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Análise: haverá 2º turno na eleição presidencial; PT nunca ganhou de "cara"

Análise: haverá 2º turno na eleição presidencial; PT nunca ganhou de "cara". Desde a redemocratização, em oito eleições, apenas em duas a disputa acabou na primeira rodada de votação — tanto em 1994 quanto em 1998, quando os brasileiros escolheram Fernando Henrique Cardoso para ocupar o Planalto. O PT nunca levou logo de cara...

A exatos 11 dias do início da campanha e com as candidaturas consolidadas ao Palácio do Planalto, a corrida eleitoral terá início com a classe política praticamente convencida de que haverá segundo turno na disputa presidencial. O petista Luiz Inácio Lula da Silva lidera as pesquisas de intenção de voto com uma vantagem ainda confortável contra o presidente Jair Bolsonaro, mas a redução da diferença e a queda da rejeição à atual gestão colocaram um novo tempero à contenda.


A estratégia de Bolsonaro e aliados está mais do que escancarada. Aposta forte no efeito de um grande pacote de bondades para tentar superar o trinômio existente hoje de baixo crescimento, inflação e juros altos. À redução do preço dos combustíveis e dos auxílios que começaram a ser pagos à população, somam-se outras medidas que entrarão em vigor para ampliar a circulação de dinheiro na economia. Uma delas é a lei que amplia o limite do crédito consignado para a maioria dos assalariados e autoriza essa modalidade de operação às pessoas que recebem benefícios sociais, como o Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).


A pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira, traz ainda um outro dado positivo para Bolsonaro: os indecisos na pesquisa espontânea para presidente — quando o nome dos candidatos não são apresentados — representam 36% dos entrevistados. Ou seja, praticamente um a cada três brasileiros ainda não sabe responder imediatamente em quem vai votar. Ainda que na pesquisa estimulada o número de indecisos caia para 6%, 33% garantem que podem mudar o voto, caso algo aconteça no cenário político ou econômico.


Tradicionalmente, a eleição começa a pegar fogo nos 15 dias que antecedem a votação. É quando o assunto passa a ser discutido para valer nos pontos de encontro da sociedade civil, como padarias, salões de beleza, barbearias, igrejas etc. Isso ocorre porque a maioria da população já teve contato com os candidatos, seja por uma maior exposição no noticiário seja pelo início da propaganda eleitoral gratuita, e fica mais familiarizada aos nomes, principalmente na disputa para cargos no Legislativo. É onde se ganha as eleições, nas ruas.


Assim, arrisco cravar que teremos segundo turno na disputa presidencial. Desde a redemocratização, em oito eleições, apenas em duas a disputa acabou na primeira rodada de votação — tanto em 1994 quanto em 1998, quando os brasileiros escolheram Fernando Henrique Cardoso para ocupar o Planalto. O PT nunca levou logo de cara. Seria diferente em 2022? Não, não acredito.

Roberto Fonseca – Correio Braziliense


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