No ano do bicentenário da independência do Brasil,
vale revisar os relatos das viagens do botânico francês Auguste de
Saint-Hilaire pelo interior do Brasil, entre 1816 e 1822, descrevendo não
somente a natureza mas também muitos aspectos da sociedade brasileira à época.
Em suas considerações sobre as transformações de nossas paisagens naturais, ele
observou a ação humana reduzindo a diversidade de plantas com a perda de seus
benefícios econômicos - árvores preciosas derrubadas “inutilmente sob o machado
do agricultor imprevidente”, contribuindo com a extinção “de milhares de
espécies úteis para as artes e a medicina”, em associação às queimadas.
Saint-Hilaire lamentou a agricultura predatória e “sem inteligência” e a perda
da vegetação nativa antes mesmo suas espécies pudessem ser catalogadas e
estudadas.
Um leitor desatento
poderia, tranquilamente, situar tal descrição no Brasil de hoje. Com a
diferença que hoje podemos acrescentar o conhecimento sobre os impactos
negativos do desmatamento nas mudanças climáticas e na oferta de serviços
ecossistêmicos, como produção e conservação de água, polinização, controle de
pragas agrícolas e de novas pandemias.
Nos últimos dias,
houve a divulgação quase escondida (em 31 de dezembro!) dos dados oficiais do
desmatamento do Cerrado em 2021. Os números Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), indicam novo crescimento do desmatamento e a perda de
8.531,44 km2, pressionando ainda mais o bioma que já perdeu quase 50% de sua
vegetação nativa. Uma semana depois, em 6 de janeiro, o INPE informou que o
monitoramento do Cerrado será mantido somente até abril desse ano por falta de
verba. Os recursos usados na estruturação do PRODES Cerrado eram de um programa
internacional e foram captados com o compromisso do Brasil de, posteriormente,
garantir a manutenção do monitoramento.
Recém-saídos da COP26,
na qual o Brasil se comprometeu com o fim do desmatamento, continuamos com as
atividades predatórias e sem inteligência, tal como descritas por Saint Hilaire
há 200 anos e, o que é pior, a partir de abril, estaremos oficialmente às cegas
neste cenário de destruição. Mas, outra notícia recente, sobre a solicitação de
investigações por parte de parlamentares dos Estados Unidos e da Europa contra
a empresa JBS por possíveis relações com o desmatamento no Brasil, nos lembra
que o que deixamos de ver aqui, continuará a ser visto pelo resto do mundo.
No Cerrado, as
seguranças alimentar, energética e hídrica do país estão intrinsicamente
conectadas e são dependentes da conservação da vegetação nativa em larga
escala. A agricultura no Cerrado segue o ritmo da sazonalidade da precipitação,
mas as projeções mais recentes de mudanças do clima apontam para a redução da
precipitação e a extensão do período seco. A adoção de práticas de irrigação
tem crescido persistentemente desde os anos 1970. Porém, o desmatamento em
escala regional altera o ciclo hidrológico no Cerrado e, em conjunto com a
variabilidade climática, podem limitar tais práticas.
No Brasil, 65% da
matriz elétrica é de fonte hídrica. O mapeamento das unidades de aproveitamento
hidrelétrico da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) indica que as
unidades presentes dentro dos limites do Cerrado e as unidades externas que se
encontram em bacias fortemente influenciadas pelo bioma representam 52% de
todas as unidades do país. Em meio à maior crise hídrica em 90 anos, lembramos
que a Bacia do Paraná, que contribui com a usina hidrelétrica da Itaipu, recebe
47% de suas águas do Cerrado.
As projeções de
aumento do consumo de energia e da demanda mundial por produtos agrícolas e a
manutenção do atual modelo de expansão e intensificação da agricultura em um
contexto de mudanças na temperatura e na precipitação regional tendem a agravar
a degradação do Cerrado e a perda de biodiversidade, comprometer o seu
funcionamento ecológico e impactar ainda mais grupos sociais já vulneráveis,
como povos indígenas e populações tradicionais.
Longe dos olhos e do interesse dos setores econômicos e do governos por sua conservação, a perda da savana mais biodiversa do mundo, com expressivos estoques de carbono, responsável por significativa produção de água e energia para todo o país, traz um alto custo com graves repercussões por longo tempo. No entanto, da mesma forma que a Ciência nos revela os problemas, ela também é capaz de oferecer soluções que vão desde estratégias adequadas de restauração, planejamento e gestão de paisagens diversificadas e multifuncionais até o desenvolvimento de novos modelos de agricultura que preconizem a conservação e reabilitação dos sistemas alimentares e agrícolas. Alternativas existem. Faltam visão estratégica, responsabilidade e vontade política.
Ver Aldo Rebelo: https://youtu.be/DsecAGfhdFc
ResponderExcluirNão só o Governo Bolsonaro, mas até o Aldo Rebelo do PCdoB explica qual é o verdadeiro objeto desses tipos de estudos encomendados pelas ONGs internacionais com o objetivo de barrar nossa agricultura.
Oras bolas, temos de deixar de ser bestas e pensar que aqui deve ser terra de tupiniquins eternamente. O Brasil tem o código florestal mais rígido do MUNDO o maior número de reservas indígenas e florestais do planeta. No cerrado, a reserva legal para plantar é de 30% e isso não existe nos EUA e Europa. Então temos é que estimular a expansão agrícola, inclusive para áreas indígenas. Europeus e Americanos não tem 20% do que preservamos, então esses nazi-ambientalistas brasileiros devem é lutar para um reflorestamento lá fora.
Não só o Governo Bolsonaro, mas até o Aldo Rebelo do PCdoB explica qual é o verdadeiro objeto desses tipos de estudos encomendados pelas ONGs internacionais com o objetivo de barrar nossa agricultura.
ResponderExcluirOras bolas, temos de deixar de ser bestas e pensar que aqui deve ser terra de tupiniquins eternamente. O Brasil tem o código florestal mais rígido do MUNDO o maior número de reservas indígena e florestais do planeta. No cerrado, a reserva legal para plantar é de 30% e isso não existe nos EUA e Europa. Então temos é que estimular a expansão agrícola, inclusive para áreas indígenas. Europeus e Americanos não tem 20% do que preservamos, então esses nazi-ambientalistas brasileiros devem é lutar para um reflorestamento lá fora.
Veja o Aldo qdo no Governo:
https://youtu.be/DsecAGfhdFc