Pioneiro de Brasília e proprietário do tradicional Restaurante
Roma, Simon Pitel morreu aos 85 anos, no Hospital Brasília, Lago Sul, no último
domingo (11/9). O empresário estava internado devido a um Acidente Vascular
Cerebral (AVC), mas não resistiu. Amigos e familiares se despediram de Pitel na
tarde desta segunda-feira (12/9), no Cemitério Campo da Esperança.
O legado de Simon Pitel foi reconhecido pelo Governo do Distrito Federal
em abril deste ano. O empresário foi uma das 122 personalidades da capital
federal homenageadas com a medalha Brasília 60 anos. A insígnia é
concedida pelo governo para reconhecer o mérito de agentes importantes para
história e cultura locais.
Há 62 anos, mesma idade de Brasília, o Restaurante Roma é um dos
endereços gastronômicos mais tradicionais da cidade. Localizado na W3 Sul,
o local é comandado pela família Pitel desde 1964, quatro anos após Simon
deixar a cidade natal, Bruxelas, na Bélgica, para morar na capital federal.
Trajetória: Em diversas ocasiões o Correio contou um pouco da
trajetória do belga Simon Pitel, que chegou a Brasília em 1958. À jornalista
Mariana Niederauer, na coluna Perfis de Sucesso do caderno
Trabalho&Formação Profissional, ele contou que fez de tudo um pouco para se
sustentar na capital, que à época ainda nem havia sido inaugurada. Trabalhou
como camelô durante dois meses e chegou a abrir a própria loja de roupas, no
Núcleo Bandeirante - ainda Cidade Livre.
Foi em março de 1964 que ele investiu no empreendimento que marcaria sua
vida: comprou, do italiano Luigi Brandi, o restaurante Roma. Por mais de 50
anos comandou a casa mais tradicional da W3. O restaurante foi inaugurado dias
antes da capital, em 15 de abril de 1960 e, por volta da década de 1970, ainda
era das poucas opções de gastronomia da cidade. Por isso, passou a receber
visitas de ministros, deputados e senadores. "O Roma nunca foi um
restaurante de classe alta, sempre foi três estrelas. Então, ou eu subia de
categoria ou eles desciam a escada. Eu fui obrigado a optar", contou Simon
na entrevista, em 2014.
O empresário decidiu manter as características originais do restaurante
e não se arrependeu. "Acho que fiz uma boa escolha, pois mantive a minha
freguesia, que é muito mais ampla. Hoje, estou sobrevivendo razoavelmente bem
em uma W3 deserta por conta dessa aposta e da tradição que eu criei",
orgulhava-se.
Para Simon, que nunca havia visitado um restaurante pela cozinha antes
de comprar o Roma, um dos principais aprendizados foi justamente saber ouvir e
observar o freguês. "É preciso saber se ele come com satisfação, se ele se
despede calorosamente. Isso tudo tem um significado. O cliente não tem que
agradecer, porque não faço mais do que a minha obrigação, mas se, mesmo assim,
ele agradece, é sinal de que fizemos algo certo", dizia.
O empresário chegou a ter três restaurantes à la carte na W3 e ainda
criou uma rede de fast-food com sete lojas, o King's Burguer.