Falou em exercício físico, muitas
pessoas, logo, associam a emagrecimento. E esse é um erro cometido,
principalmente por mulheres, segundo a cirurgiã vascular Aline
Lamaita, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Angiologia e
Cirurgia Vascular (SBACV). Em consultório, ela precisa reforçar que as
magras devem, sim, exercitar-se, e frisa sempre que a prática é importante para
prevenir e tratar doenças. Não à toa, a atividade física é um dos pilares
da medicina da vida, junto com alimentação saudável, saúde do sono, controle de tóxicos,
saúde mental e bons relacionamentos.
No caso feminino, é necessário um
esforcinho a mais, específico, para essa conta se equilibrar.
Um desafio, mas também um ponto favorecido nesse processo, são os
hormônios. O ciclo menstrual, como o próprio nome sugere, é marcado por
fases, sentidas pelo corpo e pelo fator emocional: “Exercitar-se, assim,
ajuda na estabilidade. Tanto para adolescentes quanto para quem está na
menopausa”.
E quanto mais cedo começar, melhor. A
médica explica que, se feita desde menina, a atividade física faz cair as
chances de obesidade, porque tira a criança da imobilidade. Depois, malhar
ajuda na puberdade e até no tempo de menstruar. E a partir dos 45 anos, com a
perda de massa magra, o exercício vai definir a capacidade de viver mais.
O que pode ajudar a construir e manter
essa massa muscular são os treinos de força, mais do que as opções aeróbicas,
nesse caso. Na menopausa, então, esse tipo de exercício é
muito necessário, porque ajuda a combater os efeitos da redução hormonal e
de cálcio nos ossos. Preocupação frequente entre as mulheres,
principalmente em tempos de pandemia, em que muitas ficaram mais paradas, os
vasinhos e varizes das pernas também melhoram com exercício. “A força da panturrilha,
inclusive, é uma boa indicação de como anda a saúde da circulação das pernas”,
aponta.
Criar o hábito: Mas antes de
fechar um plano anual numa academia ou a aula que deseja muito testar, tenha em
mente que de nada vale esse esforço se outro não estiver em dia: o hábito
do exercício. Estamos falando de colocar a malhação na agenda e, de fato,
cumprir, como se fosse um compromisso mesmo.
Aline explica que colocar a estética
como objetivo principal acaba levando à inconstância. Mas quando a saúde é que
está em foco, e é a primeira razão para a atividade física, a adesão
costuma ser maior e é mais provável que a vida fitness dê certo no longo prazo.
Isso evita, inclusive, o efeito sanfona. “Criar o hábito é importante,
principalmente, no universo feminino, porque sempre achamos que daremos conta
no próximo horário, ou na fase seguinte. Mas, com todas as multitarefas
femininas, o depois acaba não chegando”, explica.
Dessa vez, vai! A dica da especialista
é descer do apartamento ou sair de casa por 60 dias seguidos, sempre no mesmo
horário, para praticar 15 minutos de alguma atividade. Aqui, o que importa
não é a intensidade, mas a frequência. “Com dois meses, já dá para criar o
hábito, e o exercício vira algo mais automático.”
Um momento só
seu: Sensação de bem-estar e com a autoestima em dia, sentindo-se mais
bonita e feminina. Esse é um resumo do que a educadora física Grisiela
Santos ouve das alunas depois de uma aula de dança, LPF (low pressure
fitness) e demais atividades que instrui. Mais que a própria saúde, quando a
mulher se exercita, entra em contato com a essência feminina e cuida também do
interior. “Vejo mulheres, durante as práticas, driblando a vergonha,
tirando as cascas, vendo o que está embaixo e descobrindo que pode se movimentar
de um jeito ou de outro, que é capaz”.
Especialista em
danças, Grisiela já deu aulas de axé, forró e samba e explica que costuma ser
mais fácil se soltar quando há um ritmo ou estilo pré-definido. Hoje, ela é
professora de dança do ventre, um tipo cheio de estereótipos, por ser
encarada como muito sensual. Mas, na verdade, existe aí a possibilidade
de mudar e adotar uma postura delicada, ainda que firme e poderosa.
“Movimentamos o ventre, que é fonte de vida e que mexe com muita energia.
Assim, as mulheres se veem explorando a sensibilidade, de forma muito profunda,
por meio dos movimentos”, explica.
Há, na dança do ventre, assim como em
outras atividades, uma lógica de tirar o controle imposto ao corpo da mulher, e
que nelas fica impregnado com o tempo. Seja na dança, na musculação, no
funcional, na ioga, no pilates ou em qualquer esporte, é unânime entre as
especialistas que o empecilho é não tentar. “Existem dificuldades. Algumas
mulheres não contam nem com a aprovação do marido para malhar, muitas são multitarefas,
o que é imposto para nós, mas é preciso quebrar isso”, acrescenta.
Uma forma de ficar mais à vontade,
então, é aproveitar o espaço que há entre as próprias mulheres. Nas aulas de
dança do ventre, a professora diz que as mais experientes recebem
e amparam as novatas, desmistificam qualquer preconceito, e as incentivam.
Pelo corpo e pela
mente: Sheyla Sampaio, de 49 anos, reconhece a importância dessa rede. Faz
alguns anos que ela incluiu a atividade física de vez na vida, com muita
regularidade. Em 2019, por causa do trabalho na Polícia Militar, chegou a se
desorganizar um pouquinho. Vez ou outra, precisava abrir mão do
planejamento de malhação paraatender às demandas que tinha.
Mesmo assim, não
parou. Hoje, com o ritmo de treinos acertado, Sheyla alterna corrida e pedal
três vezes na semana. Faz também ginástica localizada, alongamento e dança do
ventre. Encaixa ainda aulas de ioga, LPF e atividades ao ar livre no
clube, como natação e beach tennis, nos fins de semana. E tem mais, participa
de competições de triathlon. Resultado? A saúde está muito bem cuidada, e de
maneira natural, o que reflete nas taxas do organismo.
Mas ela faz, principalmente, pela saúde
mental: “Com o exercício, sentimos impacto no físico, por conseguir um corpo
mais sarado. Mas, mais que isso, sinto que é um momento em que não me
preocupo com filhos, contas, nem outras obrigações. Estou entregue a mim
mesma”.
E quando a modalidade reúne outras
mulheres, principalmente na dança, Sheyla sente que há muita parceria. Não há
competição. “A interação e a troca de experiências umas com as outras é muito
especial. Você vê pessoas com dificuldades, que se superaram, e acaba sentindo
que é capaz e que provar isso. Mas essa é uma provação para si mesma, não para
os outros”, completa.
Faça por você: Malhar
ajuda nos problemas vasculares, como na circulação das pernas, nas varizes e
vasinhos (*)Melhora o humor(*) Ajuda a tratar depressão e ansiedade (*)Reduz a
incidência de câncer de mama (*)Ajuda no tratamento de endometriose (*) A prática
é uma aliada contra doenças reumáticas, como a fibromialgia, mais comuns em
mulheres