Um milhão de pessoas devem passar
por Brasília até o final deste mês, quantitativo que inclui o período de festas
de Natal e ano-novo. Os dados são da Inframerica, empresa que administra o
Aeroporto Juscelino Kubistchek, e mostram que as perspectivas para o turismo na
capital são muito boas para este ano de 2022.
“Tivemos um reposicionamento de
Brasília como um destino reconhecido pelo Ministério do Turismo, pela Embratur
e por vários institutos de pesquisa”, comenta a secretária de Turismo, Vanessa
Mendonça. “Isso nos capacitou ao longo de 2021, inclusive para o lançamento de
diversos produtos, que foi um outro diferencial muito grande.”
Mesmo durante a pandemia, a
Secretaria de Turismo (Setur) deu continuidade ao projeto Rotas de Brasília,
investiu no artesanato candango, aproximou-se de outras cidades e estados por
meio de acordos de cooperação técnica e incluiu a capital federal na disputa
por sediar eventos nacionais e internacionais. (Vídeo ~~~~)
Acompanhe, abaixo, os principais
trechos da conversa.
Que roteiros são esses? “Tivemos um reposicionamento de Brasília
como um destino reconhecido pelo Ministério do Turismo, pela Embratur e por
vários institutos de pesquisa”
Começamos a apresentar Brasília sob perspectiva de uma experiência em
diversos segmentos. Por exemplo, nós lançamos a Rota do Rock, que foi um
reconhecimento a esse movimento que nasceu em Brasília. Lançamos a coleção
Rotas Brasília, sinalizando diversos roteiros, com as rotas Arquitetônica, do
Cerrado, Náutica, Cultural, da Paz, Fora dos Eixos e Cívica. Nós disponibilizamos
tanto o material impresso quanto o Google Earth, em português e em inglês. Com
isso, nós nos preparamos de uma forma muito mais atraente para essa experiência
da população e de quem chega de fora.
Além disso, temos parques maravilhosos e cachoeiras incríveis. Temos nas
regiões administrativas pontos turísticos que são simplesmente monumentais,
como é o caso do Santuário Arquidiocesano Menino Jesus, em Brazlândia. Nós
temos em Planaltina um museu, uma igreja, uma praça… Nós procuramos mostrar os
diversos segmentos, como o turismo gastronômico nas RAs [regiões
administrativas], que oferece menus maravilhosos com toda a nossa diversidade
do cerrado. Quando nós olhamos Brasília pelo turismo rural, é uma outra
experiência magnífica. Obtivemos um crescimento de 70% no turismo rural.
Elaboramos uma rota do enoturismo. São muitos eixos de desenvolvimento que
construímos ao longo desses três anos e que têm realmente feito com que o
Brasil olhe a sua capital. A capital ficou na sétima posição como o destino mais procurado para o verão.
Como foi o processo de mudar a imagem turística de
Brasília? “Acredito que, mais do que um comercial, temos que promover
Brasília por meio de ações concretas e roteiros que podem ser visitados”
São consequências de um trabalho que foi iniciado em janeiro de 2019, de
resgate de uma cidade sob o olhar do turismo. O nosso governo assumiu com os
pontos turísticos malcuidados e fechados, como a Torre de TV, a Torre Digital e
o Centro de Atendimento ao Turista –uma visão de Brasília muito ruim, de uma
cidade simplesmente vista como uma sede administrativa. Fizemos um trabalho de
resgate, de poder colocar todos esses primeiros pontos turísticos e os CATs na
Praça dos Três Poderes, no Aeroporto e no Setor Hoteleiro em funcionamento. Fizemos
a reforma nos CATs e da Torre de TV, e os processos de PPPs [parcerias
público-privadas] no Mané Garrincha e na Torre de TV Digital. Uma série de
obras e ações que devolveu à população essa possibilidade de viver a
experiência de Brasília, porque a cidade precisa ser boa primeiro para a
população. Se é, vai ser infinitamente melhor para o turista. Começamos com
ações muito importantes em 2019. Ao longo de 2020, mesmo com a pandemia, não
paramos. Tivemos um reposicionamento de Brasília como um destino reconhecido
pelo Ministério do Turismo, pela Embratur e por vários institutos de pesquisa.
Isso nos capacitou ao longo de 2021, inclusive, para o lançamento de diversos
produtos, que foi um outro diferencial muito grande.
Também houve cooperação com outros estados? Sim, outro fator muito
importante foi termos sido reconhecidos pelo Ministério do Turismo como case de
turismo nacional. Isso nos possibilitou receber ao longo de todo esse ano
inúmeros prefeitos de diversos municípios de todo o Brasil. Estivemos em São
Luís [MA], Recife [PE], Belo Horizonte [MG], no interior de Minas [Gerais], no
Rio de Janeiro, em Vassouras, criando uma promoção da nossa cidade. Acredito
que, mais do que um comercial, temos que promover Brasília por meio de ações
concretas e roteiros que podem ser visitados. Faz muita diferença.
O artesanato foi muito forte em 2021. Por que apostar nesse
segmento? “Queremos não só captar o evento, mas trabalhar para que o
organizador que chega de fora contrate, se possível, 100% da mão de obra daqui”
Eles [os artesãos] estavam absolutamente esquecidos, não havia uma
política pública voltada para o artesanato. Começamos um trabalho de abrir
espaços para que eles pudessem comercializar os produtos. Em todo e qualquer
evento ou projeto apoiado pela Secretaria de Turismo, há que se ter um espaço
cedido para que o artesão. Nós tivemos ao longo desse período mais de R$ 2
milhões comercializados pelos artesãos nesses eventos. Elaboramos novos
espaços, como a nossa loja no Pátio Brasil, em que recebemos em torno de 30
artesãos. A cada cinco meses, por meio de edital, esse número se renova para
que outros tenham oportunidade. São produtos maravilhosos e absolutamente
reconhecidos. Temos outra loja no Alameda [Shopping] e partimos para as regiões
administrativas. Tivemos a participação dos nossos artesãos em feiras
nacionais, a exemplo de Olinda [PE] e de Belo Horizonte [MG]. Pela primeira
vez, eles foram sem ter que pagar para transportar os produtos – o que tornava
inviável, representava até R$ 12 mil de despesa. Conseguimos reativar um
caminhão e buscar na casa do artesão o produto e levar para os locais. O mais
bonito foi ver todas essas pessoas levando Brasília para fora. Essa foi a minha
preocupação, multiplicar os locais onde os produtos podem ser facilmente
encontrados. Criamos plataformas on-line. Hoje, a Carteira do Artesão é emitida
e entregue por nós.
Qual é a expectativa do turismo de eventos? Estamos trabalhando de
forma muito intensa, mas, claro, seguindo todos os protocolos. O próprio
governador esteve em Portugal, e nós recebemos toda a comitiva do Web Summit.
Estamos disputando eventos nacionais e internacionais, feiras. A nossa vantagem
é muito grande. Temos um aeroporto maravilhoso. É o único com voos diretos para
todas as capitais no centro do país. Do aeroporto para um hotel, são 20
minutos. Temos uma rede hoteleira extremamente qualificada e diversificada.
Temos profissionais na área de eventos muito qualificados. Queremos não só
captar o evento, mas trabalhar para que o organizador que chega de fora
contrate, se possível, 100% da mão de obra daqui.
O que podemos esperar de ações
este ano para o turismo? Já temos várias rotas programadas para ser
lançadas até o final do ano. Uma que eu já adianto é a Rota sobre Rodas, que
foi elaborada para os motociclistas. São quatro eixos que já foram construídos;
nós desejamos apresentar as nossas paisagens para esse mototurista que se reúne
em eventos como o Capital Moto Week. Vamos lançar uma rota de turismo religioso
unindo Brazlândia, Ceilândia e Taguatinga – Caminho da Fé. A exemplo do que
ocorre em Trindade [GO], nós teremos uma via-sacra. Lançaremos o primeiro
painel, serão 14. Foi possível com uma emenda do deputado Iolando Almeida e um
projeto de lei sancionado pelo governador [que cria o roteiro]. Foi publicado o
edital para a contratação da marina pública. Estive em São Paulo, no São Paulo
Boat Show, e nós acreditamos muito na capacidade de desenvolvimento do turismo
náutico, que gera tanto emprego. Uma lancha representa até seis empregos diretos.
E o calendário das feiras,
permanece? Será ampliado. Nós estamos com um cronograma de feiras que vão
acontecer nesses primeiros meses, tanto no Plano Piloto quanto nas RAs. Fizemos
agora a Feira do Artesanato em Planaltina, faremos em Ceilândia e em cada uma
das RAs. Teremos a segunda edição da Feira da Uva. Estamos com o Turismo Cívico
Pedagógico com uma programação muito intensa, no sentido dos estudantes e
professores dos estados com os quais assinamos o acordo de cooperação técnica.
Nós temos um projeto de qualificação dos motoristas de transporte.
O turismo de negócios é uma
vocação de Brasília? Há uma programação de participação de Brasília em
feiras internacionais e nacionais, uma ação de promoção on-line e off-line da
nossa cidade. Temos eventos na área médica que vão movimentar a cidade.
Costumamos falar que, para cada visitante que chega a Brasília para o turismo
de eventos e negócios, o tíquete médio mínimo é de R$ 800 por dia. Imagine um
evento com 5 mil pessoas; a injeção de recursos é muito importante. Temos uma
programação de ações bastante intensa.
De quanto será o investimento para essas ações? Em 2021, nos eventos que executamos, foram quase R$ 30 milhões de recursos. Nós temos uma perspectiva de dobrar esse valor de fomento da Setur. Este [2022] é um ano que nós temos programado, por meio de todos os tipos de investimento, um retorno maior da economia. Estamos otimistas com o movimento programado –considerando nossa taxa de vacinação – para o setor. Quando eu digo turismo, estou falando de 52 atividades econômicas – bares, restaurantes, transporte turístico, táxis, motoristas de aplicativos, hotéis, centros de eventos, bufês, produtores de eventos e festas, toda uma cadeia produtiva. Olhamos para 2022 com um otimismo muito grande.