Você é mesmo candidata à presidência
da OAB-DF? Há um movimento muito forte e
crescente na advocacia do Distrito Federal dizendo que uma mulher capaz de
promover uma verdadeira mudança no comportamento da direção da OAB-DF deve
assumir o comando da entidade. Tenho recebido um chamamento vigoroso das minhas
colegas e dos meus colegas que reconhecem na minha pessoa a capacidade de
cumprir os compromissos necessários para promover essa mudança com equilíbrio e
honestidade. Fui candidata à vice-presidente na eleição anterior, com um sonho de
contribuir para ter uma OAB participativa, representativa. Isso fez com que eu
me aproximasse da advocacia de base com muita intensidade nos últimos anos. E
isso significa ver de perto as insatisfações, os desejos de mudança. Vem
crescendo nesse período uma quantidade muito grande de colegas que entendem que
meu nome deve ser posto como pré-candidata à presidência da OAB-DF. Em função
disso, fizemos uma pesquisa muito profunda a respeito da advocacia. Temos
estudado a realidade, estamos levantando as necessidades, praticando a escuta
ativa e entendendo as razões das insatisfações.
Enfim, essa é uma construção de um
movimento que tem defendido que a Ordem precisa recuperar seu prestígio junto à
advocacia e à sociedade. Sou uma profissional que milita na advocacia há 18
anos e conhece de perto os “corres” da nossa profissão. Sou professora há 13
anos e mãe de dois filhos. Sei o que é ser uma mãe advogada militante. Entendo
que é hora de contribuir mais efetivamente para a advocacia no Distrito
Federal. Sabemos que a Ordem tem estado distante e esquecida dos seus
propósitos de acolher, ouvir, cuidar, fortalecer a advocacia. E quando isso
acontece, é hora de mudar. E, assim, fui instada a me colocar como
pré-candidata.
Aceitaria uma negociação para
apoiar outro nome do seu grupo para fortalecer a oposição ao atual comando da
OAB-DF? Ninguém é candidato de si mesmo.
Somos um movimento de transformação e evolução da OAB-DF. Neste
sentido, quero, sim, reunir pessoas com bons propósitos e espero merecer a
confiança de todas e todos para representar a liderança de um movimento vencedor.
Somos uma oposição consequente. Vamos avançar sendo uma oposição clara à atual
gestão, que se apequenou no momento em que a advocacia mais necessita da
instituição. Sou, portanto, pré-candidata de oposição. Hoje, eu me sinto muito
honrada com a confiança necessária para fazer uma OAB que trabalhe para
devolver a dignidade que tem sido retirada dos advogados, com mais canais de
escuta, mais plural, sem defesa de grupos e benefícios de alguns.
Quero ser presidente da entidade e
quero contribuir com este projeto coletivo, alicerçado no diálogo propositivo
de ideias. Queremos mostrar que há muito o que fazer.
Além disso, as mulheres precisam
se colocar para disputar e ocupar cargos de liderança.
Qual é a sua opinião sobre a
postura considerada política do presidente do Conselho Federal, Felipe Santa
Cruz, crítico de Bolsonaro e possível candidato ao governo do Rio? Todo advogado, ao receber sua carteira
profissional, faz o juramento solene: “Prometo exercer a advocacia com
dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas
profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado
Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a
rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições
jurídicas.”
Esse é um compromisso político em
si mesmo. Mas a OAB precisa ser uma entidade plural e suprapartidária, o que
não significa que deva se isentar politicamente. A Ordem sempre se pautou pela
defesa dos direitos, da democracia e do Estado Democrático de Direitos. Essa
deve ser a política da entidade.
Toda vez que qualquer um violar
qualquer um desse pontos, a Ordem deve se manifestar e agir, independente de
quem seja.
Você vai trabalhar para ter o
apoio de Ibaneis Rocha? Fui conselheira quando ele foi presidente. É consenso que ele foi um
grande presidente, tem respeito na categoria. Mas hoje ele é governador do DF,
tem responsabilidades mais amplas. Precisamos respeitar o distanciamento que
ele deve manter. Trabalharei para o ter o apoio dele e de toda a advocacia.
Acredita que o governador vai se
envolver na eleição da OAB-DF? Acredito que, neste momento, o governador Ibaneis Rocha tem desafios
mais relevantes à frente do Distrito Federal. A OAB-DF foi muito bem gerida por
ele, nos mandatos em que ele esteve à frente da entidade, ele sempre será uma
referência para a advocacia, mas certamente agora ele está envolvido em
questões mais complexas que a política da OAB-DF.
Por que a campanha aberta começou
tão cedo? Não se trata de campanha aberta.
Até porque a campanha tem que respeitar os prazos legais. Existem prazos e
ritos que precisam ser respeitados. Mas por conta da crise — a maior crise
sanitária que já vivemos — por conta da agudização dos problemas, das urgências
que nos foram impostas, precisamos discutir e até pressionar a atual gestão a
fazer mais pelos advogados do DF. Os advogados e as advogadas querem e precisam
se movimentar por uma OAB-DF melhor. Queremos de volta o papel de protagonismo
e o papel social que a OAB-DF precisa ter. Não é campanha, é um movimento, um
debate, um amadurecimento de ideias.