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Retrovisor embaçado

Retrovisor embaçado    

Vinte anos terão passado desde que o primeiro ex-operário subiu a rampa do Palácio do Planalto. Com Lula, chegaria também ao poder o primeiro governo de orientação esquerdista. Dessa experiência histórica, desejada por muitos que ainda creditavam esperanças de igualdade plenas nessa vertente política, ficou, ao lado de uma grande decepção, a constatação de que o país havia retornado ao fundo do poço, depois de ser brevemente resgatado pela engenharia econômica do Plano Real.


De lá para cá, o Brasil foi do céu ao inferno num átimo. O que restou, talvez, de mais proveitoso dessa experiência frustrada, foi o aprendizado de que honestidade e eficiência na gestão do Estado não são atributos exclusivos desse ou daquele matiz ideológico, mas advém unicamente da escolha livre e sensata de brasileiros conscientes da importância do voto.


Num balanço rápido, o que temos, além do encarceramento da cúpula que governou o país, e da mais profunda depressão econômica já vivida pelos brasileiros, são dúvidas e incertezas sobre os destinos do país. Das inúmeras consequências negativas dessa experiência que se quis “revolucionária” nos moldes dos anos 1960, ficaram os 14 milhões de brasileiros de todas as idades que vagam pelas cidades em busca de empregos, o desmantelamento das instituições, a descrença geral nas elites dirigentes e, talvez, a mais nefasta de todas as heranças, que é a desesperança dos jovens no futuro do país.

          

Experiências vindas de outras partes do globo em outras épocas ensinam que qualquer país que assiste à debandada de sua força jovem, sofre muito mais para recuperar sua pujança e encontrar os trilhos da história. Pesquisas da época apontavam que, se pudessem, 62% ou quase 20 milhões dos jovens brasileiros iriam embora do país em busca de novas oportunidades e qualidade de vida. O que havia, em números expressivos, era o retrato sem retoques de um processo de profunda desilusão que tomou conta das nossas novas gerações.


Essa situação se agravou ainda mais quando a mesma pesquisa do Datafolha demonstrava que a população adulta, que fincou raízes econômicas no país — nada menos do que 43% — expressava desejo de também deixar o Brasil. Para muitos nacionais, esse desejo não ficou apenas na intenção. O número de pedidos nos consulados e embaixadas de países, como Estados Unidos, Canadá, Portugal e outros, não paravam de crescer e somavam milhares de pessoas que, voluntariamente, almejavam ir embora, em busca de uma nova vida em um lugar mais tranquilo e promissor.


Essa vontade manifestada por milhões de brasileiros de deixar tudo para trás, virando estrangeiro, num país longínquo, é, sem dúvida, a mais patente e perniciosa consequência advinda da experiência vivida pelos nossos conterrâneos, a partir de 2003, e que ainda hoje rende seus frutos amargos e dissolutos.

A frase que foi pronunciada: “O óbvio dos óbvios. Uma democracia não pode ser instaurada por meios democráticos: para isso ela teria de existir antes de existir. Nem pode, quando moribunda, ser salva por meios democráticos: para isso, teria de continuar saudável enquanto vai morrendo. O assassino da democracia leva sempre vantagem sobre os defensores dela. Ele vai suprimindo os meios de ação democráticos e, quando alguém tenta salvar a democracia por outros meios — os únicos possíveis –, ele o acusa de antidemocrático. É assim que os mais pérfidos inimigos da democracia posam de supremos heróis da vida democrática.” (Olavo de Carvalho)

Repita!: Passeando pelo Instagram, percebe-se que o monitor ativa com algumas palavras-chaves o título: “O vencedor da eleição presidencial foi declarado. Veja os resultados oficiais no site do TSE”. (Fonte: Tribunal Superior Eleitoral)

Ciência & Emoção: (Vídeo~~~) Foi uma imagem impressionante. Neymar surpreendeu um garotinho internado no hospital, com câncer. Alguns anos depois, viu pelo vídeo o mesmo menino alegre, cabeludo, brincando e agradecendo a surpresa que o alegrou naqueles tempos difíceis. O jogador caiu no pranto.

                                                            
Só notícia boa:  (Vídeo~~~) Ouvindo a avó cantar nos eventos familiares, o neto resolveu mostrar o talento da idosa na rede social. Plantou e colheu um Grammy Latino para a nova cantora cubana de 95 anos de idade, dona Ângela Alvarez. 


Circe Cunha e Mamfil – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha - Charge: Newton Silva – Correio Braziliense




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