Quando
o assunto é linguística e o jeito de falar do brasiliense, há uma palavra
recorrente do vocabulário associada aos nascidos e/ou criados no Distrito
Federal: o bom e famoso “véi”. O termo identitário também é falado em outros
estados do país, mas aqui assume múltiplos significados – a depender apenas da
entonação.
“O ‘véi’ é uma palavra multifuncional, que não tem mais o sentido de adjetivo do velho”– Marcus Lunguinho, doutor em linguística. O doutor em linguística pela UnB Marcus Lunguinho trabalha em uma pesquisa sobre as características sintáticas, semânticas e discursivas da palavra – Gramaticalização e vocativos no Português do Centro-Oeste – e já chegou a várias constatações a esse respeito. Ele afirma que a palavra não é gíria porque não tem vida curta, já tendo sido encontrada em trabalhos dos anos 1990.
No quadradinho do DF, “véi” –
gíria também presente no vocabulário de mineiros e baianos – não tem gênero e
assume o papel de vocativo em referência ao interlocutor. Originário do
adjetivo velho, o termo habitualmente é direcionado a pessoas jovens; na
linguística, apresenta a chamada gramaticalização, que é quando uma palavra
assume outro uso.
“O ‘véi’ é uma palavra
multifuncional, que não tem mais o sentido de adjetivo do velho, e tem em
Brasília o uso como marcador de uma conversa, perde o gênero formal e tem um
grande conjunto de usos”, pontua Lunguinho.
O ator e humorista
Jovane Nunes, 52, percebe que a neutralidade do sotaque brasiliense não
facilita na construção de seus personagens com referência de humor pela
linguagem, como ocorre com a caracterização do carioca
Ao viajar pelo país com a
Companhia de Comédia Melhores do Mundo, Jovane percebe que a neutralidade do
sotaque brasiliense não facilita na construção de seus personagens com
referência de humor pela linguagem, como ocorre com a caracterização do carioca.
A seu ver, porém, o fato de o falar brasiliense não apresentar um sotaque
“puro”, como em outros lugares do Brasil, não significa que o povo de Brasília
não tenha uma identidade ou cultura próprias.