Talks debate o papel da mulher no Universo do Motociclismo
PorBlog do Chiquinho Dornas-
0
Correio Talks debate
o papel da mulher no universo do motociclismo. Muito mais que um meio de
transporte, mulheres usam a moto como forma de quebrar barreiras, superar medos
e mostrar a força de ser quem quiser ser. (Motociclistas descobriram que duas
rodas podem fazer a estrada da vida mais agradável de percorrer e manifestam o
prazer de ser mulher com o ranger do motor. - (crédito: Aline Brito)
Um universo formado
por milhares de mulheres que usam as cilindradas de uma moto para mostrar ao
mundo a potência da feminilidade pode parecer algo distante, mas trata-se de um
cenário mais possível do que o imaginado. Em um ambiente majoritariamente
masculino, mulheres usam a essência do feminino para quebrar barreiras e
preconceitos. O medo passa a ser pequeno frente à energia que um guidão na mão
pode transmitir.
Essa paixão por motos
e a relação direta com o empreendedorismo foram temas do Correio Talks
desta sexta-feira (29/7), no evento Capital Moto Week. (Vídeo ~~~)
O bate papo com clima
e cores de fim de tarde reuniu quatro mulheres com atuações marcantes nos
negócios e com uma paixão em comum por motos para falar sobre a presença
feminina em espaços que foram historicamente destinados aos homens. “A
sociedade prega que a mulher é o sexo frágil. Por mais que a gente acredite que
somos capazes, ainda existe essa visão de que não podemos fazer certas coisas”,
ressalta Day Miguel, 32 anos, influenciadora digital e criadora do Método
Pilotando Sem Neura.
Esses estereótipos
acabam criando barreiras imaginárias que impedem mulheres de realizarem o que
sentem vontade. Foi assim com Day. Apaixonada por moto e habilitada desde os 18
anos, ela levou 10 anos para ter coragem de colocar um capacete, girar a chave
e cair na estrada. Para conseguir pilotar, ela passou por um processo longo de
adaptação e enfrentamento de estigmas que foram colocados pela sociedade.
Como forma de auto
ajuda, Day passou a compartilhar nas redes sociais os métodos que estava
adotando para conseguir subir em duas rodas e, assim, começou a atrair inúmeras
mulheres que se identificaram com essa realidade. “A mentalidade da sociedade
faz com que a mulher pense que não é capaz, mas qualquer mulher pode fazer o
que ela bem entender. A limitação está na cabeça. Por isso eu passei a mostrar
as técnicas que usei para conseguir pilotar e montei o método, que hoje é um curso”,
conta a influenciadora.
“Ao longo da nossa
vida a gente vai internalizando certas coisas que nos são faladas, nos são
impostas. Tudo isso cria barreiras, mas que estão só na nossa mente. Quando a
gente vê uma mota que tem quase 200kg, às vezes, ao subir nela, nosso pé sequer
alcança o chão e começam a questionar como vamos conseguir conduzir essa moto,
vai causando uma insegurança. Só que nós somos sim capazes, nós não podemos
deixar o medo vencer. Nós podemos fazer tudo que quisermos”, afirma Day.
Mulher e moto:Pilotar uma moto vai muito além
de um meio para se locomover. Para essas mulheres, trata-se de um estilo de
vida. As motociclistas se unem em grupos e buscam, juntas, causar impactos
positivos na sociedade por meio de ações sociais e também dando suporte a
outras mulheres. Com esse intuito surgiu, em 2014, o Mulher e Moto.
Hoje com mais de 260
participantes, o grupo reúne motociclistas que usam a moto para lazer ou para
trabalho, garupas e mulheres que sonham em pilotar. “Temos motogirls, tem mulheres
que empreendem em outros ramos como venda de doces, de lingerie, de roupas. Nós
aceitamos motociclistas independente da cilindrada da moto, organizamos ações
para crianças e também damos suporte para quem precisa, apoiamos quando uma
quer comprar a primeira moto. Somos um grupo muito unido”, conta Tábata Lobo,
35, enfermeira e fundadora do Mulher e Moto.
Para Tábata, o cenário
tem mudado muito nos últimos anos e as mulheres têm assumido uma posição de
autoconfiança e empoderamento no meio do motociclismo. Isso faz com que o
imaginário de que mulheres são destinadas a um tipo de serviço ou devem se
limitar a certos ambientes comece a se esvair. “A mulherada colocou na cabeça
que consegue pilotar e cada vez mais temos visto mulheres assumindo seu lugar
neste meio. Está lindo de ver a mulherada acelerando a sua própria moto, até
porque mulher e moto são a combinação perfeita”, ressalta Tábata.
Reflexo disso é o
próprio Capital Moto Week.
Organizado por uma mulher, a Juliana Jacinto, o evento tem tido, a cada ano que
passa, mais mulheres participando com suas motos. “Nós temos mostrado que vai
muito além de uma mulher bonita em cima de uma moto. As mulheres que pilotam
têm suas feminilidade, seus empregos, sua família, são como qualquer outra
mulher e tem esse universo do motociclismo como um estilo de vida”, pontua
Jacinto.
“Aqui no Moto Week a
gente tem um espaço de aconchego, um espaço para que essas mulheres mostrem o
trabalho delas. O Moto é uma fábrica de sonhos”, destaca Jacinto. Para essas
mulheres que pilotam o sentimento é de admiração, umas pelas outras e também de
outros para com elas, o preconceito tem aberto espaço para que elas cheguem com
suas motos e mostrem que lugar de mulher é sim onde ela quiser. “Eu recebo
muita admiração no trânsito. Minha moto é preta e rosa, então chama bastante
atenção e as pessoas olham com admiração mesmo”, relata Day.
Liberdade: Assim
como pilotar simboliza liberdade para essas mulheres, o empreendedorismo
também. Uma forma de quebrar o ciclo de dependência da figura masculina, de
alcançar sonhos e conquistar seu próprio espaço na sociedade. “O
empreendedorismo e a ação social estão intrínseco ao motociclista”, garante
Jacinto.
Filha de uma piloto
apaixonada por duas rodas, Priscila Dias e sua mãe, Suzi Couto, são donas da
Bolluk Lingerie, que está presente no Capital Moto Week. Para elas, a missão de
pilotar é a mesmo de empreender: fazer a diferença e mudar vidas. “Nosso
coração pulsa pelo espaço da mulher no motociclismo. A gente quer fazer a
diferença pilotando nas ruas, pilotando nossas vidas”, afirma Su, como é
carinhosamente chamada pelas companheiras de duas rodas.
“O empreendedorismo é
muito mais que vender. Estamos trabalhando com almas, com pessoas de verdade.
Queremos levar abundância para a vida das pessoas. Empreendedorismo é sinergia,
é união”, completa Priscila.