Não creia em promessas, sobretudo, àquelas feitas
por esses pedintes. No dobrar da esquina eles já não irão lembrar de ti e podem
até hostilizá-lo como um estrangeiro. A Utopia, tão cara aos sonhos e aos
poetas, é um veneno na boca de políticos. Portanto deixem de lado as utopias
políticas e concentrem-se apenas em seus projetos. Seja tão criterioso com o
seu voto como é com seus sonhos mais caros. Não ponha fé alguma no mundo
idealizado pelos políticos. Também não desacredite em seus ideais. Tome ciência
que você, a sua família são o Estado que importa.
Impor vantagens de uma ideologia sobre a outra é
perda de tempo. Todas as ideologias servem sempre somente aos políticos e não a
você. Não discuta ou debata política com familiares e amigos. Entre amigos e familiares,
os assuntos são sempre sérios. Tenha em mente que você é um privilegiado por
não dever, nem pedir nada aos políticos.
Não se filie a partido algum. O seu partido é sua
família e seus amigos. Não creia na urgência em adotar esse ou qualquer outro
modelo de política ou partidário. Em momentos de urgência, os caminhos tomados
quase nunca são os melhores ou mais sensatos. Lembre-se de que você é mais
sensato do que os políticos que vê e escuta. Feche sempre os olhos quando um
político discursar, peneirando cada uma de suas palavras pela peneira da
sensatez. Depois disso, despeje no lixo grande parte do que foi dito. Use
apenas aquelas partes que serão devidamente analisadas. Políticos são como
feirantes a anunciar mercadorias. Procure, em primeiro lugar, percorrer toda a
feira, vendo e ouvindo tudo com atenção. Depois, verifique com atenção sua
carteira e pense apenas naquilo que precisa no momento. Descarte todo o resto.
Estude. Leia. Viaje pelo passado. Fique alerta contra os discursos de ódio e todo
aquele que o professa. Preste atenção em palavras inventadas com o intuito de
injetar veneno na cultura, na bondade, na solidariedade e na paz.
Se não existem programas exequíveis a serem
apresentados pelo político, desligue a televisão ou o rádio. Cuidado redobrado
com os marqueteiros políticos. Lindas fotos com cores equilibradas, nitidez
cirúrgica, sorrisos, não querem dizer absolutamente nada. São feitas de vento.
Todos os marketeiros vendem produtos que jamais comprariam para si mesmos.
Não leve fé naqueles parlapatões que anunciam
mundos fabulosos para o amanhã. O que interessa é o presente. Tenha para si a
máxima de que Deus ri de quem faz projetos. Do mesmo modo, acredite que Deus
joga dados e toda a realidade é dada pelo acaso. Você é e pode ser seu acaso.
Lembre-se sempre de que o eleito é você e sua família. O Estado é uma criação
política. Tome conhecimento de tudo à sua volta, retire para si o que possa
precisar e descarte todo o resto. Quando se dirigir à cabine de votação, vá
conhecendo cada um daqueles em quem irá votar. Você deve conhecê-los como a
palma de sua mão. Deve se lembrar de todos. Tenha presente a decisão sobre
aqueles políticos em que você jamais irá votar. Ponha em sua cabeça a decisão
de jamais perdoar políticos que cometeram crimes, sejam eles quais forem.
Tome atenção, relação política nada tem a ver com
afinidade pessoal. Não queira a companhia de políticos. Você tem coisa mais
importante a fazer. Assenhore-se de sua dignidade e cidadania e não discuta em
público temas políticos. Intimidade e sigilo das urnas é tudo o que você
precisa em outubro. Fique longe de palanques e de todos aqueles que andam,
nesse mundo sujo, de colarinho impecavelmente branco. Lembre-se de que muitos
desses políticos, que afirmam ter as mãos limpas, usam luvas de pelica.
“Conta quem viveu, escreve quem se atreve “
De maneira leve e divertida, na
linguagem que costuma usar em seus artigos na internet, a autora Samyra Crespo
nos brinda com 30 anos de história do ativismo ambiental. Depois de lançar com
sucesso o livro em São Paulo e no Rio de Janeiro, Samyra vem à Brasília no
próximo dia 18, na Livraria da Travessa, onde fará a leitura de uma de suas
‘crônicas’ – justamente sobre sua experiência aqui no Planalto. A partir das
18h30.
Samyra Crespo é ambientalista
histórica com uma experiência singular no ativismo que abraçou desde que fez a
primeira pesquisa de opinião no Brasil que se chamou “O que os
Brasileiros Pensam do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável ” em 1991, às
vésperas da Rio 92. A pesquisa seguiu por 30 anos com cinco edições. Ela
dirigiu ONG, fez carreira acadêmica, trabalhou no Ministério do Meio Ambiente
durante as gestões de Carlos Minc e Izabela Teixeira, parte deste período como
presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.