Entra governo e sai governo e a promessa de que o
instituto da reeleição será definitivamente enterrado vai ficando de lado,
mesmo já tendo demonstrado o quão esse modelo é danoso para nossa democracia,
principalmente pela utilização da máquina pública em favor daqueles candidatos
que estão no poder. Por outro lado, é preciso notar que não basta a renovação
de nomes no governo se as ideias e os projetos persistirem as mesmas. O tempo
muda e com eles as prioridades. O que era antes uma inovação, hoje pode ser um
estorvo e uma velhacaria.
Desse modo, ao iniciar-se os novos governos que
eles venham trazendo mudanças qualitativas, sobretudo na parcimônia e
racionalidade com que irão lidar com os recursos públicos. Por isso, antes da
implementação de projetos mirabolantes e dispendiosos as regras da boa
administração mandam escutar, diretamente daquela população-alvo, que
prioridades ou obras ela elege como correta para cada momento.
Nesse início de campanha muitos candidatos ao
Governo do Distrito Federal têm apresentado programas e projetos,
principalmente grandes obras de infraestrutura como novas pontes sobre o Lago
Paranoá e nova extensão da linha do metrô subterrâneo, sem que a população
dessas localidades seja, ao menos, consultada sobre essas prioridades e urgência.
Trata-se de um crasso erro de estratégia, de marketing , e que pode ,
facilmente resultar em gastos astronômicos e desnecessários, que, não raro,
transformam essas obras ou num esqueleto inacabado e dispendioso ou num chamado
elefante branco, pousado estranhamente na paisagem , como um símbolo da
gastança e o que é pior, da corrupção.
Grandes obras que em um passado recente eram
anunciadas como redentoras e de grande visão estratégica e administrativa, hoje
estão sem uso e sendo corroídas pelo tempo. Verdadeiros monstrengos a
homenagear governos perdulários, muitos, inclusive alvo de processo na Justiça.
Exemplos como o Estádio Mané Garrincha, com sua arquitetura paquidérmica e
inútil e o Buritinga, complexo de edifícios que serviriam para abrigar o GDF
estão aí, de pé, como estátuas gigantescas a celebrar ao mau uso ou o desvio de
dinheiro público.
Há ideias e projetos que por sua inventividade e
oportunidade nada ou pouco custam ao contribuinte e que muito podem ajudar a
melhorar a vida dos brasilienses. Outras iniciativas e projetos devem, por sua
urgência, serem continuados e até expandidos, como é o caso da revitalização
das avenidas W3 Sul e Norte. Esses dois importantíssimos eixos comerciais e que
por décadas foram esquecidos, merecem ser melhor repaginados do ponto de vista
arquitetônico e econômico, trazendo de volta o valor que essas avenidas
merecem.
Uma ideia, para dar início a essa revitalização
econômica e que nada custaria aos cofres da capital, seria deslocar o eixão do
lazer do ponto em que ele hoje está, no eixo rodoviário Norte e Sul para a W3,
fechando todo aquele corredor ao trânsito nos domingos, de uma ponta a outra,
para atrair a população de pedestres e ciclistas para essa área. Outra ideia,
que muito ajudaria a população seria o estabelecimento de uma espécie de
transporte público náutico ligando as margens do Lago Paranoá, permitindo o
deslocamento e lazer da população de uma localidade para outra.
Ideias poderiam ser testadas como projetos pilotos
para se saber o resultado dessas experiências e sua viabilidade. É preciso, no
entanto, que o governo que virá, volte a implementar o orçamento participativo
no qual a população diz em quais projetos devem ser investidos a dinâmica
administrativa e o dinheiro dos pagadores de impostos. Lembramos aqui a
importância para a vida cultural da cidade como a definitiva reforma dos
teatros, a retomada de projetos culturais pela cidade ao estilo do Concerto
Cabeças , Cinema Voador, Arte por Toda a Parte entre outros projetos, que tanto
bem fizeram a cidade e onde nomes da cultura local foram revelados. Já é um bom
começo.