Muito se diz (e não à toa) sobre a
revolução que o 5G promoverá no mundo. O entusiasmo é motivado, entre outros
benefícios, pela conectividade inédita, que transformará a relação entre a
humanidade e seu entorno. A chamada Internet das Coisas passa, com a nova
tecnologia, a ser uma realidade não apenas vislumbrada, mas experimentada.
Não há dúvidas de que conectar as
“coisas” traz muitos benefícios, como aumento de produtividade e economia de
tempo — essa moeda tão valiosa. Mas o 5G oferece um ganho ainda maior, pouco
comentado nos debates sobre como ficará tudo o que ele toca.
Refiro-me à possibilidade de usar
a internet em sua melhor e mais potente versão para proteger e monitorar as
florestas, em especial, a maior e mais famosa delas. Nossa prestigiosa e
resiliente Amazônia. É de conhecimento geral que o planeta corre contra o tempo
para evitar o aumento da temperatura, logo o investimento na infraestrutura que
permita esse olhar protetor sobre a floresta é urgente.
No Brasil, o marco da chegada do
5G foi o leilão promovido pela Anatel no último 4 de novembro. Com Copel
Telecom (hoje, Ligga Telecom) e Sercomtel, arrematamos importantes lotes, que
abrangem uma área onde vive quase metade da população brasileira.
Para compensar a pouca densidade
demográfica, a faixa da região Norte foi ofertada atrelada à de São Paulo.
Muitos a viam como um “pepino”, um inconveniente. Mas nós começamos a estudar
esse negócio e enxergamos ali uma oportunidade. Percebemos que o que parecia um
problema era, na realidade, uma solução espetacular: o 5G pode ser uma
ferramenta extraordinária aplicada também na proteção do meio ambiente.
Junto com a vitória no Leilão,
vieram vários compromissos que podem parecer pouco vantajosos economicamente.
Teremos que garantir a cobertura de internet móvel de quinta geração em
municípios com menos de 30 mil habitantes e, ainda, instalar rede de fibra
óptica em localidades que, atualmente, têm pouca ou nenhuma infraestrutura.
Mas não estamos falando de
qualquer localidade ou de quaisquer municípios. Estamos mirando um bioma que é
maior do que o conjunto de países que compõem a União Europeia. Estamos falando
da porção do Brasil que recebe mais atenção e desperta maior interesse no
mundo.
Como uma estrada, a quinta geração
das redes móveis terá a utilidade que dermos a ela, povoando-a, explorando
todos os seus potenciais, inclusive na floresta.
Imagine o ganho que a
conectividade pode oferecer às comunidades indígenas que têm, sem prejuízo de
suas raízes e história, o direito de usufruir da tecnologia! Tendo atenção às
necessidades de cada grupo, isolado ou contatado, é possível que o 5G forneça
meios mais eficientes para o atendimento das demandas de saúde, educação e
disseminação da cultura.
O governo brasileiro tem sido
cobrado, interna e externamente, pela sua incapacidade de preservar a floresta.
Cancelamentos de repasses de fundos internacionais foram amplamente noticiados,
sinalizando a perda de confiança no país.
Pergunto: Já que o governo não é
capaz de gerir empresas e é por isso que se privatiza como ele vai
conseguir administrar a proteção da Amazônia? Tenho essa convicção filosófica:
ou a iniciativa privada protege a Amazônia ou, se depender de Brasília, a maior
floresta do mundo se transformará em um deserto.
E é óbvio que existe interesse dos
empresários em contribuir. Primeiro, porque não são tolos. Segundo, porque
existem compensações que precisam ser feitas e, nesse contexto, a proteção da
Amazônia pode ser o caminho ideal para indústrias e para o agronegócio. Os
interesses humanitários não se contrapõem, em absoluto, à sustentabilidade dos
negócios. Da nossa parte, ter a região Norte entre nossas responsabilidades no
que diz respeito à implantação do 5G no país traz muitas expectativas. Esse é
um assunto que me entusiasma.
Naquela região, onde tanto se usa
o transporte fluvial para compensar a ausência das estradas, usaremos o 5G para
abrir caminhos. Seremos o meio pelo qual chegarão à floresta as soluções que
contribuirão para a preservação desse patrimônio inigualável.
O 5G não apenas permitirá que tenhamos mais eficiência e agilidade. Com a internet da floresta, poderemos dar uma resposta ao mundo e contribuir para que nosso planeta ganhe mais tempo.