A exatos 11 dias do
início da campanha e com as candidaturas consolidadas ao Palácio do Planalto, a
corrida eleitoral terá início com a classe política praticamente convencida de
que haverá segundo turno na disputa presidencial. O petista Luiz Inácio
Lula da Silva lidera as pesquisas de intenção de voto com uma vantagem
ainda confortável contra o presidente Jair Bolsonaro, mas a redução da
diferença e a queda da rejeição à atual gestão colocaram um novo tempero à
contenda.
A estratégia
de Bolsonaro e aliados está mais do que escancarada. Aposta forte no
efeito de um grande pacote de bondades para tentar superar o trinômio existente
hoje de baixo crescimento, inflação e juros altos. À redução do preço dos
combustíveis e dos auxílios que começaram a ser pagos à população, somam-se outras
medidas que entrarão em vigor para ampliar a circulação de dinheiro na
economia. Uma delas é a lei que amplia o limite do crédito consignado para a
maioria dos assalariados e autoriza essa modalidade de operação às pessoas que
recebem benefícios sociais, como o Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) e o
Benefício de Prestação Continuada (BPC).
A pesquisa
Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira, traz ainda um outro dado positivo
para Bolsonaro: os indecisos na pesquisa espontânea para presidente — quando o
nome dos candidatos não são apresentados — representam 36% dos entrevistados.
Ou seja, praticamente um a cada três brasileiros ainda não sabe responder
imediatamente em quem vai votar. Ainda que na pesquisa estimulada o número de
indecisos caia para 6%, 33% garantem que podem mudar o voto, caso algo aconteça
no cenário político ou econômico.
Tradicionalmente, a
eleição começa a pegar fogo nos 15 dias que antecedem a votação. É quando o
assunto passa a ser discutido para valer nos pontos de encontro da sociedade
civil, como padarias, salões de beleza, barbearias, igrejas etc. Isso ocorre
porque a maioria da população já teve contato com os candidatos, seja por uma
maior exposição no noticiário seja pelo início da propaganda eleitoral
gratuita, e fica mais familiarizada aos nomes, principalmente na disputa para
cargos no Legislativo. É onde se ganha as eleições, nas ruas.
Assim, arrisco cravar
que teremos segundo turno na disputa presidencial. Desde a redemocratização, em
oito eleições, apenas em duas a disputa acabou na primeira rodada de votação —
tanto em 1994 quanto em 1998, quando os brasileiros escolheram Fernando
Henrique Cardoso para ocupar o Planalto. O PT nunca levou logo de cara. Seria
diferente em 2022? Não, não acredito.