Acabei de saber que ontem à noite
eu perdi 36 minutos de vida. Bateu a fome e, sem muita opção, comi um cachorro
quente comum, desses que tem em qualquer carrocinha de esquina. Hoje fico
sabendo que um estudo da Universidade de Michigan, nos EUA, concluiu que quem
consome salsicha morre antes.
Não fica esclarecido se catchup e
mostarda pioram as coisas – embora agora eles venham naqueles irritantes
saquinhos que só abrem no dente, e não mais naquelas bisnagas encardidas por
anticorpos que fazem falta a muita gente.
Mas, calma lá, que na mesma
notícia aparece o antídoto: quem come nozes regularmente pode ganhar até 26
minutos de vida. O estudo envolveu o exame de 5.853 tipos de alimentos, do
espinafre do Popeye ao hambúrguer do Dudu (ou Wimpy, no original).
Não vamos discutir com a ciência,
nos ensinam os novos especialistas em tudo, embora os cientistas só continuem
avançando por causa das discussões e das dúvidas que surgem a todo instante. E
a ciência alega que o ser humano perde 45 segundos por grama de carne
processada ingerida, ao passo que ganha 1 segundo a cada fruta deglutida.
O que vale dizer que é preciso
comer 45 maçãs para compensar um grama de carne, se o sujeito não quiser
adiantar o próprio féretro. Mas o cientista-chefe do estudo não garante que
acumular esses alimentos garante vida mais longa ou curta; assim, se alguém
come 10 cachorros quentes não estará necessariamente perdendo cinco horas e 33
minutos de vida. Donde se conclui que é um estudo que não vale nada.
Não é raro a academia se dedicar a
pesquisas de pouca ou nenhuma utilidade. O mundo dos ovinos não mudou um
milímetro depois que o Brabham Institute, da Inglaterra, concluiu que as
ovelhas são capazes de reconhecer umas às outras em 80% dos casos. E que essa
lembrança pode durar até dois anos. É mais do que muita gente.
Há alguns anos também ficamos
sabendo que ratos não curtem o som de Miles Davis, mas até hoje ainda não foi
criado um artefato que aproveite essa sensacional descoberta para espantar os
roedores. Talvez porque as notas mais altas do trompete incomodem os gatos,
conforme revelam os estudos de duas universidades norte-americanas, Madison e
Wisconsin.
Professores da universidade de
Estocolmo também foram fundo no mundo animal e descobriram que as galinhas
preferem pessoas bonitas. Portanto, se ao se aproximar de um frango e ele
correr, não é porque ele está com medo de ir para a panela: é porque você é
feio.
Aqui mesmo em Brasília convivemos
com alguns estudos esquisitos. Ficou especialmente famoso o Núcleo de Estudos
de Fenômenos Paranormais da UnB, ao que se saiba, extinto. Ali era analisada a
influência dos astros na vida humana, mas isso pode ser explicado pelo
interesse de grande parte da população no tema – por isso os jornais continuam
publicando horóscopo.
Mas o grupo ia além e investigava
a presença de extraterrestres. Não chegaram a nenhuma conclusão, nem à mais
óbvia: são alienígenas muito burros. Com o universo inteiro à disposição, foram
escolher logo esse planeta – com essa gente – para viver?