Não importa o resultado das urnas hoje, o que deve prevalecer é a
democracia. O direito da população de eleger seus representantes é inalienável.
Como são todos os demais direitos previstos na nossa Constituição cidadã.
Votar, ter acesso a serviços públicos de qualidade, saber o que os
políticos fazem com dinheiro público, estar seguro, poder ir e vir sem medo, se
expressar livremente. Sobretudo, ter sua escolha respeitada. Nenhum político
tem a prerrogativa de cassar nossa certeza de que o voto é o instrumento mais
poderoso que existe para assegurar a liberdade de escolha do brasileiro.
Toda eleição, para mim, é de uma emoção ímpar. Aquele momento de
reafirmar o compromisso com nosso futuro e o do nosso país. É a chance de mudar
o que não queremos, reafirmar o que desejamos e projetar boas intenções para o
governo que se inicia.
É o dia que cada um deve ter aquela última conversa íntima com sua
consciência para fazer a melhor escolha e, nessa altura do campeonato, torcer
para que o resultado corresponda às expectativas que criamos.
Não dá para esconder o alívio de encerrar o capítulo de polarização,
ódio e fake news, a que assistimos na campanha e mesmo antes dela. Ainda que
saibamos que faltará muito para termos um país pacificado e conformado com a
escolha de um ou outro candidato. O importante é que teremos um presidente
eleito pela maioria da população e que temos instituições fortes o suficiente
para garantir isso em qualquer circunstância.
Somos um povo sofrido, enlutado, com fome. Estamos exaustos. A covid-19 deixou
sequelas que nunca esqueceremos, um luto coletivo, uma dor que levaremos
conosco para sempre. Merecemos uma trégua que seja. Confio que o resultado das
urnas nos dará esse armistício.
Não para descansar simplesmente, mas para respirar fundo, resgatar
esperanças e se preparar para cobrar do eleito não só o que foi prometido, mas
muito mais. O risco de retroceder em direitos conquistados sempre há de
existir, por isso devemos estar vigilantes e fiscalizar a atuação dos políticos
desde o primeiro dia. Não apenas do presidente, mas dos governadores e do
Congresso eleito.
Confio que seremos capazes não só de votar e de eleger, mas de cobrar
com a mesma intensidade e veemência com que nos dedicamos a defender nossa
escolha de hoje e a militar pelas causas que acreditamos. Desejo a todos que
votem em paz e com esperança no coração.