Até o momento, 4.816 jovens de 16
e 17 anos do Distrito Federal estão aptos a votar nas eleições gerais de 2022.
O número corresponde a apenas 10,26% do total de brasilienses que compõem esta
parcela da população. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral da capital
federal (TRE-DF), esse é o número de pessoas desta faixa etária que se
cadastraram no sistema. Apesar de não ser um número expressivo, especialistas
apontam para a importância de acolher esses jovens e inseri-los no processo
democrático. Eles afirmam que a escola seria o principal meio de iniciar a
formação da opinião política de cada um.
De acordo com o artigo 14 da
Constituição Federal, o voto é facultativo para jovens de 16 e 17 anos, e passa
a ser obrigatório a partir dos 18 anos. No entanto, Luma Catarine da Silva, 17
anos, não vai esperar chegar à maioridade para fazer parte do processo
eleitoral. “Quero tirar meu título de eleitor ainda este ano”, diz. Moradora de
Águas Claras, ela afirma que o interesse por política é algo passado pela
família e pela escola. “Em casa, sempre estamos por dentro dos acontecimentos.
Meus amigos mais próximos se interessam também”, conta Luma. Apesar disso, a
estudante do ensino médio relata que nem todos os adolescentes que conhece têm
o mesmo interesse. “Alguns vão mais na onda dos pais e não opinam muito”, diz.
O pai de Luma, Luiz Carlos da
Silva, 55, confirma que política é algo que sempre está em pauta na casa deles.
“Acredito ser natural que ela se interesse. Eu, por exemplo, sou muito inquieto
com essas questões, me posiciono. Ela nasceu com isso dentro dela”, afirma.
Sobre o título de eleitor da filha, Luiz explica que é uma prioridade. “Vamos
ajudá-la a tirar a documentação este ano. É indispensável”, complementa.
Aprendizado:O professor de
história contemporânea emérito da Universidade de Brasília (UnB) Antônio
Barbosa afirma que a importância de se votar antes dos 18 anos é para o
aprendizado do próprio jovem. “No conjunto eleitoral, esse grupo não tem tanta
força imediata, pois é numericamente menor. Mas ele é o futuro. Quanto antes
começarem a exercer a cidadania, mais cedo e melhor aprendem como o sistema
democrático funciona”, diz. Ele reforça que é preciso ter apoio e incentivo dos
pais e responsáveis. Para isso, cita três pilares: leitura, conversa e prática.
“A democracia é um aprendizado que nunca deixa de ocorrer”, diz.
Letícia Militão, 17, é moradora do
Sudoeste e conta que, na escola, a política é discutida com frequência. Ela,
que sempre se interessou pelo tema, vai registrar um voto no pleito de 2022.
“Ainda não tirei meu título, mas farei este ano”, diz. A estudante conta que a
maioria dos amigos se interessa pelo tema e pensa em votar no ano que vem, mas
que ainda há desinteresse por parte de alguns. “Alguns só não têm interesse,
outros se sentem desmotivados por causa da pressão que há em se posicionar.
Mas, de forma geral, conversando nós conseguimos tratar do tema”, relata.
Guilherme Guedes, 17, já tirou o
título de eleitor e pretende votar ano que vem. Porém, ao contrário de Letícia,
ele afirma que nem sempre gosta de falar sobre o assunto. “Depende com quem
estou falando, para não gerar uma discussão”, diz o estudante do terceiro ano
do ensino médio. Na escola, Guilherme diz que o assunto é tratado, mas não com
tanta frequência. ”Depende da aula e da matéria”, relata o morador da
Octogonal.
Incentivo: A professora de
educação da Universidade de Brasília (UnB) Edileuza Fernandes explica que o
incentivo escolar é essencial para formar o instinto crítico dos futuros
adultos. “A escola, como uma instituição formal de educação, tem um papel de
construção de consciência. Além de trabalhar os conhecimentos da ciência como
matemática, geografia e física, tem um papel importante no sentido de fazer com
que os estudantes possam compreender a sociedade, identificar os desafios e
tomar decisões de forma consciente”, afirma.
O incentivo escolar funcionou com
Maria Luísa Soares, 16, que tirou o título de eleitor assim que completou a
idade necessária. “O interesse veio na escola, durante um trabalho sobre os
presidentes do Brasil. Gosto de política e quero ajudar a eleger representantes
que possam, de fato, construir um país melhor”, comenta. A intenção da moradora
de Samambaia Norte é participar das eleições no ano que vem. Segundo ela, a
inserção dos jovens na política é de extrema importância. “O futuro do Brasil
está, principalmente, nas mãos dos jovens, uma vez que temos a mente mais
aberta que as gerações passadas”, diz.
A fim de incentivar os
adolescentes de todo o Brasil a tirarem o título de eleitor, o TSE criou o
“Bora Votar!”. O objetivo da ação é estimular o interesse dessa faixa etária em
participar da vida política e conscientizá-la sobre o potencial que o voto tem
de mudar a realidade do país. A campanha destaca que votar é um exercício de
cidadania que fortalece a democracia. Segundo a iniciativa do TSE, ao votar, a
cidadã e o cidadão podem ajudar a mudar o futuro da cidade, do estado e do
país. “Portanto, não permita que outras pessoas decidam por você. Por isso,
vote porque você pode, vote porque você quer, vote porque você se importa. Não
deixe de emitir sua opinião”, alerta a ação.