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Festa para o maestro

Brasília comemora centenário do criador da Escola de Música de Brasília. Passagem do centenário de Levino Alcântara, o criador da Escola de Música de Brasília, será celebrado, na sexta e no sábado, com uma programação intensa


A cidade celebrará, no fim de semana, o centenário do maestro Levino Alcântara,  um dos responsáveis por transformá-la num dos polos musicais do país, ao criar a Escola de Música de Brasília (EMB). A instituição, desde a década de 1960, tem formado instrumentistas que se destacam no cenário nacional, com trabalho solo ou como integrantes de grupos e bandas.


Para comemorar a data, uma extensa programação gratuita será desenvolvida na sexta-feira e sábado, em três palcos da EMB, localizada na 602 Sul, o projeto Levino, Mil Vozes, que inclui shows, recitais e concertos, com a participação de alunos, professores, ex-alunos e ex-professores, que, sob a coordenação da produtora cultural Naná Maris, se juntaram com entusiasmo, para reverenciar o mestre. Haverá, ainda, a exibição do documentário Levino, dirigido por David Alves Mattos Gui Campos.


Na sexta-feira, às 20h, ocorrerá a abertura no Teatro Levino de Alcântara, com a apresentação do Trio de Música Medieval, Duo2x4, Wilzi Carioca e Moema Craveiro Campos, Paulo André Tavares & Oswaldo Amorim e o grupo Logo Ritmo. Sábado, a partir das 8h30, o Teatro Carlos Galvão receberá recital de música de câmara, show de jazz e de cantores de música popular brasileira e orquestra.


O encerramento, às 20h, no Pátio Brasília, terá como atração a Brasília Popular Orquestra. Manoel Carvalho, fundador e maestro da Brapo, lembra que, ao chegar a Brasília, vindo de Pernambuco, recebeu ótima acolhida de Alcântara, ao tornar-se professor da Escola de Música. “Com o incentivo dele criei na EMB um quarteto de clarineta e um grupo de chorinho; e, posteriormente, a Brasília Popular Orquestra, uma jazz band, que mantenho até hoje.”


Maria Barros, com formação em canto erudito, aposentou-se na EMB como mestra e coordenadora de música popular. Ela conta que, por 10 anos, entre 1982 e 1992, fez parte do Madrigal de Brasília, criado por Alcântara. Maria participará das comemorações, e lembra: “Eu era muito jovem quando me casei com o violista Lénin Lima, e não tínhamos recursos para alugar um lugar para morar. O maestro, que era atento a tudo, nos alojou em duas salas do auditório, que seria uma espécie de camarim.”


Quem também tomará parte da homenagem ao maestro é Jaime Ernest Dias, que se apresentou como professor de violão da escola. Ele entrou para a instituição como aluno e diz que guarda na memória o quanto Levino de Alcântara, como diretor, se dedicava à instituição. “Me recordo que ele permanecia na escola da manhã à noite, cuidando para que tudo funcionasse bem”.


Admiração: Davson de Sousa, atual diretor da Escola de Música, revela que está ligado à entidade desde 1980.”Filho de Nivaldo de Souza, que, à época, era professor de flauta transversal, entrei para a escola ainda jovem como aluno. Meu pai sempre falava do maestro Levino com grande admiração, pela maneira como ele exercia o cargo de diretor, sempre enérgico, mas com sensibilidade em relação ao funcionamento de todos os setores da EMB”. Ele acrescenta: “Desde o começo do mês estamos realizando uma série de eventos para celebrar o centenário do eterno maestro, que culmina com o Levino Mil Vozes, no próximo fim de semana”.


Tido como visionário, Levino de Alcântara, passando pela 602 Sul, no final dos anos 1960 observou um terreno sem nenhuma edificação e achou que ali poderia instalar a Escola de Música de Brasília. Ocupou o local, plantou pés de pitanga, para delimitar a área e depois entrou em contato com órgãos da Prefeitura do Distrito Federal, que concordaram que ali fosse instalada a Escola de Música de Brasília, cuja sede ficou pronta em 1974.


Pernambucano de Recife, Alcântara foi descoberto pelo legendário Eleasar de Carvalho, então maestro da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que o levou para aquela cidade. A Brasília, ele chegou em 1960 e logo foi aprovado em concurso para a Fundação Educacional do Distrito Federal. Em 1963, criou um coral no Centro de Ensino Médio Ave Branca (Cemab). Com aqueles coralistas e os do Elefante Banco, no Plano Piloto, surgiu o Madrigal de Brasília, já no âmbito da Escola de Música.


Quando se aposentou na EMB em 1985, mudou-se para o Pará, onde criou uma escola de música em Conceição do Araguaia. Já fragilizado por um câncer, esteve em Brasília em 2013 para ser homenageado no cinquentenário do Madrigal. Morreu no ano seguinte.



Irlam Rocha Lima – Foto: Ayrton Pisco – Correio Braziliense


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