O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu parecer contrário, ontem,
ao projeto Viva Centro, cujo objetivo é revitalizar áreas centrais da capital
federal. Com a posição do instituto, a iniciativa fica parada. A principal
proposta do Viva Centro para o Setor Comercial Sul (SCS) é separar até 30% do
local para uso residencial. “Vamos tentar uma nova rodada de diálogo com o
Iphan”, afirmou o governador Ibaneis Rocha (MDB) ao Correio. “Não adianta o
governo fazer uma grande reforma lá, como está previsto e estamos fazendo, e
não revitalizar a ocupação. Não adianta colocar a infraestrutura, sem uma
ocupação que otimize, nem fazer melhorias se o espaço continuar abandonado, no
sentido de circulação de pessoas e atividades”, completou o chefe do Executivo
local. Um levantamento de agosto do Sindicato do Comércio Varejista
(Sindivarejista) apontou que o SCS tem, pelo menos, 101 lojas fechadas e 680
salas sem funcionar.
O Viva Centro havia sido aprovado em audiência pública, em novembro, e estava
pronto para ser encaminhado à Câmara Legislativa. As entidades que representam
o comércio da região e o Governo do Distrito Federal (GDF) foram pegos de
surpresa com a decisão do Iphan — segundo eles, o instituto voltou atrás na
ideia de aprovar o projeto. O órgão apontou que são necessários outros estudos
técnicos com detalhamento mais aprofundado da proposta. “Realizarei os estudos
pedidos pelo Iphan. Isso já fazia parte do nosso plano de trabalho. Mas, em uma
segunda fase. Agora, será preciso muito mais tempo”, destacou o secretário de
Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF, Mateus de Oliveira.
O vice-presidente do Sindivarejista, Sebastião Abritta, acredita que a
revitalização do local é necessária. “Isso traz empreendimentos e gera
empregos, além de desafogar um pouco os transportes públicos e o trânsito de
carros. Estamos em um momento de facilitar a implantação do desenvolvimento e,
onde não há fluxo de gente, não há comércio”, avalia. O GDF propôs o Viva
Centro na forma de um Projeto de Lei Complementar (PLC) em setembro de 2020.
Proposta busca atrair
investimentos e movimentar a economia do local- Instituto pediu mais
estudos sobre a revitalização. Um dos objetivos é tornar até 30% da região
comercial em moradias
A iniciativa divide opiniões. O Viva Centro é apoiado por entidades
representativas do comércio que, inclusive, têm sede no SCS, como a Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) e o
Sindivarejista. No entanto, para o professor de arquitetura e urbanismo da
Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo, um verdadeiro diagnóstico
dos efeitos do projeto envolve não apenas levantamento da área, mas programas
governamentais posteriores à instalação de residências na região. “Não basta
colocar as pessoas em uma sala de escritório, é preciso pensar em como elas vão
viver no SCS em termos de desenvolvimento humano”, adverte.
Samanta Sallum -
Ana Isabel Mansur – Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense
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