Eu creio nas bruxas, nas santas, nas loucas, nas
pobres, nas ricas, nas tímidas, nas exageradas, nas feministas. Creio no
potencial, na bagagem, na criatividade e no talento das mulheres. Acredito
fortemente que elas são capazes de absolutamente tudo a que se propõem. Mas só
a minha crença é pouco. Aliás, a sua também não ajudará muito. Nem a de um
milhão de meninas, jovens, velhas, sábias, líderes.
Neste 8 de março, próxima terça, Dia Internacional
da Mulher, precisávamos ganhar um botão de ação, uma voz de comando imediato,
que mandasse pelos ares toda sorte de preconceito de gênero e discriminação.
Infelizmente, não há mágica, nem milagres. Há caminhos, e eles estão, sim,
sendo trilhados, mas falta uma longa jornada.
Fiquei pensando aqui como pode ser tão fácil e
imediato um sujeito declarar guerra e outros tantos saírem por aí obedecendo,
matando pessoas e destruindo cidades. E como é tão difícil conseguir garantias
de equidade de gêneros, mesmo nas coisas mais simples.
Não faltam estatísticas para servir de argumentos
nos relatórios. Penso que grandes líderes globais enxerguem números como
firulas, porque não há cabimento tanta discrepância e um período tão longevo de
desigualdades em série.
Mulheres ganham menos, trabalham mais, cuidam de
todos, morrem nas mãos dos maridos, ex-maridos, companheiros; são estupradas
por tios e padrastos; sofrem abuso e assédio moral no ambiente corporativo; são
mutiladas para servir aos costumes; são abandonadas grávidas e cheias de
filhos; obrigadas a abortar sem assistência.
Estamos no século 21. Já evoluímos, é claro.
Podemos nos divorciar, votar e evitar filhos, coisas que há muito pouco tempo
conquistamos, apesar de parecer tão distante no tempo. Conseguimos aprovar
algumas leis importantes, como a Lei Maria da Penha. Ainda assim, precisamos de
mais.
Folgo em ouvir as vozes feministas ecoando graças ao espaço virtual. Todo dia aprendo com intelectuais, ativistas, jovens e velhas. Aprendo também com as memórias afetivas de mulheres do meu passado, que, do seu jeito, lutavam pela autonomia, ao menos a das filhas.
Este ano tem eleição.
Vamos ficar de olho, sobretudo nos parlamentos. Mais mulheres na política podem
transformar a vida de nossas filhas e netas. Talvez seja esse nosso botão de
ação.