No início, quando
decidiu comprar uma propriedade rural, a ideia era apenas ter mais espaço. No
entanto, a chácara adquirida já tinha entre 50 e 60 pés de goiaba. “A gente
pensou: o que fazer com isso? Foi aí que procuramos a Emater e tudo começou”,
lembra.
“Temos atendido muitos
casos assim, de pessoas que nunca tiveram ligação com a agricultura e, de
repente, se mudaram para uma propriedade rural. Esse também é o público da
Emater” (Isabella Belo, extensionista do escritório da Emater em Sobradinho”)
Seguindo conselhos recebidos por técnicos da
Emater, Michele e o marido decidiram podar as goiabeiras para verificar se elas
seriam produtivas. As que não produziram foram retiradas. Em seguida, também
sob orientação da Emater, iniciou a fabricação de geleias e o processo para
regularizar a agroindústria.
Além de goiaba, Michele cultiva figo e amora na
chácara. Ela conta que produz de maneira orgânica, mas ainda está em processo
de certificação. Somente quando todo o trâmite estiver finalizado ela poderá
usar o selo verde “Produto Orgânico Brasil”, que atesta a origem do alimento.
O restante das frutas que usa nas geleias – morango, jabuticaba, abacaxi, abacaxi com pimenta, maçã, pimenta, manga com damasco e cupuaçu – compra de outros agricultores. “Exceto o cupuaçu, que vem do Pará, as outras são todas do DF”, conta ela, que procura adquirir apenas produtos orgânicos ou agroecológicos, incluindo o açúcar usado na produção.
( Michele faz geleias de goiaba, figo e amora com frutas que ela mesma
cultiva. O restante das frutas que usa nos doces, compra de outros agricultores)
“Eu entregava geleia para a dona de uma loja do
shopping [Liberty] e um dia ela me falou da feirinha que acontecia no local
todas as quartas-feiras. Procurei o marketing do shopping e pedi espaço. Um
dia, um produtor que já comercializava verduras no local acabou desistindo e o
shopping me ofereceu o espaço dele”, conta Michele, que vende frutas,
hortaliças, geleias, ovos, pães, biscoitos e roscas fabricadas por ela e por
mais três produtores.
A participação na feira do Brasília Shopping também
surgiu da persistência de Michelle, que procurou a administração do centro
comercial depois de ler uma postagem nas redes sociais. Ela conseguiu o espaço,
aos sábados, onde vende os mesmos produtos do Liberty. Para a Ceasa, aos
sábados, leva bolos e geleias.
Ampliar a produção de frutas na chácara será o
próximo passo de Michele, para depender cada vez menos de outros produtores
Assistência técnica: Ampliar a produção de
frutas na chácara será o próximo passo de Michele, para depender cada vez menos
de outros produtores. “Ainda não consegui dinheiro pra fazer tudo que quero,
mas já está nos planos”, afirma.
E ela conta com o apoio da Emater também para isso,
conforme explica a extensionista Isabella Belo, do escritório de Sobradinho.
“Ajudamos a Michele desde o início, com manejo, plantio, regularização da
agroindústria, do selo de orgânicos com assistência técnica. Fornecemos todas
as orientações sobre cada um dos passos que ela deu, porque essa é função da
Emater.”
Isabella conta que movimentos como o da professora, que levava uma vida urbana e acabou se mudando para uma propriedade rural, têm sido cada vez mais comuns no DF. “Temos atendido muitos casos assim, de pessoas que nunca tiveram ligação com a agricultura e, de repente, se mudaram para uma propriedade rural, geralmente pequena, e começaram a produzir e a gerar renda. Esse também é o público da Emater. Podemos ajudar”, informa.