Para o próximo
semestre, o Coral da UnB já tem convites para apresentações em festivais
nacionais e internacionais, mas há receio por conta da pandemia
O que começou como uma despretensiosa iniciativa de
estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e de membros da comunidade para
animar os festejos de Natal nos idos de 1980, se transformou num dos mais
conhecidos grupos de canto da cidade. Assim começou a história do Coral da UnB.
De lá para cá, se vão 40 anos de um projeto que resistiu ao tempo, se
profissionalizou e, mesmo em meio à pandemia, celebra sua entrada na quarta
década de existência da melhor maneira possível: com uma apresentação
virtual.
A programação ocorreu no último dia 30 de junho e
reuniu regentes e cantores que fazem parte da história do coro, vocalizando
performances clássicas e canções inéditas. Ao contrário dos concertos
tradicionais, a celebração foi transmitida e disponibilizada no canal do
YouTube,>>>> (https://youtu.be/sVf65MhBGVc) do grupo, um novo capítulo para o
coral, que precisou se adaptar ao contexto de distanciamento social imposto
pela covid-19. (Vídeo ....)
Composto por integrantes de variadas idades e profissões, o Coral da UnB segue sob a regência do maestro Éder Camúzis, preserva a paixão pela música e mantém o objetivo de difundir o canto coral em Brasília, no Brasil e no exterior. Um trabalho oficialmente reconhecido desde 2013, quando a Lei Distrital nº 5.155 lhe conferiu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal. (David Junker, 60 anos, foi um dos fundadores do Coral da UnB)
Para a ex-coralista Eleni Fagundes, o momento que
esteve presente no grupo foi único e representativo em sua vida. “Tive a honra
de ser regida pelos melhores maestros de Brasília e fazer amizades que são para
a vida toda. Muito obrigada Coral da UnB”, agradece. Eleni entrou no Coral da
UnB em 1994, ano em que o grupo participou de um festival no Canadá.
Já para o professor da Escola de Música de Brasília
André Vidal, 49 anos, a passagem não o marcou só afetivamente, mas faz parte de
sua história profissional. “Trabalhei com a técnica vocal do coro entre 2010 e
2019. No caso, estive em todos os concertos em Brasília, além de ter feito a
preparação para todas as viagens nacionais e internacionais”, conta.
Com a pandemia, integrantes do coro precisaram reaprender a cantar juntos por
meio de plataformas de comunicação virtual
Palco
virtual: Durante a pandemia, os ensaios passaram a ser
remotos, virtualmente, e para o maestro Éder Camuzis, 53 anos, foi um desafio
para todos os integrantes, desde obter familiaridade com a tecnologia até o
tempo dos ensaios. “Não tem como todos cantarem ao mesmo tempo, então, até
unir, ouvir, às vezes não funciona direito”, explica. Integrante há 20 anos do
grupo, ele pondera que também existem vantagens nessa adaptação. “Tivemos que
reaprender a forma de ir ao palco, que agora é virtual. Existe a produção dos
coros virtuais, ou seja, são aqueles mosaicos que a gente cria, e o Coral da
UnB tem feito isso muito bem”, complementa.
Ano passado os trabalhos estavam focados na
produção de vídeos em comemoração ao aniversário. “Montamos como se fosse um
documentário sobre a vida do Coral da UnB com a participação de todos os
ex-maestros, passando por vários cantores, que já participaram desde a fundação
e que cantam até hoje. Pianistas e produtores de técnicas vocais também estão
presentes. Conseguimos muita ajuda para criar esse documentário”, se emociona o
atual maestro do grupo.
Para o próximo semestre, ele revela que já há
convites para apresentações, mas ainda há receio por parte dos membros devido à
pandemia. “Recebemos alguns convites para participar de festivais dentro e fora
do Brasil e temos vontade, mas tudo depende da vacinação no Brasil. Porque o
coral é isso, é contato, é o calor humano, é esse contato físico, regado a
muita alegria e muita amizade”, finaliza Camúzis.
O início: O aposentado David Junker, 60 anos, foi um dos fundadores do Coral da UnB e permaneceu à frente do grupo de 1981 até 1983. Ele se ausentou para fazer mestrado e doutorado nos Estados Unidos na área de canto coral. Ao retornar ao Brasil, criou o coro sinfônico comunitário da UnB, em 1991. Ele ressalta que o espírito de solidariedade que motivava as apresentações foi fundamental para a consolidação do coro da UnB. “Quando começamos, fazíamos música nas superquadras e em abrigos de crianças e idosos. Era muito gratificante”, relata Junker.