Para colaborar, é possível fazer doações de
diferentes itens, como chester, peru, pernil, panetone, chocotone, leite
condensado, creme de leite, gelatina sem sabor, frutas natalinas, cestas
básicas, roupas, calçados e brinquedos para as crianças, móveis e utensílios do
lar, materiais de limpeza e higiene pessoal, além de valores em dinheiro. De
acordo com Marianna Batista, supervisora substituta do programa, algumas
instituições ficaram três meses sem receber o repasse do governo este ano.
“Essas instituições vivem praticamente de doações. Para ajudá-los da melhor forma
possível, fizemos um balanço do que elas precisam, algumas estão recolhendo
material escolar para as crianças que vão estudar no ano que vem, outras pedem
roupas, cada uma tem sua necessidade”, explica Marianna.
Para quem não tem condições de colaborar
materialmente, tempo é um item muito bem-vindo. É possível se engajar em
trabalhos voluntários. “Se é psicólogo, enfermeiro, dentista, pedagogo ou de
qualquer outra área, pode ajudar com a oferta de serviços para os acolhidos, ou
até mesmo estar disponível para escutar, acolher e ajudar os adolescentes.
Sempre terá alguém precisando”, pontua Marianna Batista. Aprender a maquiar,
assim como influenciadores digitais, é o sonho de Carina*, uma das acolhidas da
Casa de Ismael, na Asa Norte. A adolescente de 13 anos quer ganhar, neste
Natal, um kit de maquiagem com rímel, delineador e base para pele negra. Há
dois meses na instituição, ela sente saudades da família e espera poder passar
a ceia natalina junto com os familiares. “Eu quero poder sair daqui logo, saudade
da minha liberdade”, afirma Carina.
A assistente social Vanessa Lima, 31, que atua na
Casa de Ismael, conta que os adolescentes são os que mais sofrem nesta época do
ano. Eles que vivenciaram bastante coisa, entendem um pouco mais a situação e
questionam muito porque as pessoas só lembram deles no Natal. “Muitas das ações
pensam apenas nas crianças pequenas, com brinquedo, e acabam deixando de lado
os maiores. E eles sentem bastante. O acolhimento é uma realidade bem cruel”,
detalha Vanessa.
Apoio: “A gente não quer só comida, a
gente quer comida, diversão e arte”, o trecho de uma música da banda Titãs foi
recitado pela administradora da Casa de Ismael, Andreia de Moraes, 36. De
acordo com ela, essas parcerias com voluntários têm um impacto positivo para os
acolhidos. “Tivemos um voluntário que se dispôs a levar as crianças e
adolescentes para almoçar fora. Claro, acompanhado com uma equipe de cuidadores
e com o transporte próprio da instituição. Esses eventos fazem parte da
natureza humana, e acontecem pouco. Uma saída para o parque, uma atividade
cultural ou de esporte traz alegria para eles, que passaram por muita coisa”,
comenta Andreia.
De acordo com ela, muitos dos acolhidos não
entendem a razão de estarem em um abrigo e isso os afeta muito. Os que têm
consciência precisam lidar com a incerteza do futuro, se voltarão a viver com a
família biológica, se terão um convívio social sem estigmas e preconceitos.
Todos esses fatores pesam e podem ser amenizados com um olhar de carinho e
atenção. “Quem quiser se voluntariar, basta entrar em contato com a gente.
Apresentamos a proposta para a equipe técnica do acolhimento para a autorizar a
atividade”, informa a administradora.
Andreia reforça a importância de manter, durante o
ano inteiro, as ações de doações de itens básicos, como alimentos, itens de
higiene e de vestuários, além das atividades de voluntariado. “Nesse período do
Natal, as pessoas estão mais abertas à rede de solidariedade, e isso é ótimo.
Mas temos necessidades durante os outros 11 meses. Se a sociedade toda sentiu
muito durante a pandemia, com as restrições e isolamento, imagine para quem
está em um abrigo”, aponta.
Carinho: Dezembro é um mês especial para
Clarice*, adolescente de 15 anos que vive na Casa Transitória de Brasília. “O
Natal representa muito na minha vida. Foi nessa época, quando eu morava no
orfanato, lá no Maranhão, que eu fui para uma família. Eu sempre pedia para ter
uma família e um pouco antes do dia 25 de dezembro eu consegui”, conta. Mas
essa não é a única memória marcante da data para Clarice.
“Quando eu morava lá no Maranhão, eu sofria muito
por meus pais não conseguirem comprar nenhuma comida para pôr na mesa. Não
tínhamos nada e eu acreditava muito no Papai Noel. Teve um Natal em que meu pai
chegou em casa com frango, arroz, refri. Ele ganhou dessas pessoas que dão
comida na rua. Foi um dia que a gente teve comida em casa”, relembra a jovem,
que na época tinha apenas 9 anos. Para este ano, Clarice sonha em ter uma
família novamente.
Mesmo com as adversidades e momentos difíceis na
família, Antônio*, 15, espera poder passar as festividades natalinas com os
familiares.
“Quero estar com a minha família, sem nenhuma
preocupação. Um Natal de paz, de convivência e harmonia”, planeja o acolhido.
Para Rebeca*, o único desejo é que a avó melhore. “O meu maior presente é que
minha avó possa sair do hospital para eu passar o Natal com ela. Além de poder
resolver pendências com a minha família”, afirma.
Apesar da saudade de casa, todos os acolhidos da
instituição são gratos por estarem em um lar com pessoas que prestam apoio e se
preocupam com eles. “Agradeço de coração todas as cuidadoras que nos receberam
de braços abertos. A gente podia estar passando fome, tem várias crianças que
estão na rua e estamos aqui com tudo. Eu cheguei assustada e fui recebida com
muito carinho. Eu podia parar em um abrigo de pessoas más”, ressalta Clarice.
*Os nomes dos acolhidos na matéria são todos fictícios, para preservar a identidade deles: Como ajudar ~~~ Para contribuir com a campanha do Anjos do Amanhã ~~~ Pode entrar em contato pelo e-mail anjosdoamanha@tjdft.jus.br ou pelos números de telefone/WhatsApp ~~~99591-3620 ou 99267-6082. Casa de Ismael ~~~ Pelo telefone 3272-4731 ou pelo e-mail administracao@casadeismael.org.br ~~~ Casa Transitória de Brasília~~~Pelo telefone 3356-8135 ou pelo e-mail psicossocialctb@gmail.com ~~~ Batuíra — Obras Sociais do Centro Espírita~~~Pelo telefones 3201-7811 e 3036-9101 ou pelo e-mail coordenacao@ccbatuira.org.br ~~~Casa do Caminho ~~~ Pelo telefone 3475-5210 ou pelo e-mail casadocaminhoorg@hotmail.com ~~~ Nosso Lar ~~~Pelos telefone 3301-1120 ou pelo e-mail nossolardf@ig.com.br ~~~ Outras instituições podem entrar em contato por meio do projeto social Anjos do Amanhã