“É o direito sagrado constitucional e um dos direitos da cidadania. É por intermédio do voto que você terá saúde, educação e segurança melhores.” Esse é o pensamento de Luiz Cláudio Linhares, 63 anos, faltando cerca de duas semanas para que o eleitor escolha os próximos representantes para presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado distrital. O morador da Asa Norte é um dos 2.203.405 que têm domicílio eleitoral na capital do país e estão aptos a votar neste ano, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Indo para a sua 22ª eleição presidencial, ele afirma nunca ter votado em branco ou anulado o voto. “Certa vez, fiz a opção de escolher, involuntariamente, alguém que não queria, para que outro candidato não fosse eleito”, confessa. Luiz Cláudio pede aos cidadãos que vão às urnas e não deixem de votar. “A urna eletrônica é tão confiável quanto a vacina contra covid-19 que, até pouco tempo atrás, muitos não davam crédito”, compara. Com 63 anos, próximo de atingir a idade em que não é mais obrigado a votar, ele afirma que pretende seguir exercendo esse direito enquanto puder. “Mesmo após os 70 anos, continuarei votando, pois essa é a maior demonstração de cidadania que alguém pode ter.”
História: A cientista política Camila Santos
ressalta o que é dito por Luiz Cláudio, lembrando que o voto deve ser levado a
sério e não como obrigação. “Ele tem extrema importância, pois vai impactar
diretamente nas nossas vidas pelos próximos anos”, observa. A especialista
acrescenta que a história do voto é antiga no Brasil. “Como ato político, é
algo que vem da época colonial, por volta de 1530, quando ocorreu a primeira
eleição no país”, recorda. Porém, Camila comenta que nesse período, e durante
muito tempo, o voto não era algo democrático e universal, havendo ainda muitas
barreiras. “À época, o voto no país era censitário, isto é, apenas uma mínima
parcela da sociedade tinha direito a participar das eleições. Sem falar que
para ser eleitor, o homem — que era quem podia votar — tinha que ter uma renda
mínima”, afirma.
A cientista política comenta que somente após a
Proclamação da República, ocorreram algumas mudanças. “O chefe do Executivo
passou a ser escolhido pela população, só que ainda era uma parcela restrita:
mulheres e índios, por exemplo, não podiam votar”, ressalva. Camila conta que
em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, grandes avanços na esfera
do direito ao voto são perceptíveis. “Pela primeira vez, o Brasil passou a ter
voto universal e secreto, sem critério de raça, renda, gênero e religião”,
lembra. Para a especialista, o fato de o voto universal ser algo “muito novo no
Brasil”, tendo menos de 40 anos, reflete na percepção da sociedade sobre a
importância do direito. “É um conceito muito compreendido pela população. A
sociedade está começando a perceber agora o impacto que o voto vai ter”, frisa.
Juventude animada: Uma das pessoas que já entende a relevância do voto é a estudante de design Luiza Vitória Alves, 19. A moradora de Taguatinga vai escolher um representante pela primeira vez e se mostra bastante ansiosa pelo momento. Ela afirma que, embora as opções de candidatos não sejam as melhores, é importante escolher. “Caso opte por votar em branco ou anular o voto, vai dar o direito de alguém fazer a escolha por você. Se temos esse direito, ele deve ser bem exercido”, atesta. “Como estudante, estou de olho naqueles (candidatos) que têm pautas mais voltadas para o lado educacional”, revela Luiza.
10 razões para ir às urnas: (1*) É um direito
fundamental: a Constituição Federal de 1988 traz a possibilidade do sufrágio
universal e secreto como direito de todos os brasileiros; (2*) É um ato de cidadania:
possibilidade de escolher o candidato que tenha, sob todos os aspectos, o
melhor preparo para gerir o interesse público; (3*) Poder de decisão: chance de
escolher aquele que melhor representa os seus interesses; (4*) Cada voto conta:
o seu voto pode fazer a diferença; (5*) Renovação: com o voto, é possível
alterar os políticos que estão no poder; (6*) Democracia: o melhor sistema de
governo é o que permite que todos os cidadãos escolham seu representante, e
isso ocorre na democracia; (7*) Representatividade de minorias: por meio do
voto, é possível dar mais espaços para que minorias adentrem o espaço político;
(8*) O voto afeta na nossa vida: a população influencia diretamente nas
políticas públicas que são criadas através do voto; (9*) Não traz ônus: o ato
de votar não traz nenhum prejuízo ao cidadão; (10*) Sem voto, sem opinião:
aquele que opta por não participar das eleições, se exime do direito de
criticar um político o qual não elegeu ou não ajudou a evitar que fosse eleito.
Fonte: Camila Santos, cientista política
- Quem ganha com o voto em branco ou nulo? O voto em
branco é aquele em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos
candidatos. Já o voto nulo é aquele em que o eleitor manifesta sua vontade de
anular o voto. Esses dois tipos de votos não são contados, por isso, mesmo se
mais da metade dos votos forem nulos, não é possível cancelar uma eleição. O
fato é que, desde 1997, os votos brancos são considerados inválidos e não
favorecem nenhum candidato. Já os votos nulos apenas diminuem o total de votos
válidos. Assim, os dois votos praticamente se equivalem em seus efeitos.
Na prática é como se o eleitor abrisse mão do direito de escolher, já que tanto os votos nulos e o brancos são desconsiderados na hora de calcular quem é o vencedor. Os votos são computados, mas não interferem na soma que elege quem obtiver mais votos válidos. Contudo, podem diminuir a quantidade de votos necessários que um candidato precisa para ser eleito e isso pode favorecer o candidato mais votado, principalmente em eleições de dois turnos. Porque com menos votos válidos, fica mais fácil alcançar os mais de 50% de votos necessários. (Fonte: Julia Cássia, cientista política)