Há quase uma década, o Teatro
Nacional Cláudio Santoro está de portas fechadas. Desde 2014, o espaço cultural
se encontra interditado por uma recomendação do Corpo de Bombeiros e Ministério
Público, que detectaram problemas em normas de acessibilidade e de segurança.
O maestro Jorge Antunes, no entanto,
sabe exatamente quanto tempo se passou desde que o Teatro Nacional fechou as
portas. Marcando 3.245 dias hoje, o músico inaugura, amanhã, dois outdoors com
contagem progressiva na quadra 5 do Lago Norte, às 15h.
Para a apresentação de
Trenodia para um Teatro Fechado, Antunes promoveu um chamado público para os
interessados. Na parte coral da obra, 50 vozes cantarão versos inéditos de
célebres nomes da cidade, como Nicolas Behr, Cristovam Buarque, João Carlos
Taveira, Gerson Valle, Vicente Sá, Nara Fontes, Yonaré Barros, Noélia Ribeiro,
Vanderlei Costa e Xico Chaves.
Na última quinta-feira, a
Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) divulgou as empresas
vencedoras da licitação para as obras na Sala Martins Pena e, em entrevista ao
CB Poder no dia anterior, o secretário de Cultura e Economia Criativa,
Bartolomeu Rodrigues, garantiu que a reforma é a prioridade da pasta. “Até o
final de novembro, nós já teremos uma placa de ‘estamos em obra’ lá no Teatro
Nacional. Começaremos pela Sala Martins Pena”, disse. “É aquela coisa: quando
começarmos, não vamos parar. Vamos fazer a obra toda”.
Porém o maestro não se convence.
“Há oito anos se fala em começar a reforma pela Sala Martins Pena. Agora essa
nova licitação nos coloca a questão: quando chegará a reforma da Sala
Villa-Lobos? Daqui a quantos anos, quantas décadas?”.
Questionado pela reportagem como
visualizava o evento organizado por Jorge Antunes, o secretário de Cultura do
DF foi curto. “Acho que o protesto perdeu o objeto”, comentou. “Os outros
governos destruíram o Teatro. Este governo vai reabrir”.
Jorge discorda e aponta que o
problema não foram as razões que levaram a necessidade de se fechar o Teatro,
mas, sim, a demora e falta de ações efetivas para que seja reaberto. “O teatro
foi fechado por ordem dos bombeiros que viram falta de segurança e
acessibilidade para o público. Não devemos condenar o fechamento.”
Nicolas Behr se mantém
esperançoso com a nova licitação, mas acredita que as motivações para tamanho
atraso no retorno do Teatro à população sejam eleitoreiras. “Por que não foi
reformado ainda se há dinheiro? Essa iniciativa do Jorge é louvável, mas
deveriam ter mais manifestações,” comenta o poeta.
Jorge Antunes garante que do
lado da classe artística nada muda, o movimento não perde força. “Trenodia é
uma espécie de ode ou obra meio fúnebre, que apenas evidencia lamentos do
artista. Não há reivindicação, os outdoors simplesmente contam há quantos dias
o teatro está fechado.”
Serviço:
Concerto da obra Trenodia para um Teatro Fechado e inauguração de outdoors, de
Jorge Antunes, domingo, às 15h, na SHIN QI 5, conjunto 3, lote 23 – Lago Norte,
entrada franca