelo Senai-DF, foram mais de 3 milhões de máscaras fabricadas na pandemia, além
de face shield feitas em impressora 3D e a laser.
“ Levar inovação para quem tem uma pequena padaria ou oficina mecânica é outra
forma de fazer negócio, é o que vai melhorar a produtividade” (Valdir
Oliveira, diretor superintendente do Sebrae-DF)
FAP-DF fomenta quase 3
mil projetos: Em 2021, apesar do orçamento da Fundação de Apoio à Pesquisa
do Distrito Federal (FAP-DF) ter caído de cerca de R$ 400 milhões para pouco
mais de R$ 100 milhões, a Fundação readequou o fomento proporcionalmente, de
acordo com o Quadro de Detalhamento de Despesa (QDD) indicado pela Secretaria
de Economia do DF. “A FAP-DF tem 2.979 projetos fomentados em andamento, ou
seja, são 2.979 pesquisadores apoiados pela fundação, trabalhando em pesquisas.
No entanto, dentro de cada projeto há, ainda, alunos bolsistas participantes
dos projetos, o que faz com que esse número seja ainda maior. Mas esse é um
dado que demanda mais tempo para refinamento e precisão do número exato de
bolsistas”, afirma o diretor-presidente da FAP-DF, Marco Antônio Costa Jr.
Segundo a fundação,
novos editais estão sendo lançados em 2021, ano em que o QDD prevê R$
88.645.408,97 em custos para as atividades finalísticas, ou seja, para fomento,
difusão científica, pagamento de bolsas de estudos e transferências. Todas
essas atividades são contempladas ao longo do ano dentro dos editais e chamadas
que lançamos.
Em 2020, a FAP-DF firmou o Convênio 03/2020, com investimento de R$ 30 milhões (orçamento
global do convênio) para fomentar projetos e ações de pesquisa, inovação e
extensão destinadas ao combate da covid-19. No âmbito deste convênio, mais de
40 projetos de pesquisadores da UnB foram selecionados, dos quais 18 foram
contratados e estão em andamento, totalizando R$ 12.937.842,05 em fomento.
UnB: Em nota, a
Universidade de Brasília (UnB) informou que conta com 607 grupos de pesquisa
certificados, em todas as áreas do conhecimento, e quatro Institutos Nacionais
de Ciência e Tecnologia. A interação com o setor produtivo cresceu
substancialmente: de uma média de 12 tecnologias protegidas por ano, a UnB
chegou a 144 em pouco mais de três anos (dados coletados em 2020).
2.979 projetos em andamento; R$ 88 milhões para pesquisa e difusão
científica
Educação desenvolve competências: O Serviço Social da Indústria do Distrito Federal (Sesi-DF), também tem atuado como um fomentador de iniciativas tecnológicas com viés voltado para a educação básica. Desde 1969, o Sesi-DF tem atuado com atividades educacionais com o Centro de Ensino voltado para alunos do ensino fundamental e médio. Um dos grandes destaques, é a utilização da robótica como componente curricular desde 2008. Para a gerente de educação da rede Sesi de educação, Núbia Rosa, esse trabalho ajuda os estudantes a se desenvolverem com práticas inovadoras e que englobam outras áreas do saber. “Neste ano de 2021, implementamos a Educação Tecnológica na base curricular, que potencializará a formação dos estudantes para o trabalho em um mundo de tecnologia”, ressalta.
De acordo com ela, os
alunos aprendem a desenvolver competências para se ajustar no mercado de
trabalho que, cada vez mais, tem buscado incorporar ferramentas tecnológicas.
“Na Educação Tecnológica, é passado para os estudantes uma iniciação
científica, mesmo que eles não se tornem cientistas, mostramos um caminho, além
de competência de programação e designer de robô”, relata.
Desde 2014, o Sesi-DF desenvolve competições de robótica entre os alunos das
unidades de ensino. Em cada edição é proposto um tema e o objetivo é que as
equipes desenvolvam soluções inovadoras e montem um circuito com robôs de lego
dentro das competições. “O mundo passa por uma aceleração e buscamos, através
do torneio, incentivar a criação de alternativas desenvolvidas pelos
estudantes, dentro da realidade deles”, afirma Núbia.
Vitor Ferreira de Azeredo, 16 anos, estudante do Sesi Gama, participou da
equipe vencedora do torneio regional de robótica neste ano — que ocorreu de
forma remota devido às limitações da pandemia. “Foi bastante divertido o
torneio on-line, confesso que estava meio receoso desse novo formato, mas
tivemos que nos adaptar. Fizemos vários ensaios e mesmo com todas as
adversidades conseguimos o prêmio”, conta Vitor, integrante da equipe Lego
Field. O grupo desenvolveu uma cinta para gestantes que avisa quando o movimento
cardíaco está alto durante a prática de exercícios físicos. “A ideia surgiu
quando, lendo sobre o tema, percebemos que as grávidas eram um grupo muito
prejudicado em relação às atividades físicas e pouco explorado para soluções.
Nove meses é muito tempo para ficar sem uma prática de atividade física, então,
criamos essa cinta para facilitar”, explica. O projeto inclui uma cinta de
material em elástico com apoio nas costas e sensor cardíaco.
O morador do Gama, também foi vice-campeão no torneio de robótica em nível
internacional, em 2019. Na ocasião, a equipe Lego of Olympus criou sacos de
dormir adaptados para astronautas. “O tema era soluções para melhorar a
qualidade de vida dos astronautas. Então, pensamos sobre como eles dormiam, que
não era algo muito confortável. Criamos uma manta térmica com sensores
vibratórios que massageiam, dessa forma, faz com que dilate os vasos sanguíneos
e libere todos os hormônios necessários para um bom sono”, explica Vitor que
consultou o astronauta brasileiro, Marcos Pontes, para se basear no
desenvolvimento do projeto.