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Livre das máscaras na segunda-feira

Livre das máscaras na segunda-feira. Uso do item de proteção facial não será mais obrigatório em ambientes ao ar livre a partir da próxima semana. Em locais fechados, a exigência continua valendo. Desaceleração da pandemia e avanço da vacinação motivaram a decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB). Tema divide opiniões

 

As máscaras de proteção facial contra a covid-19 não serão mais obrigatórias em ambientes abertos do Distrito Federal a partir de segunda-feira. A informação foi confirmada, ontem, pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), em publicação nas redes sociais. É a segunda vez que o item deixa de ser exigido em locais ao ar livre na capital do país. Na postagem, Ibaneis destacou a queda dos casos diários da doença e afirmou que a entrada em eventos em espaços fechados só será permitida com comprovante de vacinação e máscara.

 

“Diante da queda nos casos de covid-19 no Distrito Federal, a partir de segunda-feira, flexibilizaremos o uso de máscaras em locais abertos. Para participar de shows e eventos esportivos, será exigida a comprovação de vacinação de, pelo menos, duas doses e uso de máscara quando ocorrerem em ambientes fechados. Estamos pouco a pouco voltando à normalidade. Não deixem de se vacinar”, escreveu o governador Ibaneis.

 

O uso de máscaras passou a ser obrigatório no DF em 30 de abril de 2020, por meio de decreto do governador. O artigo deixou de ser exigido ao ar livre em 3 de novembro de 2021, mas a exigência voltou a valer poucos meses depois da suspensão, em 19 de janeiro deste ano. Até o fechamento desta reportagem, o decreto com a nova medida não havia sido publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).

 

Cenário propício: Hemerson Luz, especialista em doenças infecciosas e médico dos hospitais de Base e das Forças Armadas (HFA), concorda com a decisão de Ibaneis. “O momento permite a flexibilização, porque estamos com baixa taxa de transmissão. É preciso ficar de olho nas atualizações diárias do cenário pandêmico. Se o índice passar de 1, o que mostra descontrole, aí, é necessário avaliar outras medidas, mas o contexto permite, sim, a flexibilização”, avalia o infectologista. 

 

No entanto Hemerson Luz destaca que a suspensão não significa o fim dos cuidados contra a pandemia. “A população deve ficar ciente de que as medidas podem ser revogadas, e a máscara pode voltar a ser obrigatória, caso haja mudança nos números. O item continua exigido em lugares fechados, o que precisa ser respeitado”, alerta o médico. Ele defende o pedido do passaporte vacinal nos eventos em ambientes fechados. “O governador complementou a medida com a questão da vacinação. A variante ômicron, por ser mais transmissível, exige uma cobertura vacinal maior, então, pedir o comprovante é uma forma de exigir e incentivar a imunização. É de suma importância que as pessoas mantenham seu estado vacinal atualizado”, defende.

 

Transmissão em queda: A SES-DF confirmou 20 mortes ontem. No total, o DF acumula 11.447 vidas perdidas. Em 24 horas, a secretaria notificou 673 casos, o que elevou as infecções na capital federal para 683.663.

 

A taxa de transmissão da covid-19 está em queda no DF desde 21 de janeiro, quando atingiu o maior índice já registrado, 2,61. O valor alcançou, ontem, o menor nível observado, 0,65 — o que indica que 100 pacientes com a doença podem transmiti-la, em média, para outras 65 pessoas. É recomendado que o resultado permaneça abaixo de 1, apontando controle da situação pandêmica.

 

A média semanal de mortes em decorrência da covid-19 está em 12,3. No início de janeiro, o valor era de 1,4, mas, em 23 de fevereiro, chegava a 16. Desde então, o número segue em queda. A média de casos da covid-19 cresceu exponencialmente no início deste ano, alcançando mais de 7,6 mil em fevereiro. A partir da data, o resultado está caindo no DF, apesar de seguir acima de mil infecções diárias. Ontem, o número fechou em 1.112.

 

Imunização: De acordo com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), cerca de 190 mil pessoas não deram início à imunização contra a covid-19 com a primeira dose. Outros 100 mil indivíduos aptos a receber a segunda aplicação das vacinas não retornaram aos postos. Os dados foram divulgados na tarde de ontem, em coletiva de imprensa da pasta, pelo subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero. “Você, que não tomou vacina ainda, venha se vacinar. O que interessa é vacinar toda a nossa população”, pediu o gestor.

 

O secretário de Saúde, general Manoel Pafiadache, adiantou que o DF terá esquema itinerante de imunização infantil. Entretanto não divulgou detalhes da operação, que está sendo construída em conjunto entre as pastas da Saúde e a da Educação. De acordo com o general, o atendimento pediátrico nas UBS será mantido, mesmo após o início do atendimento volante. “Todos os dados, como locais onde atuaremos, necessidade de apresentação de documentação e presença de pais e responsáveis serão colocados no plano”, finalizou Pafiadache. No Distrito Federal, 52,4% das crianças de 5 a 11 anos receberam a primeira dose, o que representa 141.977 meninos e meninas da faixa etária, de um total de 268.474, que vivem na capital federal.

 

Vacinômetro: 81,12% ~população total vacinada com a primeira dose -74,51% ~população total com o ciclo vacinal completo - 943.558 ~ doses de reforço aplicadas - 141.977 ~crianças de 5 a 11 anos vacinadas

 

Povo fala: Maria Lina,68 anos, roupeira, São Sebastião: “Acredito que esse período após o carnaval vai ser complicado. Eu soube que a própria Secretaria admitiu que haveria uma alta de casos no Distrito Federal. Acho essa medida muito arriscada, até porque, quem pega ônibus não é nenhum político.” 


Saulo Rolim, 36 anos, servidor público, Águas Claras: “É uma medida interessante. O governador tem o direito de querer voltar com a vida normal, mas sempre olhando as taxas que, agora, são favoráveis.” 


Cláudio Campos,34 anos, prestador de serviço, Asa Sul: “Ainda não é o momento ideal (retirada de máscaras). Querendo ou não, a taxa está diminuindo nos últimos dias, mas tudo em que ser feito com muita precaução. Não adianta fazer uma medida que, lá na frente, vai ser desfeita, principalmente na última ocasião.” 


Gilmara Sena,32 anos, doméstica, Planaltina: “Se todo mundo se vacinou, acho plausível a decisão de flexibilizar. Tomei minha dose de reforço anteontem e vou levar minha filha, de 5 anos, para se vacinar. Se a população continuar aderindo, acho que vamos poder ter mais flexibilizações.” 


Jussara Mendonça, 51 anos, secretária, São Sebastião: “Sou a favor da medida que retira o uso de máscara ao ar livre. A pandemia não acabou, mas as coisas precisam voltar ao normal, até porque existe uma grande adesão da população na vacinação. Eu mesma tomei as três doses.”

 

Isabella Machado,19 anos, estudante, Riacho Fundo 1: “Sou contra. Depende muito do local, sabe? Medidas assim são perigosas, principalmente no atual enredo em que vivemos. Em locais abertos, até que vai, mas a população é muito teimosa e vai descumprir sempre.”  

 

Palavra de especialista - Momento de cautela: “A suspensão da obrigatoriedade é resultado do monitoramento da taxa de transmissão, que tem caído bastante no DF nos últimos dias. No fim do ano passado e no começo deste ano, tivemos uma série de festas clandestinas, que repercutiram no cenário da covid-19. Agora, no carnaval, tivemos, novamente, festas clandestinas — inclusive, bastante escancaradas —, então, estamos esperando um aumento do número de casos nos próximos dias. A partir de uma semana, será possível ver a alta, em duas semanas, os números serão mais expressivos, considerando o tempo de reprodução do vírus. Mas, neste ano, talvez tenhamos uma situação menos pior, porque temos oferta de vacinas para todos. Então, a vantagem é muito grande, se compararmos com o mesmo período do ano passado. É verdade, porém, que não temos bala de prata: a vacina é importante, mas, ao mesmo tempo, precisamos manter a máscara, o distanciamento e a higiene — tudo faz parte do protocolo. Portanto, na minha opinião, deveríamos aguardar mais para retirar a obrigatoriedade do uso das máscaras em, pelo menos, duas semanas. Em ambientes fechados, o item deve ser mantido, mesmo com melhora no cenário pandêmico, porque estamos em pandemia. Precisamos nos cuidar para que este período de emergência acabe. Não tenho dúvidas de que é o que todos queremos. (Walter Ramalho, professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB)



Ana Isabel Mansur - Pablo Giovanni - Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


 

 


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