Thaís Riedel, candidata à presidência da OAB-DF
Sua chapa foi impugnada pelo presid ente licenciado da OAB-DF, Délio
Lins e Silva Júnior, candidato à reeleição, por suposta falsidade na inclusão
de advogados negros para atender à exigência das cotas raciais. Como você
rebate essa impugnação? Jamais
fraudaria as eleições e jamais usaria de qualquer subterfúgio para não cumprir
uma regra que julgo importante e necessária. Nossa chapa, diferentemente de
outras, colocou pessoas negras em cargos eletivos de destaque, como a
presidência da Caixa de Assistência dos Advogados e a Secretaria-Geral da
OAB-DF e para nós é mais uma questão de representatividade que de cumprimento
de normas. Durante 15 dias, fomos vítimas de um massacre sem precedentes na
história das eleições da Ordem. Dezenas de veículos de comunicação compraram a
ideia de que praticamos racismo, a chapa de situação fez um verdadeiro carnaval
com esse tema, que deve ser encarado da forma mais séria possível. Inclusive,
violando a intimidade das pessoas, publicando fotos de crianças, dados pessoais
como CPF e endereço, ferindo completamente qualquer parâmetro do razoável. Em
respeito ao tema, preferimos nos manter em silêncio e, como advogados, aguardar
a decisão da comissão eleitoral que fez justiça e rejeitou os pedidos de
impugnação formulados por Délio. A campanha e Délio Lins usou o fato não para
discutir a participação de pretos e pardos na OAB-DF, mas para tentar
desestabilizar a nossa campanha. Tentam esconder a gestão ineficiente que
fizeram, a falta de propostas para advocacia e partem para ataques pessoais e
perseguições infundadas contra a nossa chapa. Mas estou tranquila com a nossa
escolha. Escolhemos, como advogados, respeitar a norma e a norma dizia que o
critério para a definição da raça é a autodeclarção. No momento da inscrição
perguntamos para as pessoas como elas se declaravam e eu respeitei a
classificação de cada uma e cada um. Afinal, quem sou eu para dizer qual é a
raça de outra pessoa. Esse é um tema muito delicado, sensível, que as vezes
toca questões de foro íntimo que machucam. Não cabe a mim questionar.
A chapa dos verdes, que você lidera, é formada pelo grupo do governador Ibaneis
Rocha na OAB-DF. Ele está dando algum tipo de apoio para sua campanha? Ibaneis
Rocha foi um excelente presidente da OAB-DF. Fez uma gestão participativa,
altiva e preocupada com a advocacia e com a sociedade. E sobre ser do grupo do
governador, eu fui conselheira e presidente da Comissão de Previdência e
Seguridade Social durante sua gestão à frente da OAB-DF. Mas nossa chapa tem um
alta taxa de renovação. Cerca de 80% das 115 advogadas e advogados que integram
nossa chapa nunca concorreram a um cargo eletivo na OAB-DF. E dizer que todas
essas advogadas e advogados que estão se dispondo, trabalhando e empenhados em
fazer uma gestão mais democrática e participativa, atenta às necessidades da
advocacia do DF, são do grupo do govenador apequena a força e a disposição
dessas pessoas que têm trajetórias próprias e edificantes, cada um na sua área
e seu ambiente de atuação. Agora, Délio Lins e Silva Júnior se elegeu alegando
que Jacques Velloso seria puxadinho do Buriti, mas olhe nos Tribunais quantas
ações a OAB-DF, nas gestões de Estefânia, Ibaneis e Juliano, moveu contra o GDF
e quantas Délio moveu para ver que ele é que é o verdadeiro puxadinho do
Buriti.
Você organizou um ato pela abertura dos tribunais fechados por
conta da pandemia. Como essa situação prejudicou os advogados? Quero
dizer que sou uma ardorosa defensora dos avanços tecnológicos que foram
implementados no âmbito do Judiciário neste momento pandêmico e que devem fazer
parte da nossa realidade. Mas com o avanço da vacinação, é importante que os
Tribunais voltem a funcionar.
""O atendimento virtual dificultou o
contato do advogado com o magistrado, que é uma medida prevista no Estatuto da
Advocacia. Vimos diversos casos de magistrados que desrespeitaram advogados,
cortando a palavra antes que concluíssem o raciocínio em audiências virtuais e
uma baixa tolerância com problemas tecnológicos, que infelizmente são comuns
num país tão grande e desigual como o Brasil. Depois daquele movimento fizemos
contato com vários Tribunais na tentativa de abrir um canal de diálogo, mas até
o momento não tivemos retorno. E eu continuo perguntando: Onde estão os juízes
que até o presente momento não voltaram a atender os advogados presencialmente?
""