Moradores do Distrito Federal e turistas de diversas regiões do país aproveitaram o 7 de Setembro ensolarado na Esplanada dos Ministérios. Após dois anos de programações contidas em virtude da pandemia de covid-19, milhares de pessoas se aglomeraram para conferir o desfile cívico-militar de celebração dos 200 anos da Independência do Brasil, ontem. Por volta das 7h, as arquibancadas montadas ao longo do Eixo Monumental começaram a encher. Milhares de pessoas também acompanharam as manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Festa nacional: O gramado da Esplanada
dos Ministérios também foi tomado por brasileiros de outras cidades. Visitantes
dos estados vieram à capital participar das comemorações do Bicentenário da
Independência. Até o início da tarde de terça-feira, as reservas efetivas em
mais de 40 hotéis pesquisados alcançavam 83% de ocupação, de acordo com a
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (Abih).
Vindo de Águas Lindas de Goiás (GO), o auxiliar de
serviços gerais Rodrigo Jesus Silva, 38, chegou à Esplanada dos Ministérios por
volta das 10h30 de ônibus, com a esposa, Eliene Souza dos Santos, 34, e com a
filha, Safira Vitória, de 1 ano e sete meses. Ele, que acompanhou o evento pela
sexta vez, levou a família para prestigiar o desfile pela primeira vez. “A
minha filha ficou animada o tempo todo, acenando para os militares e para os
cavalos”, afirma Rodrigo.
Estreante no evento, Eliene ficou surpresa com a
quantidade de pessoas presentes e as atrações. “Fiquei impressionada com os
caças da Esquadrilha da Fumaça passando pelo céu, e com a quantidade de
pessoas, porque eu não esperava tanta gente assim”, comenta a dona do lar.
Em clima familiar, o motorista de caminhão Gean
Ribeiro, 38, chegou de Planaltina para conferir, pelo terceiro ano, o desfile.
Dessa vez, ele trouxe a esposa Márcia Cristina Correia, 38, e a filha Lara
Beatriz, 5. “Vimos o presidente Bolsonaro marcando presença perto da
arquibancada, o que foi bem emocionante para nós”, comemora Gean.
As empresárias de Águas Claras Maria do Socorro, 64, e Clythia Oliveira, 34, que também são mãe e filha, levaram o cachorro Nikolai, de 1 ano e cinco meses, para as comemorações. “A gente sempre percebe muita gente com criança, bebê de colo e o desfile estava mais bonito neste ano, mais colorido”, opina Maria do Socorro.
Agricultores de Nova Mutum (MT) — a 1,3 mil km de
Brasília —, o casal Lucas Menoli, 45, e Simone Menoli, 41, veio com o filho
Pedro Menoli, 12, para ver de perto a celebração. Hospedados em um hotel no Setor
Hoteleiro Sul (SHS), a família chegou à Esplanada dos Ministérios por volta das
9h. “Ficamos no cercadinho perto da arquibancada e deu para ver tudo que estava
acontecendo no céu, com a festa da Esquadrilha da Fumaça”, relata Lucas.
Segundo ela, os militares da organização do desfile
liberaram as crianças para ficar entre as duas cercas de isolamento com a
pista, para ter contato próximo com as autoridades e veículos que passavam pelo
local. “Eu ia muito na base aérea de Anápolis (GO), onde tinham muitos carros
militares. Então, achei fantástica essa parte”, destaca.
Comerciantes: Moradores do Jardim do
Ingá, bairro de Luziânia (GO), Maria dos Milagres Reis dos Santos, 43, e o
marido, Taylor da Costa Neto, 39, chegaram às 6h para vender salgados, saladas
de frutas, refrigerantes e água, para complementar a renda. Os dois têm uma
lanchonete em Valparaíso (GO) e decidiram aproveitar a data especial para
aumentar os lucros do mês. “Nossa filha, Sofia Melo Reis, de 8 anos, tem
paralisia cerebral nível 2 e precisa de remédios caros para cuidar da saúde.
Então, é um complemento para a nossa família”, explica o pai da menina.
Há cinco meses no mercado de comércio, o casal esperava vender R$ 400 com os produtos colocados em uma mesa de madeira e isopor perto da Catedral de Brasília. “É uma data importante para a gente que trabalha nesse setor. Aproveitamos para vender esses alimentos e bebidas, que são bastante consumidas pelo público que vem acompanhar o desfile”, aguardava o vendedor.
Experiente na área, com 15 anos de comércio de rua,
o vendedor de churros Lucas Lima, 37, conta que acompanha as celebrações da
Independência do Brasil há quatro anos e confessa ter visto maior movimento
neste ano. Ele dormiu no local com autorização da Polícia Militar do DF. “O
isolamento social (causado pela covid-19) destruiu a nossa economia. Mas
eventos como esse ajudam a elevar o lucro da semana”, disse o morador da Granja
do Torto.
Dispersão: As forças de segurança não
informaram a estimativa de público do desfile. Até por volta das 17h, foram
registradas três ocorrências de furtos na 5ª Delegacia de Polícia (Área
Central): duas comunicando o furto de celulares e uma de carteira com documentos.
A revista do público na barreira da Polícia Militar
do DF, com média de 20 segundos por pessoa, evitou que várias hastes de madeira
e tubos de PVC entrassem na Esplanada dos Ministérios. Um caminhão do Serviço
de Limpeza Urbana (SLU), ao lado do bloqueio, recolheu desodorantes jogados no
chão por pessoas impedidas de entrar com o objeto.
Com essas apreensões, a corporação assegurou que o
desfile foi tranquilo, sem prisões nem apreensões de armas de fogo. Apesar
disso, estiletes, canivetes e 12 celulares foram apreendidos por policiais
militares. A PMDF suspeita que os aparelhos telefônicos tenham sido furtados
durante o evento.
Um homem informou às
forças de segurança ter tido o celular furtado e viaturas da PM pararam um
ônibus com suspeitos em frente ao Setor de Autarquias Sul (SAS). Dentro do
veículo, os policiais ligaram para o número e, quando o aparelho tocou, duas
mulheres, de 31 e 32 anos, jogaram uma bolsa embaixo do banco. Dentro do item,
estavam 12 celulares. Elas foram presas na 5ª DP (Área Central), onde foram
autuadas pelo crime de furto e seguiram para a carceragem da Polícia Civil do
DF.