Acervo de Lucio Costa será transferido para Portugal
O acervo
de Lucio Costa foi transferido para Portugal. Com dificuldades para
manter os mais de 11 mil documentos — cartas, esboços, projetos, fotos,
bilhetes e rascunhos — a família do arquiteto e urbanista, que morreu em 1998,
decidiu doá-lo para a Casa de Arquitectura, em Matosinhos, próximo a
Porto, com o compromisso de que seja preservado e difundido.
A
transferência do espólio do grande arquiteto causou controvérsia entre seus
admiradores, especialmente em Brasília. Até então, o material tão rico
encontrava-se no Instituto Tom Jobim, no Rio. Bem cuidado, mas a instituição
não pode mais mantê-lo.
O
arquiteto José Roberto Bassul postou no Facebook: “É verdade que as
instituições culturais brasileiras andam de mal a pior, depauperadas,
abandonadas, mas deixar que um acervo dessa importância, a história criativa de
um dos raros brasileiros de reconhecimento universal, seja transferido para uma
instituição estrangeira, por mais respeitável que seja, é de envergonhar o país
da vergonha. O que houve, ou deixou de haver, para que uma decisão como essa
fosse tomada? À falta de uma instituição específica para receber esse tesouro,
por que não o Arquivo Público do DF ou a Biblioteca Nacional, que, ao que
consta, ainda estão de pé? É triste demais. O Brasil está perdendo o Brasil…”.
Julieta Sobral, neta de Lucio Costa, respondeu: “Como era de se esperar, a noticia da doação do acervo LC sucitou indignações expressas de modo mais ou menos agressivo, dependendo do fígado de cada um. Ao longo dos ultimos 20 anos cuidei, junto com minha mãe, da preservação deste acervo. E por isso acho que deveriamos nos preocupar antes com a preservação e a difusão do que com a ‘posse’.
O Lucio é e sempre será brasileiro, assim como o seu legado, e não é a
posse fisica dos documentos que vai mudar isso! Ao contrário! O fato do acervo
estar numa instituição que tem capacidade de preservar e difundir esse
pensamento nos ajuda a dar um recado importante pro mundo e, nesse sentido é o
oposto do ‘movimento colonialista’ percebido por quem pensa na ‘posse’ e não na
difusão”.