Marina Pechlivanis é professora de
pós-graduacão na ESPM de SP, trabalha com comunicação em sua empresa Umbigo do
Mundo e é escritora com vários livros publicados, inclusive em parceria com o
consagrado publicitário Roberto Duailibi. Marina se especializou na ciência do
gifting, a arte de encantar através do presente ideal. Tudo sobre como
surpreender com uma gentileza. Ampliou seus estudos com a economia das dádivas,
que analisa o intrincado sistema das trocas e o que acontece com cada gesto de
dar, receber, ressignificar e contribuir. Essa história foi longe e hoje Marina
trabalha uma plataforma atualíssima que se chama Educação para Gentileza e
Generosidade. ( https://bit.ly/3RRjPIR )
Ela estuda um problema que talvez
esteja na base, na formação do mundo caótico e agressivo de hoje que trafega
entre a polarização de posições de qualquer natureza e o esfarelamento da
relação cordial na solução de problemas. O foco da plataforma são as crianças e
os adolescentes, e o objetivo é naturalizar sete princípios que fazem toda a
diferença para um futuro menos destrutivo e mais colaborativo: gentileza,
generosidade, solidariedade, sustentabilidade, diversidade, respeito e
cidadania.
Considerando a educação como um
caminho viável para a conscientização social, a plataforma oferece soluções
sistêmicas integrativas, interdisciplinares e interpúblicas, diria que algo em
falta neste mundo de negócios que ainda sobrevive do custo do reducionismo
departamentalizado e do preço do cartesianismo polarizado.
E mais: tudo gratuito,
descomplicado, acolhedor e acessível, um conceito muito pertinente para estes
tempos em que a educação moral e cívica, que fala de ética e responsabilidade,
que prevê direitos, mas também deveres, não está oficialmente na grade curricular
das escolas, refletindo a sua vacância nos últimos anos como agenda ética da
sociedade.
Mas o principal é que oferece
respostas práticas, dada a urgência do assunto. Para as escolas, metodologia
com 26 planos de aula adequados à nova BNCC, além de cursos e prêmios. Para as
famílias, aulas práticas com vídeos, leituras e atividades. Para jovens
lideranças sociais, eventos e oportunidades de conexão e visibilidade. Para a
sociedade, estudos e pesquisas inéditos com crianças e jovens. Para as empresas,
dinâmicas de desenvolvimento humano para programas de treinamentos.
O desafio é complexo, mas a
proposta é bem descomplicada, oferecendo conteúdo gratuito qualificado e
interdisciplinar, aplicar esses princípios no currículo das escolas e na pauta
diária das famílias, com metodologias, planos de aula e atividades práticas.
Assim, as novas gerações, rápidas que são, podem se transformar na inspiração
que falta a muitos adultos.
Afinal, são múltiplos os exemplos
de filhos que corrigem a ignorância e os destemperos dos pais, dentro e fora de
casa. Para além de cuidar da natureza e apoiar os menos favorecidos (social e
financeiramente), combater a discriminação e todo tipo de fobia com base no
respeito à diferença e ao livre direito de opção por sexo, religião, lado
político e estilo de vida podem fazer toda a diferença para uma sociedade mais
saudável.
Os recentes episódios de agressões
em estádios de futebol, em festas e comemorações e até no âmbito escolar
precisam cessar. A alternativa mais sustentável de melhor custo-benefício é
investir na primeira infância e no crescimento da generosidade e gentileza até
a adolescência. E força que pode advir do lar e da escola suplanta qualquer
outro canal de trabalho social e comunitário.
O exemplo dessa plataforma, que valoriza
e promove competências sociotransformacionais, que despertam a consciência
social para uma convivência mais equânime, colaborativa e cidadã, em uma
sociedade com menos desigualdades e mais distribuição de acessos, deve ser
seguido. Quanto tudo isso começa na infância, as perspectivas são sempre
melhores.
Ser generoso e investir na bolsa
de valores humanitários faz com que a cotação de ativos essenciais para a
subsistência de todo o nosso ecossistema fique cada vez mais em alta, e isso
interfere em tudo: na política, na economia, na nossa reputação como país.
Vamos torcer para que iniciativas como a da professora Marina tenham sucesso,
pois é chegada a hora de questionar o que comumente chamamos de civilização.