Fuja dos modismos
Volta e meia surge no mercado um tratamento com promessa de resultados mágicos, na maioria dos casos com finalidade estética. Muitas vezes estimulados por influencers nas redes sociais, que apresentam o ideal perfeito de beleza com o endosso de que aquele resultado foi alcançado graças a determinado medicamento ou procedimento, as pessoas vão atrás dessas dicas sem saber se realmente funcionam e quais são os riscos e os efeitos colaterais que podem provocar.
Sem saber de fato o que realmente
está consumindo, o resultado, muitas vezes, aponta para o desenvolvimento de
doenças que poderiam ser evitadas se, em vez de buscar na internet “fórmulas
milagrosas”, as pessoas procurassem um profissional especialista no assunto
para diagnosticar e apontar o melhor tratamento, personalizado e de acordo com
suas reais necessidades.
Muitas vezes, esses tratamentos que
prometem milagres na aparência são prescritos por médicos que não são
especialistas naquela área ou se apresentam como especialistas em áreas não
reconhecidas pelo Conselho Regional de Medicina. Criam subespecialidades para
encantar e conquistar clientes ávidos por tratamentos que resolvam de forma
rápida os problemas que levam ao consultório.
É importante entender que nem tudo o
que é eficaz para uma pessoa vai servir para outra. Conhecer o próprio corpo e
entender como funciona, suas necessidades, o que é sonho e o que é factível de
alcançar é fundamental para atingir o melhor resultado em qualquer tratamento.
E nem sempre a solução passa por suplementos, cirurgias ou tratamentos da moda.
Muitas vezes, a pessoa sofre de
transtorno dismórfico corporal, na qual ela tem uma autoimagem distorcida e
nunca ficará feliz com o resultado obtido, mesmo que seja o melhor possível.
Por isso, é importante conversar com um médico de confiança para discutir a
real necessidade da intervenção desejada.
Um exemplo de tratamento que virou
febre e é indicado por profissionais de diversas especialidades é o chamado
chip da beleza, que nada mais é que um implante de gestrinona. A Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) bem como a
Sociedade Brasileira de Endocrinologia (Sbem) já se posicionaram contra o uso
desse hormônio no ano passado por não ser reconhecido pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela falta de estudos referentes à eficácia e
segurança, podendo representar riscos à saúde.
No caso da reposição hormonal de
testosterona, essa nunca deve ser realizada com finalidade estética, sendo
importante a avaliação por um profissional qualificado para definir se o
paciente de fato tem indicação. O exame de dosagem dos níveis de testosterona
não é validado para mulheres, de forma que a reposição nelas nunca deve ser
guiada por resultados de exames, e sim por uma avaliação clínica detalhada.
Muitas vezes o tratamento é indicado indiscriminadamente, sem alertar o
paciente sobre todos os riscos.
Outro exemplo de procedimento da
moda, que cresceu rapidamente na onda do corpo perfeito, é a lipolad, cirurgia
plástica que remove camadas superficiais de gordura do corpo para garantir
definição muscular e contorno corporal. Os valores geralmente são muito mais
altos do que os da lipoaspiração comum. Diversas celebridades já aderiram a
esse tipo de lipoaspiração e colocam o resultado em suas redes sociais
mostrando os benefícios da técnica. Só que é uma cirurgia e, como tal,
apresenta riscos, inclusive de morte. E isso muitas vezes não é falado.
A busca desenfreada por cirurgias,
procedimentos, tratamentos e medicamentos sem orientação médica pode trazer
graves consequências para quem se submete a eles sem o devido cuidado. O Código
de Ética Médica veda o uso de fotos de “antes e depois” das cirurgias, mesmo
com autorização do paciente para a publicação. Essa proibição é importante,
pois cada procedimento realizado é individualizado e os resultados obtidos em
uma pessoa podem não ser reproduzíveis em outra.
A publicidade médica deve sempre ter
caráter educativo, visto que se trata da saúde dos consumidores desses serviços
e cada tratamento deve ser avaliado e realizado apenas se há indicação para
tal, nunca estimulado por meio de promoções ou promessas estéticas em que não
são possíveis a garantia.