O presidente Jair Bolsonaro (PL) debochou na noite desta quinta-feira,
11, das cartas pela democracia produzidas pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (USP) e pela Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp).
Na tradicional live transmitida nas redes sociais, o chefe do Executivo
exibiu um exemplar da Constituição Federal de 1988 e indagou: "Alguém
discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia?" O presidente ainda
chamou as cartas lidas hoje em ato na Faculdade de Direito da USP de
"pedaço de papel qualquer" e afirmou que o PT deu voto contrário ao
texto da Carta Magna brasileira.
"Já que o símbolo máximo do PT assinou a carta com a sua jovem
esposa, eu pergunto: o PT assinou a carta em 1988? Assinou a Constituição de
88? O pessoal faz uma onda agora sobre carta à democracia para tentar me
atingir, mas a bancada do PT em 88 não assinou a Constituição", criticou
Bolsonaro.
O presidente relembrou também a carta ao povo brasileiro, feita pelo
então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2002, em que
fez acenos ao mercado financeiro. "A carta ao povo brasileiro em 2002 foi
uma carta à corrupção brasileira, que foi o que PT fez quando assumiu",
atacou.
O chefe do Executivo dirigiu críticas à Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e disse que signatários da carta foram coniventes com o que chamou de
violações à Constituição durante a pandemia.
"Quando se faz carta à democracia, os signatários dessa carta
estavam onde por ocasião da pandemia? Porque vários dispositivos da
Constituição foram violados. É um absurdo o que esse pessoal da carta à democracia
fizeram (sic). Foram coniventes com tudo isso aqui (violações da Constituição
na pandemia) (...) Por que a CUT assinou a carta? Está com saudade do imposto
sindical. Eles querem a volta disso", declarou.
Em ato na USP hoje, foram lidos dois manifestos. A "Carta às
Brasileiras e aos Brasileiros - Estado Democrático de Direito Sempre", que
tem em torno de 900 mil assinaturas, entre juristas, advogados, empresários e
artistas, e a carta "Em Defesa da Democracia e Justiça", apoiada por
mais de cem entidades da sociedade civil e empresariais, como Fiesp, Febraban,
Fecomércio-SP, centrais sindicais e OAB São Paulo.
O movimento pela democracia começou a ser organizado após Bolsonaro reunir embaixadores no Palácio da Alvorada para lançar dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. O presidente já chamou os manifestos de "cartinhas" e os empresários que endossaram o movimento de "mamíferos", sugerindo, de forma irônica, que "mamam nas tetas do governo"