A pintura "Shot
Sage Blue Marilyn", de Andy Warhol, se tornou a obra de arte mais cara do
século 20 depois de ser arrematada nesta segunda-feira, 9, por 195 milhões de
dólares (ou quase um bilhão de reais). O quadro faz parte da coleção "The
Shot Marilyns", produzida pelo ícone da Pop Art em 1964, dois anos depois
da morte da atriz Marilyn Monroe, um dos ícones da era de ouro de Hollywood.
A obra é uma das cinco
presentes em "The Shot Marilyns" e trata-se de uma tela de acrílico e
seda, de cerca de 2,5 metros quadrados sobre linho. A serigrafia é considerada
uma das imagens mais significativas de Monroe feita por Warhol, chamada por
muitos de pedra angular da Pop Art. As cinco Marilyns coloridas têm fundos de
cores diferentes: vermelho, laranja, azul claro, azul sálvia e turquesa (esta
foi a vendida).
Após pintá-los em
1964, Warhol manteve os quadros em seu estúdio, o The Factory. Uma amiga de um
fotógrafo da Factory, a performer Dorothy Podber, viu as pinturas empilhadas
umas contra as outras no estúdio e perguntou a Warhol se poderia
"atirar" nelas.
Aqui entra uma
confusão. O verbo atirar, em inglês, to shoot, também significa fotografar.
Warhol achou que, na verdade, ela gostaria de fotografar as imagens. Contudo, a
mulher tirou um revólver da bolsa e atirou na pilha com quatro dos cinco
quadros. Só a imagem vendida nesta segunda não estava junto delas. Por isso,
este quadro é o único da série que não foi perfurado por bala. Depois do
incidente, as obras foram restauradas.
O artista e a atriz
nunca se conheceram pessoalmente. No entanto, ela foi pintada diversas vezes
por ele, logo após a morte de Monroe por overdose, em 1962.
"Quando pensamos
nas imagens mais icônicas da história da arte, pensamos em pinturas como 'Mona
Lisa' de Da Vinci e 'O Nascimento de Vênus' de Botticelli e 'Les Demoiselles
d'Avignon' de Picasso. Esta é a mesma linhagem - é aquela imagem icônica da
segunda metade do século 20. E, de uma forma muito warholiana, foi reproduzido
interminavelmente", disse Johanna Flaum, chefe de arte pós-guerra e
contemporânea da Christie's ao Los Angeles Times, comentando o
leilão da peça.
Antes do último
leilão, o quadro já passou pelas mãos de alguns colecionadores, a começar pelo
executivo de publicidade de Nova York e colecionador de arte Leon Kraushar. No
início dos anos 1980, a obra foi comprada pelos irmãos e também colecionadores
suíços Thomas e Doris Ammann. Com a morte de Doris, foi fundada a instituição
de caridade Fundação Thomas e Doris Ammann. A renda com a venda da obra de
Warhol vai para os esforços da fundação para a saúde e educação de crianças
carentes internacionalmente.