O Distrito Federal ultrapassou,
ontem, a marca de 70% da população acima dos 12 anos totalmente imunizada
contra a covid-19. A próxima meta da Secretaria de Saúde (SES-DF) é alcançar,
ao menos, 95% do público-alvo com as duas aplicações ou a vacina de dose única.
Para isso, a pasta prepara uma força-tarefa em pontos estratégicos da capital.
A ação, marcada para 20 de novembro, ocorrerá em 10 regiões administrativas,
nos pontos de grande circulação de pessoas. O objetivo é alcançar quem, por
algum motivo, ainda não compareceu às unidades básicas de saúde (UBS) ou aos
postos drive-thru.
Os registros da SES-DF
contabilizam 257.717 brasilienses nessa condição, quantitativo que engloba mais
de 57 mil adolescentes entre 12 e 17 anos — 20% do total de pessoas nessa faixa
etária no DF. Para atingir o público não alcançado até o momento, o novo
mutirão ocorrerá em duas frentes. A primeira terá equipes volantes nas ruas
para atender a população com mais de 18 anos que não iniciou o ciclo vacinal.
Os mais novos deverão se dirigir a UBSs específicas, onde haverá aplicação de
imunizantes da Pfizer/BioNTech e das doses de reforço — segunda (D2) e terceira
(D3).
Os locais e horários de
funcionamento dos pontos volantes estão em fase de definição. O subsecretário
de Vigilância à Saúde, Divino Valero, afirmou que os administradores regionais
vão repassar à SES-DF os endereços dos respectivos pontos de maior circulação
de pessoas nos fins de semana. Com essas informações, a pasta detalhará onde os
profissionais atuarão. Mesmo assim, a previsão é de que o atendimento ocorra
perto das UBSs. “Dessa forma, se um adolescente passar por nossas equipes
(volantes), ele poderá ser direcionado para receber a vacina na unidade mais
próxima”, destacou Valero, em coletiva de imprensa ontem.
Planejamento: Na avaliação da
pasta, o momento é ideal para a promoção de uma iniciativa desse porte. A
secretaria tem doses suficientes para fazer a busca ativa, segundo o
subsecretário, e planeja ampliar o alcance da campanha de imunização contra a
covid-19 no DF com mais ações desse tipo. “Minha expectativa é de que
cheguemos, minimamente, a 95% da população vacinada. Assim, teremos uma cobertura
vacinal ideal”, ressaltou Divino Valero. “Quanto mais pessoas vacinarmos, mais
conseguiremos garantir que, se houver uma terceira onda, por exemplo, ela não
passe de uma marola.”
O Dia D terá mais de 100
profissionais da saúde, mobilizados em cerca de 30 pontos de aplicação dos
imunizantes. As regiões administrativas que contarão com a força-tarefa são:
Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Planaltina, Plano Piloto,
Samambaia, Santa Maria, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e Taguatinga.
Na ação volante, as equipes vão
orientar quem está no prazo para tomar a segunda dose, bem como orientar idosos
e profissionais de saúde que completaram o ciclo vacinal há, no mínimo, seis
meses a procurar uma UBS. Quem estiver apto a receber a primeira dose (D1) será
vacinado no posto móvel. Basta apresentar documento com foto e número do CPF. O
sistema que fará o cruzamento de dados para fins de cadastro e controle do
público atendido é o mesmo usado atualmente pela SES-DF.
Até ontem, a capital federal tinha
2.265.422 milhões de pessoas vacinadas com a D1. Desse total, 1.693.199
concluíram o ciclo — 70,2% do público com mais de 12 anos, parcela apta a
receber as doses. Para a infectologista Ana Helena Germoglio, o ritmo de
vacinação do DF melhorou nos últimos meses. “O grande problema que existe é na
faixa dos adultos jovens. Uma parcela não buscou as doses por achar que a
situação está resolvida ou por pensar que, caso pegue a covid-19, não vai
desenvolver a forma grave da doença”, avalia a médica, que defende campanhas
frequentes de busca ativa.
Dos pacientes internados
atualmente nos hospitais de campanha, 80% não tomaram sequer a D1. Os outros
20% estão com ciclo vacinal incompleto. “Os números só confirmam a importância
da imunização. E, se as pessoas continuarem não se vacinando, poderemos ter uma
variante nova e novos surtos da doença”, destaca Ana Helena.
Três perguntas para Wildo Navegantes, professor de epidemiologia da
Universidade de Brasília (UnB)
Será possível um réveillon sem
máscara? O olhar da ciência me propõe que
recomendemos cautela. Estamos em pleno espalhamento da variante Delta no DF, a
cobertura vacinal não é tão alta, e o fluxo de pessoas de outros países
permanece. Os voos estão cheios, pois somos um hub com trânsito nacional e internacional
de pessoas, devido ao fato de se tratar da capital do país. Recomendo
paciência, prudência, máscaras, álcool em gel, vacinas. O vírus não vai dar
trégua se não nos ajudarmos. A situação está crítica na Turquia, em algumas
partes dos Estados Unidos... A pandemia não acabou.
Para 2022, a população pode
esperar o retorno à vida pré-crise sanitária? Espero que tenhamos aprendido com a pandemia. Por
que não usar máscara se você estiver com sinais de gripe? Por que não continuar
higienizando as mãos? Por que, ao tossir, não colocar o canto do braço
flexionado à frente da boca? Por que ir para uma sala de aula, por exemplo, sem
que os envolvidos estejam obrigatoriamente vacinados? Temos de nos preocupar
com todos. Meu direito de não me vacinar não é maior que o direito de proteger
os demais. Espero que tenhamos aprendido que o cuidado de si e das pessoas
passa por mudanças de hábitos. Se voltarmos ao que era antes, será como não
termos aprendido nada.
Transmissão estabilizada: A
taxa de transmissão da covid-19 no Distrito Federal se mantém estável. Ontem, o
indicador ficou em 0,69 pelo segundo dia consecutivo. O resultado é o menor
registrado neste e demonstra que cada grupo de 100 infectados pelo novo
coronavírus é capaz de transmiti-lo para, em média, outros 69 indivíduos.
No entanto, o DF apresentou leve
crescimento na quantidade de casos da doença. O mais recente boletim
epidemiológico diário divulgado pela Secretaria de Saúde registrou 146 novos
casos da covid-19 — sete a mais que os confirmados na quarta-feira. Apesar da
soma de ontem, a média móvel referente aos últimos sete dias teve queda de
41,8% na comparação com o verificado duas semanas antes. O total de infecções
chegou a 516.340.
Em relação às mortes, a pandemia fez 10.947 vítimas na capital federal. Nove delas entraram para a estatística da pasta ontem, após a confirmação dos óbitos — ocorridos entre 7 de setembro e 10 de novembro. A média móvel também fechou a quinta-feira em queda e foi 38,9% menor que a de 14 dias antes.
2,26 milhões: Pessoas com mais de 12 anos vacinadas com a primeira dose. 1,69 milhão: Público acima de 12 anos que completou o ciclo vacinal: 257 mil: Brasilienses não tomaram qualquer dose contra a covid-19