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Eleitores do DF reforçam a importância do voto e da democracia

Eleitores reforçam a importância do voto. Mais de 2 milhões de moradores do Distrito Federal poderão ir às urnas nas eleições de 2022, segundo o TSE. O Correio foi às ruas ouvir brasilienses que contaram por que é importante exercer a cidadania

 

“É o direito sagrado constitucional e um dos direitos da cidadania. É por intermédio do voto que você terá saúde, educação e segurança melhores.” Esse é o pensamento de Luiz Cláudio Linhares, 63 anos, faltando cerca de duas semanas para que o eleitor escolha os próximos representantes para presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado distrital. O morador da Asa Norte é um dos 2.203.405 que têm domicílio eleitoral na capital do país e estão aptos a votar neste ano, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para Luiz, as eleições de 2022 serão diferentes das outras: mais virtual e intelectualizada. “Os jovens de 16 anos conhecem mais os seus direitos, sabem escolher entre os candidatos que estão no páreo e a opção deles é mais por questão pessoal”, aponta. “Então, penso que vai prevalecer o voto ideológico e não o fisiológico. Será mais difícil, para o candidato, qualquer tentativa de compra de votos”, considera Luiz Cláudio.

 

Indo para a sua 22ª eleição presidencial, ele afirma nunca ter votado em branco ou anulado o voto. “Certa vez, fiz a opção de escolher, involuntariamente, alguém que não queria, para que outro candidato não fosse eleito”, confessa. Luiz Cláudio pede aos cidadãos que vão às urnas e não deixem de votar. “A urna eletrônica é tão confiável quanto a vacina contra covid-19 que, até pouco tempo atrás, muitos não davam crédito”, compara. Com 63 anos, próximo de atingir a idade em que não é mais obrigado a votar, ele afirma que pretende seguir exercendo esse direito enquanto puder. “Mesmo após os 70 anos, continuarei votando, pois essa é a maior demonstração de cidadania que alguém pode ter.”

Um exemplo para Luiz Cláudio é o servidor público aposentado Getúlio Pedrosa, 78. Apesar de não ter mais a obrigação de sair de casa para votar, o morador do Sol Nascente afirma que continua optando por ir às urnas e que participou ativamente do movimento Diretas Já. “Com toda a humildade que tenho no coração, peço aos moradores de Brasília, principalmente os mais jovens, que votem. Participem desse momento de democracia, que é único”, pede. “Escolha quem você quiser, apenas não se deixem influenciar e nem vendam seu voto. Não aceite dinheiro de ninguém, pois o voto não tem preço. O voto é a sua lei”, completa Getúlio.

 

História: A cientista política Camila Santos ressalta o que é dito por Luiz Cláudio, lembrando que o voto deve ser levado a sério e não como obrigação. “Ele tem extrema importância, pois vai impactar diretamente nas nossas vidas pelos próximos anos”, observa. A especialista acrescenta que a história do voto é antiga no Brasil. “Como ato político, é algo que vem da época colonial, por volta de 1530, quando ocorreu a primeira eleição no país”, recorda. Porém, Camila comenta que nesse período, e durante muito tempo, o voto não era algo democrático e universal, havendo ainda muitas barreiras. “À época, o voto no país era censitário, isto é, apenas uma mínima parcela da sociedade tinha direito a participar das eleições. Sem falar que para ser eleitor, o homem — que era quem podia votar — tinha que ter uma renda mínima”, afirma.

 

A cientista política comenta que somente após a Proclamação da República, ocorreram algumas mudanças. “O chefe do Executivo passou a ser escolhido pela população, só que ainda era uma parcela restrita: mulheres e índios, por exemplo, não podiam votar”, ressalva. Camila conta que em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, grandes avanços na esfera do direito ao voto são perceptíveis. “Pela primeira vez, o Brasil passou a ter voto universal e secreto, sem critério de raça, renda, gênero e religião”, lembra. Para a especialista, o fato de o voto universal ser algo “muito novo no Brasil”, tendo menos de 40 anos, reflete na percepção da sociedade sobre a importância do direito. “É um conceito muito compreendido pela população. A sociedade está começando a perceber agora o impacto que o voto vai ter”, frisa.

Juventude animada: Uma das pessoas que já entende a relevância do voto é a estudante de design Luiza Vitória Alves, 19. A moradora de Taguatinga vai escolher um representante pela primeira vez e se mostra bastante ansiosa pelo momento. Ela afirma que, embora as opções de candidatos não sejam as melhores, é importante escolher. “Caso opte por votar em branco ou anular o voto, vai dar o direito de alguém fazer a escolha por você. Se temos esse direito, ele deve ser bem exercido”, atesta. “Como estudante, estou de olho naqueles (candidatos) que têm pautas mais voltadas para o lado educacional”, revela Luiza.

A gerente de loja Jerusa Lina de Souza, 27, segue a mesma linha de pensamento da estudante de design. “Sempre optei por escolher algum candidato. Acho importante votar, pois afeta o futuro da cidade e do país”, observa a moradora de Águas Claras, que revela seu procedimento de escolha. “Assisto propagandas eleitorais e, no caso daqueles que estão no poder, vejo se o que fizeram pelo Brasil e pelo DF me agradou, caso contrário, opto por outro.” Para quem for eleito governador da capital do país, Jerusa pensa que a área de maior atenção é a saúde. “Temos muitas pessoas esperando em filas de hospitais. Eu tenho plano de saúde, mas tive que levar funcionária a um hospital público e vi como a situação é ruim por lá”, lamenta.

 

10 razões para  ir às urnas: (1*)  É um direito fundamental: a Constituição Federal de 1988 traz a possibilidade do sufrágio universal e secreto como direito de todos os brasileiros; (2*) É um ato de cidadania: possibilidade de escolher o candidato que tenha, sob todos os aspectos, o melhor preparo para gerir o interesse público; (3*) Poder de decisão: chance de escolher aquele que melhor representa os seus interesses; (4*) Cada voto conta: o seu voto pode fazer a diferença; (5*) Renovação: com o voto, é possível alterar os políticos que estão no poder; (6*) Democracia: o melhor sistema de governo é o que permite que todos os cidadãos escolham seu representante, e isso ocorre na democracia; (7*) Representatividade de minorias: por meio do voto, é possível dar mais espaços para que minorias adentrem o espaço político; (8*) O voto afeta na nossa vida: a população influencia diretamente nas políticas públicas que são criadas através do voto; (9*) Não traz ônus: o ato de votar não traz nenhum prejuízo ao cidadão; (10*) Sem voto, sem opinião: aquele que opta por não participar das eleições, se exime do direito de criticar um político o qual não elegeu ou não ajudou a evitar que fosse eleito.

 

Fonte: Camila Santos, cientista política - Quem ganha com o voto em branco ou nulo? O voto em branco é aquele em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos. Já o voto nulo é aquele em que o eleitor manifesta sua vontade de anular o voto. Esses dois tipos de votos não são contados, por isso, mesmo se mais da metade dos votos forem nulos, não é possível cancelar uma eleição. O fato é que, desde 1997, os votos brancos são considerados inválidos e não favorecem nenhum candidato. Já os votos nulos apenas diminuem o total de votos válidos. Assim, os dois votos praticamente se equivalem em seus efeitos.

 

Na prática é como se o eleitor abrisse mão do direito de escolher, já que tanto os votos nulos e o brancos são desconsiderados na hora de calcular quem é o vencedor. Os votos são computados, mas não interferem na soma que elege quem obtiver mais votos válidos. Contudo, podem diminuir a quantidade de votos necessários que um candidato precisa para ser eleito e isso pode favorecer o candidato mais votado, principalmente em eleições de dois turnos. Porque com menos votos válidos, fica mais fácil alcançar os mais de 50% de votos necessários. (Fonte: Julia Cássia, cientista política)


Arthur de Souza – Arte: Valdo Virgo – Fotos: Minervino Junior/C.B- Correio Braziliense




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