Do cerrado ao pantanal, pelo artesanato
Exposição, realizada no Rio de
Janeiro, dá protagonismo a artesãos do Centro-Oeste. O Distrito Federal tem
destaque com peças de 53 artistas brasilienses. Uma galeria de ipês colore a passarela que conduz os visitantes da
exposição Casa do Brasil Central, no Rio de Janeiro. Símbolo do cerrado e marca
ícone da capital federal, eles, em forma de artesanato, ornamentam o corredor
que inicia a mostra. Beleza pura. Feita à mão.
São a cereja de um bolo que
mistura ingredientes regionais. O Distrito Federal tem destaque no acervo
apresentado na maior vitrine turística do país: o Rio de Janeiro. Estamos muito
bem representados pela arte de 53 artesãos das mais variadas partes do
quadradinho.
Entre eles, Cleziania Ribeiro, 43
anos, moradora da Ceilândia. As pequenas criações em argila, que começaram a
surgir quando a artesã tinha 12 anos, são delicadas e realistas. A minúcia, os
detalhes, as tornam singulares e poéticas. Em algumas, imprime a própria
atividade, com mulheres a bordar. Na toalha esculpida, os mais observadores
conseguem identificar eles, de novo: os ipês, na estampa.
“Aprendi vendo minha mãe fazer
utensílios para a casa. Eu amo o que eu faço, e minha inspiração é retratar o
cotidiano , as coisas simples do campo”, destaca.
A exposição, que retrata o artesanato
do cerrado ao pantanal, é realizada no Centro Sebrae de Referência de
Artesanato Brasileiro (Crab). Ele fica em um prédio histórico da Praça
Tiradentes, no Rio de Janeiro. A mostra foi inaugurada na quinta-feira passada
e reúne, até outubro, peças de mais de 150 artesãos do Centro-Oeste.
Experiência sensorial: Para
dar mais vida ao cenário, o evento conta com exposição fotográfica com
projeções, filmes e sons transmitidos no local transportam às paisagens
deslumbrantes como cachoeiras, nascentes cristalinas do cerrado e os imensos
alagados do pantanal, além de demonstrar a marcante arquitetura do Distrito
Federal.
A festa de abertura contou com a apresentação do músico Gabriel Sater,
que faz o personagem Trindade na novela Pantanal. Em clima de roda de viola,
fez o público viajar ao universo pantaneiro com canções tradicionais. Jacarés e
onças não podiam faltar na exposição, mas, lá, são talhadas em madeira.
Também estiveram presentes autoridades e dirigentes do Sebrae, como a
diretora técnica Rose Rainha, e Valdir Oliveira, superintendente no DF.
“Nós fizemos um trabalho sobre a iconografia de Brasília em 2013, na
qual a gente incorporou não só a qualidade dos produtos do nosso artesanato,
mas, principalmente, as marcas do DF, para apresentar Brasília ao Brasil e ao
mundo”, contou Valdir.
Gerar renda: A exposição
gratuita, de curadoria de Renato Imbroisi, ocupa todas as galerias do térreo do
Crab. Tem como objetivo, gerar renda para os artesãos por meio da venda de
peças e divulgar o artesanato, tesouros naturais e comidas típicas dos estados
de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal.
Morador de Samambaia, o artesão Ivan Siqueira, 53, tem peças de sua
autoria na mostra. A especialidade é trabalhar com a madeira, criando
artigos decorativos como porta objetos, recipientes e fruteiras,
sempre reciclando móveis antigos. “Comecei com marcenaria em
1984 e em 2013 tirei a carteira de artesão”, conta.
Já Bianca Barbosa, 29, domina a
técnica de pintura em folhas de árvores, que tem efeito como de um bordado. Os
pássaros e os ipês estão entre seus desenhos preferidos.
“Comecei na pandemia, quando
conheci a técnica, que se chama pintura de agulha realista, feita em folhas
secas as quais eu coleto em parques e áreas de cerrado do Distrito Federal e de
Corumbá”, revela a moradora de Arniqueiras.
“A gente está conseguindo trazer
para esta exposição um material de muita qualidade. O artesanato é a arte feita
na mão. Seu maior valor é a criatividade”, finaliza Valdir Oliveira.
Abertas inscrições para
premiação: O Sebrae no DF lançou o 2º Prêmio Brasília de Artesanato.
As inscrições podem ser feitas até
o dia 26 de agosto. A premiação está prevista para ocorrer em 08 de
dezembro. O edital com todas as regras e informações pode ser acessado em: ( https://bit.ly/3AlP48r )
O prêmio se divide em quatro
categorias: Mestre Artesão, Artesão, Artesão contemporâneo e Artesão iniciante.
Além dos troféus, o primeiro lugar receberá o valor de R$ 10mil, o segundo, R$
6mil e o terceiro, R$ 4mil.
Samanta Sallum – Coluna Capital S/A – Correio Braziliense