Quem se der ao trabalho de
entender o Brasil de hoje terá primeiro que voltar no tempo, para saber como é
que chegamos até aqui e, principalmente, buscar pistas que levem a esclarecer
em que ponto dessa jornada, desviamos do caminho, e por que o fizemos. De fato,
esse não é um país para amadores nem para aqueles que aceitam, com
naturalidade, que a história tenha um desencadear retilíneo, obedecendo sempre
os movimentos de causas e efeitos. Todo o período pós-redemocratização
necessita ser melhor estudado e repensado, sob pena de cairmos nas armadilhas
preparadas pelo destino e que ajudamos a armar com nossas próprias mãos.
De repente, a explicação pode ser
banal e nos leve a conhecer as forças que nos atiraram até a esse ponto de
nossa história e como podemos, agora, sair dessa situação de impasse. O que se
sabe, ao certo, é que não podemos esperar resultado diferente do que temos, ao
menos que modifiquemos cada um dos elementos dessa fórmula. A começar pelo
modelo de representação, que é tanto base de qualquer democracia, quanto também
base de sua ruína.
Nesse quesito fundamental, parece
que podemos fazer pouco ou quase nada. A razão é simples: demos demasiado poder
aos Poderes. E agora eles parecem voltarem-se contra nós. Talvez a explicação e
a chave, para esse ponto do nosso presente, em que notamos, de forma definitiva
e trágica, a ruptura entre o Brasil oficial e o Brasil real esteja escondidas
na simplicidade singela do poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade.
Alterando-se o nome dos
personagens e substituindo o verbo intransitivo amar pelo verbo eleger em sua
modulação no pretérito perfeito elegeu, teríamos, mais ou menos, esse enredo:
Tancredo morto elegeu Sarney, que elegeu Collor, que sofreu impeachment e
elegeu Itamar, que elegeu FHC, que se reelegeu. FHC foi para casa, Sarney para
o Senado, mas antes ,FHC elegeu Lula, que se reelegeu e ainda elegeu Dilma, que
também se reelegeu. Lula foi para a cadeia. Dilma saiu por impeachment, dando
lugar a Temer, que não se reelegeu, mas que elegeu Bolsonaro, que busca agora
se reeleger, mas que pode ter que passar a faixa presidencial a Lula, feito
ficha limpa, à força pelo STF, uma corte que não deveria eleger ninguém. Itamar
foi se juntar a Tancredo no além.
Observe que no meio desse caminho,
toda essa prosa histórica foi ainda floreada pelos escândalos de corrupção que
estouraram em cada um dos governos, seguidas das devidas CPIs e das investidas
tanto do Ministério Público, como da Polícia Federal. Os escândalos,
transformados em passivos bilionários, foram debitados na conta da população,
sendo seus autores, devidamente, salvos nas instâncias superiores.
De repente o país pode vir a
eleger Lula, que pelo peso de seu passado, como o maior meliante que esse país
já viu, deverá eleger alguém ainda pior, como fez, no passado quando elegeu
Dilma. É nessa sequência de sucessões estranhas que devemos buscar entender o
presente. O problema é que ao olharmos para o futuro próximo, em outubro
vindouro, o sentimento é que temos um grande passado pelo frente a ser vivido
ou sobrevivido.
De volta ao respeito: O CEF 01 do Paranoá está com a gestão compartilhada. As aulas são ministradas pelo corpo docente da Secretaria de Educação do DF e a política disciplinar é organizada com a colaboração do Corpo de Bombeiros. Os pais estão satisfeitos com o resultado. O melhor desempenho escolar é visível, o que dá esperança de um futuro melhor para as crianças e adolescentes. Veja a foto do momento cívico a seguir.