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Faleceu: Yara Curi, 92 anos, pioneira...

Yara Curi, 92 anos, pioneira. Com a saúde debilitada, a empresária morreu na madrugada de ontem, em casa. Ela foi enterrada ao lado do marido, Roberto Curi, na Ala dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul, e deixa três filhos e sete netos. Altiva e acolhedora, é assim que amigos e familiares lembram de Yara

 

Pioneira de Brasília, Yara Wassita Curi morreu, na madrugada de ontem, aos 92 anos. Uma personalidade que marcou história com a forte presença no meio social e político da capital, além da atuação como procuradora do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM) e o trabalho como empresária ao lado do marido, Roberto Curi. Yara estava com a saúde bem debilitada nos últimos anos e, há três dias, testou positivo para a covid-19. No entanto, a filha Karina Curi afirma que a morte da mãe foi em decorrência do avanço da idade.

 

Yara Curi se junta ao marido, Roberto Curi, que morreu em fevereiro, aos 89 anos, por complicações da covid-19. Os dois foram enterrados, lado a lado, na Ala dos Pioneiros, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. O sepultamento da empresária ocorreu sob forte comoção de familiares e amigos da família. O amor entre o casal foi celebrado com a canção de Roberto Carlos, Como é grande o meu amor por você, que marcou a união dos dois, ao longo dos 54 anos de casados.

 

Apesar da dor pela perda dos pais em tão pouco tempo, Karina fala com serenidade do falecimento do casal. Para ela, tudo aconteceu como tinha que acontecer. “Meu pai teria sofrido muito se minha mãe tivesse partido primeiro. Ele tinha consciência de tudo, já ela, pela fragilidade de sua saúde, não. Quando ele morreu, dissemos para ela que ele estava viajando. Acreditamos que a poupamos um pouco da ausência dele”, diz. “Esses dias todos, ela falava com ele, olhava para o vão da porta do closet e dizia, ‘Meu neguinho, você vem me buscar’. O amor deles era um poema”, completou a filha.

 

Uma mulher moderna, de personalidade forte, conhecida como a dama da sociedade. É dessa forma que Karina descreve a mãe, que deixará saudades. “Minha mãe, em vida, tinha um carinho enorme pelos jornalistas. Uma mulher muito popular com muitas amigas, espalhando sempre boas energias. Sempre com o coração grande para acolher a todos que precisavam de uma palavra, um abraço. Realmente ela fez história”, pontua Karina.

 

O ex-governador do Distrito Federal Rogério Rosso, que foi casado com Karina, fala com carinho sobre Yara Curi. “Dona Yara tinha uma luz muito forte, igual a sua perseverança e altivez. Poucos sabem, mas Dona Yara escrevia como poucos — contos, poemas e poesias — cuja maior inspiração foi, certamente, a dedicação à família e, em especial, ao amor incondicional que ela tinha pelo Sr. Roberto. Agora, os dois estão juntos novamente, no céu, e tenho certeza que, lá do alto, eles continuarão a cuidar e zelar de todos que amam por aqui”, ressaltou. “Nesses 30 anos de convívio com a Dona Yara, só tenho a agradecer a cada momento que passei ao seu lado”, completou Rosso.

 

Amiga de longa data de Yara, a colunista do Correio Braziliense Jane Godoy destaca alguns momentos marcantes que teve ao lado da empresária. “Quando cheguei em Brasília, em 1969, Yara Curi já tinha um nome forte na capital. Uma mulher altiva, acolhedora, sincera. Lembro que, quando assumi a coluna 360 Graus, no Correio, há 18 anos, ela me procurou e disse: ‘vem aqui, tenho algo a te dizer’. Naquele momento, temia o que ela ia achar da coluna. E com seu ar maternal, ela segurou as minhas mãos e falou: ‘parabéns, minha filha, você tem um texto impecável, vai em frente’. Acho que a opinião de nenhum acadêmico teria tanto peso como foi as palavras dela”, relembra a jornalista.

 

Para Jane, Yara era um exemplo de mulher à frente de seu tempo. Em uma época quando as mulheres tinham um forte papel de mãe e esposa, a senhora Curi se mostrou — à sua própria forma — uma maneira de se posicionar como pessoa. “Ela serviu de modelo para outras mulheres”, garante Jane Godoy.

 

Yara Wassita Curi nasceu no Rio de Janeiro, em 2 de agosto de 1929. Foi criada em Minas Gerais e veio para Brasília nos primeiros anos após a inauguração da capital, com a filha mais velha, Consuelo, fruto do primeiro casamento. Conheceu Roberto Curi, e, três meses depois, estavam casados. Foi uma das principais incentivadoras do negócio da família e, em 1967, fundou a Curinga dos Pneus, junto com o marido. Ela também participou de várias frentes sociais, como o Clube Soroptimista Internacional de Brasília. Yara Curi deixa três filhos — Karina, Consuelo e Roberto — e sete netos.



Cibele Moreira  – Adriana Bernardes - Foto: Aureliza Corrêa/CB/D.A.Press - Correio Braziliense.




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